Boa noite, amigos e amigas! Aguentem as pontas porque ainda faltam alguns meses para Confissões de Laly voltar. Hoje vou apresentar uma crônica, como as que fazem justiça ao título. Para todos os efeitos, Abel Santiago é um personagem de suma importância. Jornalista de grande envergadura, ao ser censurado na televisão, faz um protesto bem-humorado contra o “jornalismo chapa-branca” da emissora. Ele pode até ter sido demitido, mas a admiração do público cresceu.
O motivo da demissão não ficou bem justificado, apesar da boa intenção. Aparentemente, fez-se entender que o formato estava ultrapassado e a reestruturação era um bem necessário ao progresso. As palavras foram regadas com um cuidado ímpar, para honrarem o poder a que foram designadas, o de convencer.
O motivo da demissão não ficou bem justificado, apesar da boa intenção. Aparentemente, fez-se entender que o formato estava ultrapassado e a reestruturação era um bem necessário ao progresso. As palavras foram regadas com um cuidado ímpar, para honrarem o poder a que foram designadas, o de convencer.
Tudo, no entanto, depende de uma centena de fatores que precisam estar bem ajustados para darem o tom necessário. Nada é meramente casual. A pulga atrás da orelha, apesar de ser uma expressão digna de discussões acaloradas, chamou a atenção mais do que a própria informação.
Eis que a manchete pode ter exagerado a dimensão do fato ou então subestimado a gravidade do mesmo. Não se sabe. A primeira leitura incita uma repetição. Terminou assim, sem uma explicação digna, pois as expressões enigmáticas explicitaram uma análise mais aprofundada, a qual não sobra muito tempo para ser feita com justiça e rigor, sem pesar o favoritismo.
Não faltaram iluminação nem equipamentos de ponta para reformular o requentado. Quanta expectativa para nada!
Porque, venhamos e convenhamos, nada mudou. Não foi nada do outro mundo. Não escancarou as mazelas interiores. Não cutucou as feridas. Falou-se, mas nada de relevante foi dito. A ênfase está no contrário. Naquilo que, sem qualquer pronúncia, está no ar.
A verdade de fachada tem um novo porta-voz, apenas isso, apenas mais um rostinho bonitinho já condicionado a assentir como um obediente cachorrinho. Nada de excepcional, que mereça um acréscimo de linhas para exaltar uma liberdade inexistente.
O silêncio, considerado um senhor nobre de altíssima estirpe, fez carranca. Não gostou de ser comparado à sabedoria porque, apesar de aceitar essa linha de raciocínio, está consciente de que esse caso é uma exceção.
Exceções geralmente culminam em especulações. Torna-se bastante trabalhoso sufocá-las, não é nada inteligente se apropriar da tirania em troca de ordem.
Desordem. Desacato. Dissabor. Desgosto.
Pequenas e insalubres dúvidas transbordam a imparcialidade. Até a própria neutralidade gera controvérsias.
Mastigo todas as palavras que acabei de ler e interpreto os fatos consoante o que tenho em mãos, acessando também os meus arquivos pessoais. Estou longe de ter a razão, mas mais perto de seguir adiante, com todas as minhas indagações no bolso, no calabouço secreto do profissionalismo.
Uma fera se comporta como uma fera. Na maioria das vezes sou espectadora, gosto dessa possibilidade de analisar a mesma realidade sob tantos ângulos diferentes, considero que seja uma experiência muito mais rica do que tentar encaixar a verdade em palavras contadas, milimetricamente circuladas, trocadas por outras mais convenientes para a revisão final.
Não conheço essa liberdade vendida com sorrisos e gracejos, ela é o retoque final do obsoleto maquiado de revolução.
O alinhamento de quando em quando promove manutenção nas estruturas para assegurar que todas as ovelhinhas não vão sucumbir à tentação de falar mais alto do que as regras.
É decepcionante se formos analisar a ilusão com sentimentalismo, mas a competitividade coloca de lado toda e qualquer necessidade de ser profundo. Simples e direto, o tempo custa dinheiro, ter um nome custa tempo. A conotação de casa é um eufemismo para cativeiro. Todos são reféns de ordens superiores.
Todos temem serem os próximos da lista. Do abate. Do afastamento justificado pelo mesmo motivo de dez anos atrás. Da incompatibilidade de não ser sugado pela vaidade.
Tudo pronto para reprogramar a pompa, não tem mistério.
Hoje, ele está ali querendo nos fazer pensar que as coisas são muito melhores do que no passado, embora traga na escalada uma tragédia atrás da outra e a comida desça com gosto de revolta. Quando tenta falar por conta própria, leva bronca. Amanhã a casa cai e mais uma vez a rotatividade vai ser justificada por um comum acordo que, entre outras maneiras, significa coação.
Mas é mais sabido que tudo continue do jeito que está, pois o padrão de ser está ajustado na repetição sem fim dos mesmos trejeitos, apenas revezando os meninos de recado de alguém que, embora esteja no poder, nunca se fartará de desmandar.
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