📚 Os Cadernos de Marisol
🤟🏼 Ser surdo não é estar em silêncio. É viver em outra língua — e numa sociedade que nem sempre está disposta a ouvir.
📜 Por que 26 de setembro?
A data marca a fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), em 1857, no Rio de Janeiro — um marco na luta pela educação e inclusão das pessoas surdas no Brasil.
Mas por mais que tenhamos avançado, ainda vivemos num país onde muita gente acha que inclusão é favor. E não é. É direito.
A surdez não é deficiência de inteligência.
É uma diferença linguística e sensorial.
E a Libras não é mímica. É língua. Completa, viva, legítima.
🧏🏽♀️ O surdo que usa Libras não é alguém a ser “curado”. É alguém a ser compreendido.
Mas para isso, a sociedade precisa fazer a sua parte:
-
As escolas precisam de professores fluentes em Libras e material adaptado.
-
Os noticiários, canais de TV e plataformas digitais precisam garantir acessibilidade real (e não só janela decorativa).
-
Os espaços públicos precisam ter informação visual clara e profissionais capacitados.
🎙️ Incluir não é só aceitar. É mudar o sistema para que todos possam estar nele de verdade.
💬 E onde começa a exclusão?
Muitas vezes, começa na infância.
Na escola que não tem intérprete.
No professor que desiste da criança surda.
No amiguinho que não aprende a se comunicar e se afasta.
No olhar de pena. Na tentativa forçada de oralização.
No “ah, não entendi, deixa pra lá.”
😔 O problema não é a surdez.
É o mundo que se recusa a ouvir com o coração.
📚 Sobre a Libras:
-
Em 2002, a Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como língua oficial da comunidade surda no Brasil (Lei 10.436/02).
-
Ela tem estrutura própria, com gramática, regionalismos e expressividade — como qualquer outro idioma.
-
É uma forma de resistência e de identidade cultural.
✎ Qual é correto dizer: surdo ou deficiente auditivo?
A pergunta é fundamental, pois os termos utilizados podem fazer uma grande diferença na forma como a comunidade surda é vista e respeitada.
-
“Surdo” é o termo preferido pela própria comunidade, pois não carrega a ideia de “falta”. Ser surdo é ser parte de uma identidade cultural e linguística com uma língua própria (Libras), uma história coletiva e uma forma única de perceber o mundo.
-
“Deficiente auditivo” pode ser visto como um termo médico, utilizado em contextos legais ou educacionais, mas é considerado capacitista por muitos, por sugerir que a surdez é algo a ser “curado” ou “corrigido”, quando, na verdade, é apenas uma diferença sensorial.
🔑 A chave está no respeito: a comunidade surda se reconhece como tal e deseja ser chamada assim.
Portanto, sempre prefira o termo “surdo” e, quando for falar de uma pessoa ou comunidade, lembre-se: a surdez não é uma deficiência, é uma maneira legítima e rica de existir no mundo.
📌 Se você conhece alguém surdo, aprenda ao menos um gesto. Um “oi”, um “obrigado”, um “estou aqui”. Pode ser a ponte que faltava pra transformar a presença em afeto verdadeiro.
📌 Com respeito e escuta — mesmo quando não é com os ouvidos — dos Cadernos de Marisol.