Boa noite, amigos e amigas! Aguentem as pontas porque ainda faltam alguns meses para Confissões de Laly voltar. Hoje vou apresentar uma crônica, como as que fazem justiça ao título. Para todos os efeitos, Abel Santiago é um personagem de suma importância. Jornalista de grande envergadura, ao ser censurado na televisão, faz um protesto bem-humorado contra o “jornalismo chapa-branca” da emissora. Ele pode até ter sido demitido, mas a admiração do público cresceu.
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CONFISSÕES DE LALY 10 ANOS | O REENCONTRO (a releitura do texto que inspirou a publicação da web novela)
Olá, queridos amigos e amigas! Tudo bem com vocês? Espero que sim. *-*
Dez anos atrás, numa terça-feira ventosa, esta que os escreve abriu o bloco de notas e, inspirada pela proximidade do Dia dos Namorados, decidiu escrever uma nota aleatória da Laly, e desta simples tentativa vieram outras e as ideias encontraram um fluxo harmonioso para se manifestarem. Com isso, pensei, seria legal dar uma chance para uma novela que destoava totalmente de DDP. E foi a melhor decisão que tomei. Espero que gostem dessa releitura porque a escrevi com o coração, tendo de base a versão original. Apertem os cintos e entrem no clima. (= #ConfissõesDeLaly10Anos #EscritoraVirtualSim #ComOrgulho
O primeiro amor da leoa ♥ (CONFISSÕES DE LALY 10 ANOS)
Ingressei na primeira série com oito anos completos, tudo porque Eleonora estava pouco se lixando para a minha educação e papai, obcecado pela ideia de que Ingrid o traiu, via a mim como um retrato daquela que repudiava com todas as forças. Se pudessem, eles me jogariam num galinheiro e me dariam restos de comida, ao menos lhes restava um indício de humanidade, muito mais sustentada pelo temor divino do que por empatia.
Se eu era um estorvo tão grande assim na vida do casal, por que não me deixar na casa do Tio Abílio? Meus padrinhos me amavam muito e repetia meu tio que onde comiam quatro, comiam seis.
Eleonora era merendeira da escola, portanto, ganhei uma bolsa de estudos e tanto minhas notas quanto minha conduta deveriam ser impecáveis. No que tange aos estudos, sempre fui aplicada, curiosa, dedicada e aprendia facilmente, nunca fiquei para trás, mesmo tendo muito menos que os meus colegas.
Pelo fato de saberem de minha origem, as outras meninas me discriminavam. A única que falava comigo sem desprezo nem preconceitos era a tímida Naira Sanches.
Naira gostou de mim desde o primeiro dia de aula e não demorou muito para eu passar muitas tardes da minha vida no salão de beleza da D. Emília, brincando com a pequena Mayra, auxiliando a cabeleireira, lavando os cabelos das clientes, atendendo o telefone e até ficando para jantar.
Mauro e Emília me estimavam muito, especialmente pelo fato de eu ser a única amiga de Naira. Antes de encasquetar na cabeça a ideia de ser freira, minha amiga de cabelos curtos e olhos verdes desejava ser enfermeira, sempre teve vontade de dar alguma contribuição para a humanidade e não dava a menor importância para os modismos mundanos, era indiferente ao fervor das garotas com a chegada da puberdade e do florescer das primeiras paqueras. Já Mayra queria seguir os passos da mãe, se casar, ter filhinhos e uma casa linda com quintal.
As irmãs Sanches e eu éramos inseparáveis. Assistimos tantas novelas juntas, brincamos de pirata, princesa, pique-esconde, cabeleireira, íamos à praia, à igreja e tristes eram os dias em que não podíamos nos encontrar e eu tinha de suportar Eleonora e suas calúnias, a profunda indiferença de Edílson e orar para Deus me fortalecer, para ser grande logo e dar o fora dali.
Na 4ª série, quando eu estava com 11 anos, houve um surto de piolho na nossa turma e, claro, os danados me fizeram coçar muito a cabeça. Eleonora levou-me a um barbeiro carrancudo e determinou que este tosasse o meu cabelo. Os fios que chegavam até o quadril foram reduzidos a chumaços no chão. Traumático demais para uma menina da minha idade.
Pior era ir para o colégio com aquele cabelo que parecia um ninho de corvos, todo desajeitado, olhar para o espelho e não me reconhecer, porque minha madrasta sentia prazer com o meu sofrimento, sempre que tinha a oportunidade de me alfinetar, arremedar, diminuir, desmerecer, caluniar, difamar, duas vezes não pensava, afiava a língua peçonhenta e executava o trabalho com maestria.
Sorte que Naira e Mayra me ajudaram com palpites sobre como passar por aquela fase complicada de patinho feio. Tiaras coloridas, brincos, pulseiras, gargantilhas, até comentavam sobre estrelas que usavam o cabelo curto e eram lindas, charmosas, sedutoras, contavam sobre as mulheres que frequentavam o salão da D. Emília e pediam o corte Joãozinho.
Até hoje, passados tantos anos, nunca consegui superar o trauma... no máximo topo um Chanel, um longbob, quiçá (e com ressalvas) aquela franjinha na testa... se você vir uma Lalinha por aí de cabelo Joãozinho, pode saber de uma coisa: não sou eu.
Um ano após o surto de piolho, meu cabelo havia crescido, ainda não caía em cascata pela cintura, mas já cobria a nuca e me deixava parecida com a Branca de Neve. Naquele verão quem veio passar uns tempos comigo foi a Dani, pois o Túlio estava com catapora. Eleonora e Edílson dissimularam bem durante o tempo em que minha prima ficou hospedada em nossa casa e a paz, ainda que falsa, reinou por algumas semanas. Foi nessa época que eu me apaixonei pela primeira vez na vida.
Eu já conhecia o Gustavo Figueira Antares, quem não?
Gustavo Figueira Antares era o primogênito do prefeito Jordano Antares. Estudava Agronomia na capital e vinha passar as férias na nossa cidade. A família sempre aparecia nos jornais por ser uma das mais tradicionais e abastadas.
Eu ainda era moleca, subia em árvore; quando me machucava, tentava esconder dos meus pais para não apanhar, nem pensava em namorar, beijar na boca, muito menos me apaixonar e ficar suspirando pelos cantos que nem uma boba, mas... aconteceu.
Daniela insistiu para eu levá-la à sorveteria, prometeu que pagaria a minha parte, então eu não tive muita resistência, queria tanto experimentar uma banana-split e fazia muito calor.
A fila estava grande, de dar voltas. Dani e eu conversávamos, era final de tarde e não tínhamos tanta pressa para voltar para casa. Quando nossos pedidos ficaram prontos, fomos até o balcão buscar nossas bandejinhas com os sorvetes, as colheres e os guardanapos. Distraída, esbarrei num cara, pior, derrubei a bandeja e sujei todo o piso de sorvete. Queria enfiar a cara num buraco, todo mundo estava me olhando.
Quando vi em quem havia esbarrado, se pudesse, sairia correndo para nunca mais entrar lá, porém ele me sorriu e não pareceu ter levado agravo do pequeno acidente.
— Me desculpa... — implorei com um fio de voz.
— Fica tranquila, isso acontece! — Gustavo disse.
— Sujei a sua calça...
— Tá tudo bem!
— Não tá tudo bem, eu sou muito estabanada... olha só o estrago que eu fiz?
— Peça outra banana-split e coloque na minha conta.
— Imagina, que é isso? Eu não tenho como te pagar!
— Eu não pedi que você me pagasse...
Daniela, sentada na mesa que reservamos, ria da situação. Tantas vezes depois nós duas rememoraríamos detalhes desse dia.
— Quero te pagar, tudo bem?
— Tudo bem... — concordei.
— Você se chama...?
— Laly?
— Lalí.
— Láli com y.
— Nome diferente. — Gustavo assentiu.
— Mas todo mundo me chama de Lalinha. Estou enganada ou você é o Gustavo Figueira Antares?
— Eu mesmo.
Trocamos um aperto de mão.
Foi nesse instante que reparei melhor no rosto dele, no conjunto da obra, para ser bem sincera. Até então, ele era um rapaz como qualquer outro, mas deixou de ser. Eu era apenas a órfã de pai vivo, a garota que morava numa pocilga, a bolsista do colégio religioso, o patinho feio da turma, a única que nunca tinha nada de bom para contar, que não tinha lá uma vida tão interessante, alguém por quem ninguém dava nada. Até aquele instante.
— Ele é muito bonito! — comentou Daniela quando, refeita do ocorrido, voltei para a mesa com a banana-split oferecida por Gustavo.
— Sabe que eu nem reparei?
— Ah, não acredito, Lalinha! Você vive em que planeta?
— Esse tipo de menino nem repara em meninas como eu.
— Olhar não tira pedaço, Lalinha.
Continuei apreciando o sorvete derretendo na boca, ocupada demais para confabular sobre garotos.
— Não me diga que você nunca beijou de língua? — Daniela insistiu.
— Ui, Deus me livre e guarde!
— Nunca? Nem um beijinho na boca?
— Nunca.
— Estou vendo seu futuro namorado.
— Para de falar besteira, Daniela. O Gustavo nem repara que existo, sem contar que deve ter namorada, uma namorada bem bonita da idade dele, nem repara em fedelha e eu também não penso em garotos, muito menos gosto dele.
— Você parecia bem à vontade falando com você.
— Nem vem...
— Ele não é de se desperdiçar.
— E você vá brincar de boneca, está muito nova para pensar em namorar...
Sou seis meses mais velha que Daniela, logo, se havia acabado de completar 12, minha prima ainda tinha 11.
Naquele dia, depois que minha prima dormiu, fechei os olhos e recordei a sensação daquele aperto de mãos entre mim e Gustavo. Os meninos não eram gentis comigo e até hoje, por mais que eu tenha desabrochado e me transformado numa linda mulher, os fantasmas da fase do cabelo Joãozinho me perseguem. Os insultos eram bem pesados e eu não chorava, pelo menos não na frente deles, acabei com a cara de muitos fora da escola, dentro eu precisava manter a postura porque aquela era minha única oportunidade de ser alguém, fora eu não tinha medo de pegar moleque de emboscada e encher a cara de socos.
Eu já havia esbarrado com Gustavo outras vezes. Ele se sentava na primeira fileira do lado direito da igreja todos os domingos, tinha uma caminhonete azul e apesar de ser menor de idade já sabia dirigir direitinho e passeava todo final de tarde com os irmãos e mais alguns amigos, ouvindo som alto, os ventos bagunçando os cabelos negros. Eu reparava nele, todas as garotas reparavam nele... e ele, na condição de um garoto bonito, bom partido e ainda por cima filho do prefeito, poderia escolher qualquer garota e jovens mais bonitas, inteligentes, com sobrenomes tradicionais e vidas mais interessantes tinham a dar com o pé. Ser realista me pouparia de levar um tombo por dar um passo maior do que a perna.
Dar-me conta de que eu não queria sofrer por ele era a resposta para a indagação de Daniela: eu tinha uma quedinha por Gustavo Figueira Antares.
Sim, respeitável público.
Eu estava apaixonada.
Aquele aperto no peito, aquela vontade de chorar, aquela mania de perder o fio da meada durante a conversa e me meter em encrenca por estar distraída eram sintomas visíveis do que se passava dentro de mim. Nem no meu diário, meu maior confidente, eu conseguia falar sobre o que se passava, era um tabu destrancar o peito e ser sincera, porque nem mesmo encontrava palavras capazes de concatenar todos os porquês que se somavam e me engoliam, me afastavam da infância.
Eu era apenas mais uma, ora bolas!
Se você perguntasse quem era mais famoso entre as meninas, Gustavo Figueira Antares ganharia disparadamente. Muitas garotas adorariam esbarrar nele, trocar um aperto de mãos, de fato tive uma oportunidade tramada pelo destino, o que seria um desatino foi, na verdade, um grato presente para eu refletir sobre mim mesma, sobre tudo que eu vinha fingindo não sentir, crendo que doeria bem menos enterrar aquilo com que não conseguia lidar ou não havia encontrado subterfúgios dignos.
Foi o momento de perguntar à Daniela:
— Dani, você já gostou de alguém?
— Claro, ué!
Dani já se adiantou:
— Você gosta do Gustavo Figueira Antares, não gosta?
— Não sei...
— VOCÊ GOSTA DELE, LALINHA!
— Ele tem namorada.
— Perguntei à Naira e ela me disse que o Gustavo não tem namorada nenhuma.
— Dani...
— Se dependesse de você...
— Você jura pra mim que só comentou isso?
— A Naira não é boba.
— Você contou à Naira que gosto do Gustavo?
— Eu não, ela já sabe...
— Dou tanto assim na vista?
— Fica fria, prima. Não é o fim do mundo gostar de um menino.
Minha prima me abraçou.
— Estou gostando de um menino que nem sabe que eu existo.
— Laly, o Gustavo não tem namorada, não é visto com ninguém e tem mais: como ele vai notar que você é linda se você se esconde?
— Olha quem eu sou e olha quem ele é.
— Ele me parece um cara simpático e legal, Lalinha. Se ele não fosse, eu seria a primeira a falar. Ele é bonito, educado, simpático e não é tão verdade que ele não olha para você. Olhar, ele olha. Sabe, quem tem que olhar um pouco para você é você mesma. A beleza ajuda e você tem, você é muito bonita, mas ser só bonita não ajuda. Se uma guria é bonita, mas é grossa, chata e antipática, os meninos ignoram mesmo... às vezes tem guria que nem é bonita, mas tem um monte de menino babando porque é simpática, educada, faz as pessoas rirem, se valoriza. Não estou dizendo que você não é simpática nem educada, você diz que não, mas é muito tímida. Se você vive se escondendo no casco, deixa muita coisa para trás, prima. Se você não lutar um tiquinho assim pelo Gustavo, depois não adianta chorar se ele aparecer com uma namorada. Lute, pelo menos se não der certo, você tentou, deu o seu melhor, é o que importa no fim das contas.
— Meus pais nunca vão me deixar namorar!
— Claro que vão!
— Eu sou uma menina comum, simples, não sou rica, não tenho nada de valor... o que vou ter para oferecer a um garoto como ele?
— Beijos, abraços, amizade, carinho, sorrisos. O seu amor não basta?
— Não quero me iludir com o que não posso ter.
— Não deixe o medo te impedir de viver. Daqui a muitos anos você rirá do que sente agora, se arrepender não do que fez, mas sim do que não fez, vai por mim.
— Já que você insiste...
Em outra direção
O
medo de voar prendeu-me a este lugar.
Eu
não pertenço mais a este mundo cão.
Minha
paciência para baboseiras sem propósito
Há
tanto se foi que nem fiz questão de procurar.
Tudo
perdeu o sentido porque estou em outra direção.
Algemas
invisíveis sufocam minha criatividade.
Julgada
por rostos embaçados na multidão.
Atitudes
calculadas, princesa de mentirinha.
Meus
sonhos são grandes, não cabem num sapato.
Aqui
já não é mais o meu lugar, preciso voar.
Não
tenho asas nem passaporte, só o céu é meu limite.
Nada
mais tenho a perder, senão o temor.
Não
uso coroa no alto da cabeça,
Tampouco
faço questão de levantar bandeiras.
Quero
ter o direito de mudar de ideia.
Regras
retrógradas não vão delimitar a inspiração.
O
tempo que perdi nunca me pertenceu.
O
presente caminha comigo até amanhã.
Se
eu me perder do que restou, sobra a solidão.
Se
eu abrir mão dos meus sonhos, nem a dignidade.
Não
há um canto concreto a chamar de meu.
O
mundo é perigoso, a tentação do ingênuo.
Sou
céu, mar e ilusão com um punhado de loucura,
Mas
ninguém vai se passar por mim.
Enterro
mágoas e decepções neste acostamento.
Não
me despeço daqueles que me estimam,
Estou
à procura de mim neste mundo cão.
Aonde
quer que possa estar o que sobrou da fé.
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