Mary Recomenda | Querida Kitty - Anne Frank

 



Hoje é sexta-feira e nada como sextar acompanhando o Mary Recomenda.
Na edição de hoje, nossa convidada especial é Anne Frank e sua Querida Kitty.
Bora pegar um cafezinho?

Por que eu não suporto o que todo mundo ouve?


Por que eu não suporto o que todo mundo ouve
(um desabafo em tom menor)

Eu não sou feita de barulho.
Nunca fui.
Enquanto o mundo gira ao som de batidas que mais parecem buzinas emocionais, eu sigo procurando silêncio, pausa e letra que me respeite.

Não é que eu não goste de música sobre amor, dor ou até desejo.
Eu gosto, sim.
Mas precisa ter alma. Precisa me dizer algo além do óbvio.

Sweetest Goodbye, do Maroon 5, fala de uma despedida que ainda mora no peito — e em nenhum momento precisa vulgarizar o que aconteceu entre eles.
O que fica é a lembrança, o toque doído, a vontade de voltar no tempo.
Isso me toca.

Assim como me tocam os sussurros da Sade, as palavras do John Mayer que escorrem feito carta não enviada, a esperança suave do Lighthouse Family, o jazz que não precisa se provar, o lofi de madrugada que me embala mais que qualquer abraço.

Eu escuto Milton, escuto Bebel, escuto Adriana Calcanhoto dizendo que o amor “vai indo, vai indo, vai indo…”
Escuto Ana Carolina cantar de dor e despedida sem precisar berrar.
Sem precisar abaixar o nível.

Porque elas são voz.
Elas são corpo presente.
São emoção crua sem ser grosseira.
Elas sabem que a dor pode ser dita com dignidade.

O que não me toca — ou melhor, me agride — é esse festival de sertanejo universitário que me segue por onde vou.
Na farmácia, no Uber, na sala de casa, parece que o mundo quer me espremer como se eu fosse uma espinha fora do padrão:
“Ama e cama.”
“Bebida e cama.”
“Cama e traição.”
“Volta pra minha cama.”
Cama, cama, cama — como se o único espaço possível para uma mulher numa canção fosse horizontal.

Mas eu quero músicas que me permitam ficar de pé.
Que não falem de mim como se eu fosse um objeto.
Quero uma letra que me olhe nos olhos, não nas curvas.
Quero uma melodia que embale meu luto, meu amor calado, minha saudade mansa.

Sempre fui criticada por ouvir Avril Lavigne.
Algum metido a crítico musical erudito de plantão sempre surgia pra tentar diminuir a “música pra mulherzinha”, como se sensibilidade fosse um defeito.
Faziam vista grossa ao sertanejo universitário que, muitas vezes, retrata a mulher como vagabunda, interesseira, vulgar — e ainda ousam me chamar de preconceituosa por não aplaudir isso.

“Ain, você está sendo preconceituosa com música brasileira.”
De forma alguma.
Tem muita música boa, inteligente e sensível fora do top 50 das plataformas.

Avril cresceu. Mudou de visual. Experimentou parcerias.
Como se fosse crime crescer, amadurecer, mudar de ideia.
Ela cantou em Unwanted o sentimento de rejeição — algo que quase todas nós já vivemos.
Em Slipped Away, o luto por uma perda irreparável.
Em Let Me Go, a despedida de um amor-fantasma e o peso do recomeço.
Ela nos disse como é estar com a cabeça acima da água enquanto a vida tenta nos afogar com mãos pesadas.
Nunca precisou rimar "ama" com "cama". Nunca precisou pesar meio grama pra chamar atenção.

E eu não vou deixar falarem mal dela.

Meu Chorão era poeta, sim.
O poeta dos cadernos cheios, do skate, da rua, do trem.
O cara que queria amar sua menina, sonhar com um mundo melhor.
Andava de limusine, mas sabia o que era andar espremido num vagão.
Não foi o bombeiro que sonhava ser, mas salvou tantas vidas — mesmo sem ter forças pra salvar a própria.

Rita Lee era uma força da natureza.
Disruptiva, vanguardista, eterna.
Viveu o suficiente pra nunca ser esquecida.
Sabia ser.
Escreveu sobre fazer amor com beleza, com metáfora, com arte — sem precisar de refrão nojento, sem apelar.

Hoje, a moda não é só o sertanejo que bate na nuca e a raba descendo pra BC.
A moda é ser produção em série.
É escolher não pensar.
É ter nojo de leitura, mas idolatrar quem grita rimas vazias.

Não é sobre ser contra um gênero musical.
É sobre recusar o rebaixamento do que é sensível, inteligente, humano.

O problema não é o tema.
É o tom.
E o tom que me atiram nos ouvidos, todos os dias, é o de quem não me vê como gente.

Por isso eu rejeito.
Por isso eu desligo.
Por isso, quando posso, coloco Milton, Ana, Adriana, Sade, John, Lighthouse, Bebel...
Ou qualquer faixa que o algoritmo não entende, mas meu coração reconhece.

Não é birra.
É preservação.

E se isso me torna a esquisita do ambiente,
que assim seja.
Antes isso do que viver cantando letras que não me pertencem.

E eu não vou me calar por gostar do que sinto.

2 de maio | Dia Nacional do Humor



O 2 de maio é o dia dedicado a uma das formas mais poderosas de conectar as pessoas e transformar o dia a dia: o humor. A data foi criada para celebrar o impacto que o riso tem nas nossas vidas e na nossa saúde mental, além de fazer uma homenagem a todos os artistas que, com sua habilidade de fazer o outro rir, ajudaram a espalhar a leveza pelo mundo.

2 de Maio | Dia Internacional Contra o Trabalho Infantil


Hoje, 2 de maio, é o Dia Internacional Contra o Trabalho Infantil, uma data de reflexão e ação sobre um dos problemas mais sérios e silenciosos que afetam milhões de crianças ao redor do mundo. O trabalho infantil é uma violação dos direitos humanos e, infelizmente, uma realidade ainda presente em diversos países, incluindo o Brasil.

Nina contra o mundo | O Jurandir do Apocalipse





Enquanto o mundo se despedia de mais um ano com desejos de paz, lentilhas e promessas, ele apareceu: o porta-voz do apocalipse cotidiano. Um homem que se acha o Messias das verdades absolutas, mas é só mais um macho barulhento cuspindo preconceito e achando que tem plateia. Nina estava lá. E ela lembra de tudo.

1⁰ de maio | Dia da Literatura Brasileira


Enquanto o mundo lembra dos direitos trabalhistas neste feriado de 1º de maio, o Brasil tem também outro motivo de celebração: o Dia da Literatura Brasileira, uma homenagem à arte que registra a alma do nosso povo — a escrita.

A data marca o nascimento de José de Alencar, em 1829, um dos principais nomes do Romantismo brasileiro e autor de obras que ajudaram a moldar a identidade cultural do país.

José de Alencar: o romancista da brasilidade

José de Alencar não escreveu apenas histórias de amor: ele criou mitos nacionais, valorizou o indígena como herói, retratou o sertão com realismo e deu protagonismo à mulher em uma sociedade ainda conservadora.

Suas obras mais conhecidas:

  • O Guarani (1857): Aventura indígena com ares épicos.
  • Lucíola (1862): Uma cortesã com alma sensível e crítica à hipocrisia social.
  • Iracema (1865): A "virgem dos lábios de mel" tornou-se símbolo da formação do povo brasileiro.

Literatura: mais que letras, é memória viva


A literatura brasileira é o espelho da nossa história:

É onde estão os sonhos das meninas que queriam estudar, os gritos sufocados dos que foram silenciados, a beleza da nossa terra, as dores das nossas injustiças, os amores que resistem ao tempo.

Ler um autor brasileiro é ouvir o eco das vozes que ajudaram a formar o Brasil, com toda sua complexidade e beleza.

Curiosidade: o Brasil escreve sua história em várias vozes


  • Cecília Meireles, que nos ensinou a poesia do tempo.
  • Carolina Maria de Jesus, que escreveu o Brasil real com o caderno do lixo.
  • Machado de Assis, que riu da elite com ironia e genialidade.
  • Lygia Fagundes Telles, que retratou a alma feminina como ninguém.
  • Conceição Evaristo, que faz da palavra uma arma de luta e amor.

Escrever é resistir. Ler é sonhar.

A literatura brasileira é uma ponte entre o que fomos, o que somos e o que ainda podemos ser. No Dia da Literatura Brasileira, celebre lendo, escrevendo, ouvindo histórias — e valorizando cada palavra que nos aproxima da nossa própria identidade.

1º de maio | Dia do Trabalho


O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, tem origens profundas e sangrentas. A data homenageia os mártires de Chicago, operários que em 1886 lideraram greves nos Estados Unidos exigindo melhores condições de trabalho e a jornada de 8 horas. Eles foram reprimidos com violência, presos e executados. A repercussão foi mundial e em 1889 a data foi reconhecida como símbolo da luta trabalhista internacional.

No Brasil, a data foi oficializada em 1925, mas só passou a ter força popular com o governo de Getúlio Vargas, que usou o 1º de maio para anunciar leis trabalhistas — e também como palco de propaganda política.

As muitas faces do trabalho

Hoje, o trabalho ainda carrega muitas contradições:
  • É meio de sustento e dignidade, mas também de exploração e adoecimento.
  • É espaço de realização, mas também de desigualdade.
  • É visto como obrigação, mas deveria ser também direito e prazer.
Em tempos de precarização, jornadas exaustivas, desemprego, trabalho infantil, informalidade e falta de reconhecimento, o Dia do Trabalhador é um lembrete de que ainda há muito o que conquistar.

Você sabia?

  • Mais da metade dos brasileiros está na informalidade ou no subemprego.
  • Trabalhadores negros e mulheres são os mais afetados pelas desigualdades salariais.
  • O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão e até hoje carrega sequelas disso no mundo do trabalho.
  • A cada 48 segundos, uma pessoa sofre acidente de trabalho no país (dados de 2023).

Editorial OCDM | O crime de envelhecer sendo mulher e boa escritora

  “A juventude é um aplauso fácil. A maturidade, um silêncio cheio de medo.” – fragmento retirado de um diário anônimo (ou quase) 📺 Editori...