Por Noviça
(A Inteligência Artificial precisará comer muito feijão com arroz para alcançar o mindinho do meu lindo pé direito. Aí, sim, a gente conversa!)
Por Noviça
(A Inteligência Artificial precisará comer muito feijão com arroz para alcançar o mindinho do meu lindo pé direito. Aí, sim, a gente conversa!)
🌙 Madrugada Animada: Óvnis – O Debate Inesperado 🌙
(OVNIs – Os Sinais Estão Por Toda Parte 🌙
(Trilha de abertura com som de rádio sintonizando, ruídos eletrônicos e o eco de “naves espaciais” estilo sci-fi clássico.)
Noviça: "Boa madrugada, meus queridos ouvintes estelares! Hoje é um dia especial. Estamos aqui para falar sobre aqueles que podem nos observar de longe... ou talvez de muito perto. Sim, estou falando dos OVNIs, dos extraterrestres, dos sinais de que não estamos sozinhos neste vasto universo!
E, antes de qualquer dúvida, deixo claro: aqui na Malacubaca, a verdade é uma só. Alienígenas existem, e eu sou testemunha ocular – ou quase isso."
(Som de risadas e o barulho de teclas de computador ao fundo, como se a Noviça estivesse "investigando" os sinais.)
Noviça: "Ah, meus amores, eu sei que muitos de vocês têm dúvidas. Mas eu tenho aqui, comigo, provas irrefutáveis – ou quase isso – de que extraterrestres já nos visitaram. Vamos começar com os sinais no céu: vocês já viram uma luz tão rápida que parecia impossível ser de um avião? Já ouviram sons estranhos que pareciam vir do espaço? Pois eu já!
E não só isso: durante a última noite de lua cheia, enquanto eu olhava para as estrelas, juro que vi algo piscando em código morse. Pode ser um ET tentando se comunicar comigo, ou pode ser... bem, um vaga-lume muito talentoso. Quem sabe? Próxima evidência!"Ao meu lado, para deixar esta noite ainda mais emocionante, está ele, o enigmático Otto Espectral. Diga olá aos nossos amigos, Otto!"
Otto Espectral: (Com voz grave.) "Boa madrugada, Noviça. Boa madrugada, ouvintes. Preparem-se para mergulhar nas sombras do desconhecido. Esta noite, tentaremos separar os fatos da ficção... ou talvez perceber que ambos não são tão diferentes assim.
Noviça: "Mas hoje não vamos ficar só nas palavras enigmáticas. A linha do rádio está aberta para que vocês, ouvintes corajosos, nos liguem e compartilhem seus mistérios. Otto e eu estamos prontos para ouvir qualquer coisa... ou quase isso. Vamos lá, quem será o primeiro?"
(Som do telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)
Ouvinte: "Alô, Noviça e Otto, é verdade que sinais extraterrestres já foram captados pela rádio AM?"
Otto Espectral: (Com tom dramático.) "Ah, caro ouvinte, dizem que as frequências do rádio são como pontes entre dimensões. Há relatos de sinais inexplicáveis, vozes em idiomas desconhecidos e até mesmo mensagens que parecem ser transmitidas de outros mundos. Mas cuidado: muitas vezes, o que você ouve não é o que você quer entender."
Noviça: "E eu digo mais, querido ouvinte: se um ET ligar pra cá, eu mesma peço que ele me leve junto. Mas só se tiver ar-condicionado na nave, porque essa rádio às vezes fica quente demais."
(Som de telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)
Noviça: "Alô, querido ouvinte da madrugada! Aqui é a Noviça, diretamente da órbita da Malacubaca. Qual é o seu relato sobre OVNIs?"
Ouvinte: "Alô, Noviça, Otto, eu juro que vi um OVNI no quintal da minha casa! Era uma luz azul brilhante e fazia um som estranho, tipo 'wuuuummmm'. E aí, de repente, sumiu! O que vocês acham que era?"
Otto Espectral: (Com tom reflexivo.) "Ah, caro ouvinte, a luz azul é frequentemente associada a relatos de naves interdimensionais. É possível que o que você viu fosse um vislumbre de outra realidade, cruzando brevemente com a nossa."
Noviça: Se você vir este Objeto Voador Não Identificado nas redondezas, comunique às autoridades, muito embora elas sejam reticentes quando o assunto é vida fora da Terra, mas, em nome de toda a equipe do Madrugada Animada, me coloco à disposição para investigar este mistério.
Outro ouvinte liga com uma história ainda mais absurda.)
Ouvinte: "Acho que fui abduzido! Acordei com marcas estranhas no braço e tive um sonho muito real onde estava em uma nave. Eles estavam me mostrando diagramas estranhos, algo como planos de arquitetura... de outro planeta!"
Noviça: E o que mais aconteceu?
Ouvinte: Tenho certeza de que há vida fora da Terra.
Otto Espectral: Amigo, primeiro: o que você anda tomando antes de dormir?
Noviça: Há muitos relatos de abduções que envolvem a apresentação de símbolos ou imagens desconhecidas. É como se essas entidades quisessem nos passar mensagens que ainda não estamos prontos para entender.
Ouvinte: Eu poderia revelar, se a senhora quiser...
Noviça: Estamos à disposição.
Bem no momento em que o ouvinte começa a falar, a ligação dele cai.
Otto Espectral: Próxima ligação, por favor!
(Som de telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)
Noviça: "Alô, querido ouvinte intergaláctico! Qual o seu relato sobre OVNIs e alienígenas?"
Ouvinte: "Oi, Noviça, eu vi uma luz muito forte no céu enquanto estava voltando do trabalho. Ela estava parada por uns segundos e depois sumiu tão rápido que parecia mágica! Você acha que era um OVNI?"
Noviça: "Querido, não só acho que era um OVNI, como estou quase certa de que essa luz estava observando você. Talvez os extraterrestres estejam interessados em trabalhadores noturnos! Será que eles querem montar um sindicato intergaláctico? Eu só espero que tenham plano de saúde lá na estrela deles."
(Som de risadas ao fundo.)
(Otto entra no programa com sua voz grave e misteriosa.)
Otto Espectral: "Boa madrugada, Noviça. Boa madrugada, ouvintes. Devo dizer, os relatos sobre OVNIs são fascinantes. Mas há quem acredite que muitas dessas luzes são, na verdade, experimentos secretos de governos ao redor do mundo. A pergunta que devemos fazer é: estamos sendo observados por seres extraterrestres... ou pelas próprias sombras do nosso planeta?"
Noviça: "Ah, Otto, seu ceticismo me irrita... mas eu amo isso. Eu estou dizendo que eles existem e que já estão entre nós. E digo mais: tenho certeza de que o zelador da rádio, o Seu Amâncio, é um infiltrado! Ele sempre fala com aquele tom sério e nunca se impressiona com minhas histórias. ET disfarçado? Talvez!"
Noviça: "Meus queridos, por hoje é isso. Lembrem-se: o universo é vasto e cheio de mistérios, e eu estou aqui, a sua guia da madrugada, para trazer cada detalhe intergaláctico até vocês. E se virem algo estranho no céu, não hesitem em ligar para a Malacubaca – porque aqui, nós acreditamos... ou quase isso. Boa noite, e cuidado com os sinais!"
(Trilha de encerramento com som de luzes piscando e um eco misterioso que vai desaparecendo aos poucos.)
🌙 Madrugada Animada: O Livro Amaldiçoado – Parte Final 🌙
(Trilha sonora intensa, com sons de trovões e páginas virando como se um vento estivesse varrendo o estúdio.)
Noviça: Boa madrugada, meus queridos e fiéis ouvintes da Malacubaca! Hoje, mais do que nunca, eu quero agradecer a vocês! Sim, vocês, que fizeram da última edição da Madrugada Animada o maior sucesso da história desta rádio.
(Som de telefone tocando, chiado de rádio e uma música intensa ao fundo.)
🌙 Madrugada Animada: O Livro Amaldiçoado 🌙
(Trilha sonora sombria, com o som de páginas sendo viradas e um leve chiado ao fundo.)
NOVIÇA: Boa madrugada, meus amores! Hoje trago para vocês uma história que vai fazer até os leitores mais ávidos pensarem duas vezes antes de entrar em uma livraria. Preparem-se para conhecer o destino macabro de uma jovem curiosa que não resistiu ao fascínio de um livro… amaldiçoado.
(A trilha ganha intensidade, com um som sutil de risadas distorcidas ao fundo.)
Voltamos a 1985, ao vivo, direto do estúdio da Malacubaca AM
(A trilha sonora começa com um toque misterioso, enquanto a voz da Noviça ecoa com entusiasmo.)
NOVIÇA: Boa madrugada, meus queridos ouvintes! Aqui é Carmen Angélica Esteves, a Noviça, pronta para mais uma noite de histórias e repercussões. Ontem, o conto das tâmaras deixou todo mundo de cabelo em pé — e as mensagens que recebi foram tantas que mal consegui dormir! Mas hoje, além de ler algumas dessas reações, trago uma nova história que promete ser ainda mais… fértil. Literalmente.
Antes de mais nada, vamos às cartas e ligações que chegaram. Um ouvinte me escreveu dizendo: 'Noviça, depois do conto das tâmaras, minha esposa começou a olhar para mim de um jeito estranho. Será que devo me preocupar?'
Ah, meu querido, se ela começar a mexer no pilão com muita concentração, talvez seja hora de reconsiderar suas escolhas alimentares! E falando em escolhas, vamos à história de hoje, que envolve um lavrador, cadáveres e... bem, um método nada convencional de fertilização.
(A trilha sonora muda para algo mais sombrio, com sons de pássaros noturnos e vento ao fundo.)
NOVIÇA: Nos confins de uma pequena vila, havia um lavrador conhecido apenas como 'Seu Zé da Terra'. Ele era famoso por suas plantações exuberantes, que pareciam crescer mais rápido e mais fortes do que qualquer outra na região. Mas o segredo de Seu Zé era tão macabro quanto eficaz. Dizem que ele tinha um acordo com o coveiro local, que lhe fornecia cadáveres frescos para serem enterrados em sua terra.
Seu Zé acreditava que os corpos eram o melhor fertilizante que a natureza poderia oferecer. E, de fato, suas plantações eram tão impressionantes que até os vizinhos começaram a desconfiar. Um dia, uma mulher da vila encontrou algo estranho enquanto colhia tomates: um dedo humano, ainda com a aliança de casamento.
A vila inteira ficou em choque, mas Seu Zé não parecia preocupado. Ele dizia: 'A terra devolve o que recebe. Se quiserem tomates-grandes, precisam aceitar o preço.'
E assim, a história de Seu Zé se espalhou, atraindo curiosos e investigadores. Mas ninguém jamais conseguiu provar nada — até que uma tempestade revelou um segredo enterrado em suas plantações. Querem saber o que aconteceu? Ah, meus queridos, isso eu conto… no próximo bloco!
(A trilha sonora termina com um trovão e o som de chuva ao fundo.)
(A trilha retorna com trovões e o som de enxadas cavando a terra.)
NOVIÇA: Quando deixamos a história, meus queridos, a tempestade havia revelado um segredo sombrio nas plantações de Seu Zé da Terra. E o que era esse segredo? Bom, dizem que os vizinhos viram a chuva lavar a terra e expor… crânios humanos! Isso mesmo, crânios. Aquela plantação farta de tomates suculentos era, na verdade, um cemitério disfarçado.
As autoridades foram chamadas, é claro. Mas quando chegaram ao local, Seu Zé estava sentado na varanda, calmamente tomando seu café como se nada tivesse acontecido. Ele olhou para os policiais, deu um sorriso amarelo e disse: 'Ah, mas essa terra sempre foi generosa comigo. Não sei do que vocês estão falando.'
Enquanto a vila inteira murmurava e apontava o dedo, Seu Zé não demonstrava nem um pingo de nervosismo. Até que o coveiro, que até então estava calado, resolveu abrir o bico. Aparentemente, ele e Seu Zé tinham um acordo: para cada “despacho” que o coveiro fizesse, ele recebia uma cesta de legumes como pagamento.
Mas a coisa não parou por aí, meus queridos ouvintes. Descobriram que algumas das plantas de Seu Zé haviam crescido anormalmente. Sim, anormal! Tomates do tamanho de melancias, abóboras que precisavam de três pessoas para serem carregadas e vagens que… bom, pareciam mais tentáculos de um filme de ficção científica. Os especialistas que examinaram o solo disseram que nunca viram nada parecido. Era como se a terra tivesse absorvido a essência dos corpos e a transformado em algo… sobrenatural.
E aí, claro, começaram os rumores. Alguns diziam que Seu Zé fazia rituais macabros durante a noite, dançando ao redor das plantações sob a luz da lua cheia. Outros juravam que os vegetais gigantes tinham vida própria e que, à meia-noite, era possível ouvir sussurros vindos da horta.
Mas o que realmente aconteceu com Seu Zé? Bom, isso depende de quem você pergunta. Alguns dizem que ele foi preso e sua plantação foi destruída. Outros acreditam que ele fugiu para um lugar ainda mais remoto, onde poderia continuar seus experimentos… ou, devo dizer, seu trabalho agrícola peculiar.
O que sabemos com certeza é que, desde então, ninguém mais daquela vila olha para um tomate da mesma forma.
(A trilha de suspense se dissolve em uma música dramática, enquanto Noviça volta ao microfone com sua energia contagiante.)
NOVIÇA: E aí, meus ouvintes destemidos, o que acharam dessa história? Fica a pergunta: até que ponto estamos dispostos a ir por uma boa colheita? Vou deixar vocês pensarem nisso enquanto toco mais uma música para encerrar a noite. Mas antes, quero agradecer a todos que mandaram mensagens sobre a história de ontem e já estão ansiosos pelas próximas madrugadas. É sempre um prazer transformar o silêncio da noite em momentos memoráveis com vocês! Boa noite, e lembrem-se: a terra tem segredos… e talvez seus tomates também.
(Música de encerramento: Você é luz, é raio, estrela e luar…)
Direto do Túnel do Tempo - 21 de Abril de 1984
Foi nesse dia estranho que a jovem repórter Carmen Angélica Esteves, recém-contratada da Malacubaca, entrou no ar pela primeira vez. Conhecida como Noviça — apelido que ainda era motivo de cochichos nos bastidores da redação —, ela foi escalada para cobrir o expediente do feriado de Tiradentes enquanto os colegas mais experientes descansavam nas praias do litoral sul.
O plantão, que prometia ser monótono, virou um turbilhão: três óbitos consecutivos no mesmo endereço, uma velha pensão do centro de Balneário dos Anjos , abalaram o noticiário e colocaram a cidade em estado de alerta.
Em sua cobertura dramática, a repórter não se contentou com os laudos iniciais e lançou hipóteses ao vivo sobre a existência de uma possível maldição na casa, ou mesmo de um assassino silencioso agindo na madrugada. Seus trechos narrados com voz embargada e olhos arregalados marcariam o estilo da jornalista dali em diante.
“Quem se beneficia com a morte da proprietária da pensão?” — perguntou, em tom conspiratório. “E o que une essas três vítimas? Seria um caso de vingança antiga, ou apenas o destino zombando de nós?”
A Noviça apontou o inquilino do quarto 8, o misterioso Seu Reinaldo, como possível elo entre as três vítimas. Ele havia discutido com Isaías dias antes, era ex-namorado de Mirtes e devia dinheiro a Dona Raimunda. Fugiu da cidade naquela manhã e nunca foi encontrado.
As autoridades arquivaram o inquérito como coincidência trágica, mas a cobertura de Carmen Angélica virou lenda interna na Malacubaca. Com três enterros cobertos em menos de 12 horas, ela ganhou fama de "repórter do além" e passou a cobrir casos cada vez mais macabros.
Anos depois, transformaria sua voz e sua verve mórbida no programa Madrugada Animada, onde contava contos da cripta, histórias de amor fadadas ao fracasso e especulações cósmicas envolvendo OVNIs e perfumes vencidos.
🌙 Madrugada Animada 🌙 Edição de 1985 — Conto das Tâmaras: O Lado Doce da Vingança
NOVIÇA: Boa madrugada, meus ouvintes corajosos! Se você está aqui comigo agora, já posso garantir que está prestes a embarcar em uma das histórias mais surreais que já contei neste programa. Então segurem suas canecas de café (ou aquele velho chá que vocês insistem em chamar de calmante) e fiquem bem atentos, porque hoje vamos falar sobre vingança, tâmaras e um casamento que não era exatamente o que parecia ser. A história de hoje é para os fortes. Aviso desde já: nada aqui é suave. Vamos lá?
A história começa em uma rua tranquila de um bairro sem graça, onde a Bonitona vivia. Mas não se deixe enganar pelo nome! Bonitona era muito mais do que um rostinho encantador — ela escondia um lado sombrio que os vizinhos jamais poderiam imaginar. Casada com o ‘brutamontes do quarteirão’, o Velho Chico, sua vida parecia saída de um manual de pesadelos: gritos ecoando pela casa, hematomas escondidos debaixo de vestidos de manga comprida e um marido com um bafo capaz de derrubar um boi. Mas como tudo nesta vida tem limite, Bonitona estava prestes a quebrar o ciclo de opressão da maneira mais… incomum possível.
Tudo começou com as tâmaras. Ah, as benditas tâmaras. Quem diria que frutas tão pequenas poderiam carregar segredos tão letais? Bonitona descobriu, em um daqueles programas de rádio de receitas (claro, não o meu), que as sementes da fruta, se preparadas da maneira “correta”, poderiam se transformar em pequenas bombas de cianureto. Não sabemos se essa informação era confiável, mas como a própria Bonitona dizia: 'não custa tentar.'
(Ao fundo, trilha sonora macabra com violinos tensos e um leve chiado, porque estamos nos anos 80, afinal.)
Noviça: “E foi assim que, certa tarde, depois de mais uma surra de cinto, Bonitona decidiu que seria a última. Ela arregaçou as mangas (literalmente) e passou a madrugada inteira triturando as sementes em um pequeno pilão emprestado de uma vizinha que achava que ela só estava tentando fazer um tempero novo. Mal sabia a vizinha que Bonitona estava cozinhando algo muito mais mortal do que um ensopado.
A vítima? Velho Chico, claro. E a arma escolhida? A sopa de fubá. Ah, essa sopa era a favorita dele, um verdadeiro ritual noturno. Enquanto ele assistia à novela com o bafo de pinga habitual, Bonitona mexia a panela com uma concentração de dar inveja a qualquer chef. No dia seguinte, o Velho Chico nem teve tempo de reclamar do tempero.
(Trilha sonora interrompida por uma risada maléfica da própria Noviça ao microfone)
NOVIÇA: Mas vocês acham que a história acaba aqui? Não, meus queridos ouvintes! A Bonitona não parou por aí. Ah, o gosto da liberdade, misturado com o sucesso do plano, era doce demais para que ela resistisse. Um amante ciumento, um vizinho fofoqueiro, até mesmo a mulher do mercado que insistia em dar fiado… ninguém estava a salvo. A Bonitona tornou-se, em poucos meses, uma figura temida. Seu sorriso doce escondia uma mente fria e calculista, e as tâmaras nunca estiveram tão populares no mercado local.
Certa noite, enquanto dançava em um bailão com um bonitão que acabara de conhecer, Bonitona pensou estar finalmente pronta para viver um novo capítulo. Mas o destino tinha outros planos. Uma garrafa quebrada, uma briga de bar digna de filme e, claro, outra sopa suspeita selaram o que muitos chamam de A Tragédia do Bailão das Tâmaras. Querem saber o resto? Ah, meus queridos, isso eu conto… no próximo bloco!”
(Música dramática de encerramento ao som de Wando — porque é anos 80, e Wando domina!)
(Após o intervalo, a trilha sonora volta ao ar, com um toque ainda mais tenso. O som de passos ao fundo e um trovão ecoam, porque drama nunca é demais.)
NOVIÇA: Pois muito bem, meus queridos ouvintes, se vocês acharam que tinham visto tudo, preparem-se, porque o desfecho dessa história é tão inacreditável quanto… bem, quanto qualquer coisa que eu já contei aqui!
Bonitona estava saboreando sua liberdade, certa de que todos os seus problemas haviam ficado para trás. O Velho Chico já tinha ido desta para melhor, e o bailão agora era seu novo lar: um lugar de olhares furtivos, danças apaixonadas e, claro, novos alvos. Contudo, como todo mundo sabe, o destino adora pregar peças naqueles que brincam com fogo.
Uma noite, enquanto Bonitona ria alto e dançava como se estivesse na Broadway (afinal, ela era a rainha do salão), um novo problema surgiu. Lembram-se das tâmaras? Pois bem… uma das sementes, por descuido, acabou caindo do bolso do vestido dela e foi parar nos olhos atentos de uma vizinha fuxiqueira. Essa mulher, conhecida apenas como 'Dona Esmeralda', era famosa por suas investigações de sofá, sempre atenta a cada movimento suspeito. Dizem que ela era um tipo de detetive amador, que vivia com um caderninho anotando fofocas e teorias mirabolantes.
Quando Dona Esmeralda juntou as peças — tâmaras, mortes misteriosas e o tempero especial da Bonitona —, ela soube que precisava agir. Armou um plano elaborado, envolvendo bilhetes anônimos, reuniões secretas com os vizinhos e até um teatrinho no mercado. Finalmente, uma noite, Bonitona foi confrontada no salão de baile, bem no meio da pista de dança, enquanto Wando cantava ao fundo: 'Você é luz… É raio, estrela e luar…'
Ao som da música, a confusão se instalou. Gritos, acusações e... bem, outra garrafa quebrada, porque um bom conto trash precisa de muitos vidros estilhaçados. Bonitona tentou se defender, mas Dona Esmeralda trouxe um cacho de tâmaras como evidência. Não se sabe exatamente como a cena se desenrolou, mas dizem que a frase final de Bonitona foi algo como: ‘Se vou cair, que seja dançando!’
E assim, meus queridos, Bonitona foi levada pelas autoridades locais direto da pista de dança. O salão nunca mais foi o mesmo, e dizem que Dona Esmeralda escreveu um livro chamado As Tâmaras da Justiça. Moral da história? Bom, nunca subestimem as vizinhas investigativas ou o poder de um cacho de tâmaras. Essa foi a maior lição desta madrugada.
(A trilha termina com aplausos fictícios e risadas dos faxineiros no fundo do estúdio.)
NOVIÇA: Agora, meus queridos ouvintes, vamos encerrar essa madrugada com chave de ouro. Segurem suas xícaras de café, fiquem longe das tâmaras e lembrem-se: na vida, sempre há espaço para uma boa história — desde que vocês nunca mexam com uma Bonitona vingativa. Boa noite, e até a próxima madrugada!
Edu Meirelles estava aproveitando ao máximo seu último dia em Buenos Aires. Suas malas, cuidadosamente arrumadas, repousavam próximas à porta da suíte presidencial, prontas para a viagem de volta ao Brasil. Mas o jornalista fanfarrão tinha planos de despedir-se em grande estilo. Com seu roupão azul-marinho atoalhado e chinelos de pano, ele preparava-se para o evento do ano — um pagode improvisado.
Chamando seus amigos argentinos e algumas hermanas que conheceu ao longo da estadia, Edu transformou a suíte em um verdadeiro sambódromo. Taças de champanhe tilintavam enquanto os convidados — vestidos casualmente e com um toque de descontração — ocupavam cada canto do amplo espaço. Empanadas, queijos, charcutarias e até um churrasco portátil traziam o sabor da festa, enquanto o pagode tocava ao fundo, contagiando todos com sua alegria.
Edu liderava o samba com sua energia inconfundível, enquanto tentava ensinar os amigos argentinos passos básicos, com direito a risadas e tombos.
— Qué tú haces en Brazil? — quis saber uma modelo de cabelos castanhos presos em um coque, vestindo um maiô sensual magenta que contrastava com sua pele bronzeada.
💘💘💘
Luciana Andrade já havia desembarcado em Buenos Aires, determinada a confrontar Edu. Vestida em um impressionante conjunto vermelho justo, que exibia suas curvas com elegância feroz, ela seguiu diretamente para o hotel onde ele estava hospedado. Luciana não era o tipo de mulher que recuava, e o espetáculo que ela estava prestes a causar prometia ser memorável.
💘💘💘
Enquanto o pagode na suíte presidencial rolava solto, com vozes alegres e risadas ecoando pelos corredores, um som repentino interrompeu a melodia: tum-tum-tum, pausa, tum-tum-tum-tum-tum. Era uma batida ritmada, firme e insistente, tão forte que parecia atravessar a porta. Alguns convidados congelaram no lugar, enquanto Edu levantou a cabeça, os olhos semicerrados de apreensão.
— Sujou. Deve ser o gerente! — disparou ele, gesticulando para os amigos se esconderem.
Edu Meirelles não esperava por ninguém, no entanto, caminhou calmamente até a porta e solicitou para os convidados se esconderem no banheiro até a segunda ordem.
Noviça pretendia ser a primeira a acordar, porém, Luciana, que entrou de penetra na reunião das amigas sem namorados, resolveu de veneta pernoitar sem nem ter sido convidada e ainda se comportar como se fosse hóspede em um hotel de luxo, exigindo café na cama e outras regalias mais.
Ao amanhecer, em casa tronco havia um desenho. O primeiro se aproximava muito da letra J, o segundo tinha a inicial E, já a terceira ficou um pouco indefinida. Noviça, ao reconhecer a letra E, comemorou alto demais.
— Eu sabia, eu sabia!
Luciana, apavorada, jogou-se no gramado.
Lilly deu uma olhada para o interior da sala e viu os cacos do abajur.
Noviça, encabulada, acenou discretamente.
Luciana respirou fundo algumas vezes. Um escândalo àquelas alturas arranhava seriamente a reputação da novela. Havia deixado de pagar os últimos trabalhos encomendados e, para evitar maiores contratempos, modificou totalmente a postura. Noviça não era a pessoa mais indicada para se ter atritos.
Jaqueline surrupiou discretamente um cartão da mãe, observando atentamente para garantir que ninguém a visse. Ao chegar ao colégio, encaminhou-se rapidamente até a classe de Mike, sentindo o coração bater mais rápido. Com cuidado, deixou o cartão em cima da carteira dele e retirou-se antes de ser vista por alguém.
Mais tarde, Bruno, o melhor amigo de Mike, entrou na sala sozinho, pois o outro garoto havia faltado. Curioso, o jovem notou o cartão em cima da carteira e deu uma olhadela. Não estava assinado. Ele supôs que a admiradora secreta ou era muito tímida para se identificar ou era alguma espécie de travessura.
Tão logo o sinal para o intervalo tocou, Jaqueline e Letícia desciam as escadarias do bloco onde estudavam quando encontraram Bruno as aguardando com as mãos para trás e um olhar suspeito.
Bruno ficou de frente para Letícia, que corou e sorriu timidamente.
Sei de pouco, mas o que sei me basta: com você meu coração se sente em paz.— Excerto de “Não sei”, escrito em agosto de 2013.
Após dias em silêncio, sem notícias de Edu ou Luís Carlos, Christiane dos Anjos encarava o Dia dos Namorados como mais um lembrete de sua incerteza sobre o amor. Mesmo carregando essa inquietude no coração, a meteorologista seguia a rotina como se buscasse conforto na familiaridade dos dias. Recolhia-se cedo e despertava antes de o sol nascer.
Naquele período em que tudo à sua volta era silêncio, fazia a higiene matinal e cuidava do café-da-manhã antes mesmo de ler os jornais. Costumava sentar-se em uma cadeirinha de vime que ficava na área de serviço e beber uma xícara fumegante de chá.
Duas buzinadas em frente à casa significavam que o jornaleiro acabara de passar. Ainda vestindo um robe de pelúcia xadrez e calçando chinelos de tiras laterais, caminhou pelo jardim até chegar ao portão, encontrando não somente os principais jornais, como uma caixa de papelão misteriosa também.
Por Noviça (A Inteligência Artificial precisará comer muito feijão com arroz para alcançar o mindinho do meu lindo pé direito. Aí, sim, a ...