Mary Recomenda | De frente para o amor - Emely Luiza Curcio

 


Um clichê romântico homoafetivo foi uma proposta interessante e não deixou a desejar nesse sentido porque tivemos muitas cenas fofas e quentes do nosso OTP. Às vezes, no entanto, as ações ficavam mais lentas e dava certo cansaço de ler, mas segui firme no propósito.

A história como um todo é inspiradora porque não gira em torno da lesbofobia, da violência, da discriminação, nem apresenta personagens adolescentes ou no máximo ainda entrando na faculdade, mas concede espaço para mulheres acima de 30 anos, que já sofrem olhares atravessados da sociedade, que parece ter uma predileção maior por pessoas muito jovens, fato que piora se você é solteira e membro da comunidade LGBTQIA+.

Elizabeth é aquela típica pessoa que não seguiu a vidinha clichê de ter tudo antes dos 30 e às vezes não é muito levada a sério pela família, mas mostra que, quando se compromete a fazer algo, ninguém faz melhor do que ela. É sobre isso também, sobre respeitar o seu próprio tempo.

Não tem como falar dessa história sem mencionar o relação da Liz com o seu doguinho porque ele é, sem dúvida alguma, o personagem favorito (creio eu) de todos os leitores. 

Os pais da Lizzie são pessoas boas e trabalhadoras e se preocupam com o futuro da filha, algo normal, porém só o fato de eles aceitarem a filha do jeito que é, a amarem ainda mais e acolherem bem a Rita dentro da família, diz muito. Isso é família de verdade: pode até brigar, pensar diferente, mas nunca deixa de se amar.

No oposto, Rita é uma jornalista bem-sucedida, âncora do telejornal mais visto na cidade, com uma carreira consolidada e um currículo de peso. Mulher imparável, de difícil acesso e até um pouco arrogante para a maioria, o que muda depois de um acidente que a deixa dependente de outra pessoa por um bom tempo. Sem pai e com uma relação tensa com a gananciosa mãe, a prodigiosa jornalista tem muitas feridas e o amor as cura.

Aos poucos conhecemos os sofrimentos da Rita, o lado chorão e inseguro dela e também vemos a relação se fortalecer ao longo dos anos. A questão da maternidade também foi muito pertinente, sobretudo porque a adoção é a ponte que aproxima mães cheias de amor de crianças que ainda não sabem o que é ser amadas.

Não recomendo a obra para quem não curte LGBT e adora usar versículo bíblico para oprimir os outros.

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