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Mary Recomenda | O Ditador Honesto - Mateus Peleteiro

 

Li O Ditador Honesto entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022, mas consciente de que a obra havia sido escrita alguns anos antes. Ainda assim, permanece atual — talvez mais do que gostaríamos.

Mary Recomenda | O Último Choro das Begônias - Theos

 

“Por que ela se sente derrotada?”

“Pois ela soltou a corda.”
“E quem disse que soltar a corda é realmente uma derrota?”
“As regras do jogo.”
“Pois eu discordo. Vencer o jogo significa machucar as mãos? Significa lutar contra uma causa fadada ao fracasso? Às vezes, numa luta, o lado vencedor não é aquele que tem mais força e consegue puxar a corda mais forte. O lado vencedor pode ser aquele que percebe a ausência de um motivo na luta… e simplesmente solta a corda.”

Mary Recomenda | As Virgens Suicidas - Jeffrey Eugenides


O Mary Recomenda de hoje traz a resenha de um dos romances contemporâneos mais marcantes e melancólicos que já li: As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides. Publicado originalmente em 1993, o livro ganhou adaptação para o cinema em 1999 pelas mãos da estreante (e hoje cultuada) diretora Sofia Coppola.
Falar sobre essa obra é um desafio, não só pelo tema delicado, mas também porque ela deixa uma impressão difícil de descrever, algo entre o desconforto e o fascínio. Ainda assim, vou tentar — porque esse livro merece ser sentido.

Mary Recomenda | Memórias de um sargento de milícias — Manuel Antonio de Almeida


O Mary Recomenda de hoje faz uma longa e extensa viagem no tempo para comentar uma daquelas obras que precisávamos ler na escola para fazer alguma prova ou mesmo um vestibular. Ora, pois, não estás a saber que livro hei eu de falar? Nesse livro os personagens falam desse jeito…

Publicado em folhetins entre 1852 e 1853, Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é uma obra difícil de enquadrar. Embora pertença ao período romântico da literatura brasileira, rompe com muitas características do movimento, inaugurando algo novo: um romance de costumes com humor, crítica e personagens nada idealizados.

Mary Recomenda | Leituras de agosto

Sexta-feira é dia de acompanhar as dicas do Mary Recomenda e nada como uma boa retrospectiva das leituras de agosto para te ajudar a escolher o próximo livro do seu coração.

Mary Recomenda | A Rosa da Meia Noite - Lucinda Riley


A última sexta-feira do mês chegou e com ela o Mary Recomenda também.

A indicação de hoje talvez não reflita exatamente quem sou hoje, mas decidi resgatar a leitura de uma obra que desejei por tanto tempo e não quis ler online, sabia ser uma história para guardar com alma.

Esta resenha especial, escrita com o mesmo carinho com que li este livro, presta um tributo a uma grande autora que infelizmente perdeu a luta contra o câncer, mas nos presenteou com um legado inesquecível… Lucinda Riley. 

O mundo perdeu uma autora rara, que conseguia dosar romantismo, história e criar personagens especiais, alguns adoráveis, outros nem tanto… e sempre que a saudade bater, os livros estarão à nossa espera, então, sim, Lucinda vive.

Mary Recomenda | Mary Ventura e o Nono Reino — Sylvia Plath



O trem, o destino e a recusa: por que Mary Ventura e o Nono Reino me lembrou de mim mesma
📌 Por Mary Luz | Os Cadernos de Marisol


📚 Ficha técnica

Título: Mary Ventura e o Nono Reino
Autora: Sylvia Plath
Ano de escrita: 1952 (publicado postumamente em 2019)
Editora (em português): Biblioteca Azul / Globo Livros
Páginas: 64
Gênero: Conto literário, simbolismo, crítica social

🚂 Sinopse (sem spoilers)

Escrito por Sylvia Plath aos 20 anos e rejeitado na época, Mary Ventura e o Nono Reino é um conto breve e carregado de simbolismo. A jovem Mary embarca sozinha em um trem para um destino que não compreende — mas que todos ao redor aceitam com naturalidade.

À medida que a viagem avança, o clima vai se tornando mais sombrio, as pistas mais desconfortáveis, e a protagonista mais inquieta.

Não é um conto com reviravoltas — é um conto com pressentimentos.
E isso é muito mais poderoso.


🪞 Por que me tocou tanto?

Porque Mary Ventura não é só uma menina em um trem: ela é cada mulher que percebe, no meio do caminho, que o mundo quer empurrá-la para um destino pré-moldado.

Ela representa quem sente o desconforto da obediência, quem desconfia da suavidade das normas, quem percebe que a rota da maioria pode não ser a sua — mesmo que pareça segura.

Eu li esse conto e me vi.

Na ansiedade muda da personagem.
Na cortesia sufocante das pessoas ao redor.
No instante em que ela sabe que algo está errado, mas não consegue nomear o que.

✍️ Uma escrita delicadamente sombria

Sylvia Plath escreveu esse conto quando ainda era muito jovem, mas sua voz já era afiada. A linguagem é simples, mas cada detalhe carrega tensão.

Não espere explicações — espere sensações.
É o tipo de conto que deixa um ruído no ar, como se você também tivesse descido do trem e ainda estivesse sentindo o chão balançar.

💬 Trecho marcante (sem spoiler direto):

“Você vai se acostumar. Todos se acostumam.”

(Mas Mary não queria se acostumar.)

🌌 Por que você deveria ler

Porque é uma história curta, mas que fica com você.
Porque fala sobre escolhas, pressões e silêncios femininos.
Porque mostra que é possível dizer “não” — mesmo quando tudo ao redor diz “sim”.


Mary Recomenda | Só Garotos - Patti Smith

 

Hoje é dia de mais uma edição do quadro “Mary Recomenda”, aquele cantinho do blog onde compartilho uma leitura que me pegou pela mão — ou pelo estômago. E não precisa ser perfeita, nem fechada, nem “melhor livro da vida”. Basta ter me tocado de algum jeito.
O escolhido da vez é Só Garotos, de Patti Smith.

Mary Recomenda | O analista de Bagé - Luís Fernando Veríssimo


Mary Recomenda – O Analista de Bagé
Porque rir da vida também é um ato de inteligência

Se você acha que toda literatura precisa ser séria, refinada e “correta” em cada vírgula... talvez esteja perdendo uma das maiores delícias da sátira brasileira.

Hoje eu venho recomendar um livro que o Skoob vive julgando com a régua torta do puritanismo literário: O Analista de Bagé, do genial Luis Fernando Verissimo. E sim, eu já aviso de cara: ele é politicamente incorreto. O personagem é grosso, direto, espalhafatoso — um gaúcho típico do estereótipo, que mistura mate, Freud e uns bons coices verbais.

Mas antes de torcer o nariz, entenda: isso é justamente o ponto.


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Uma sátira bem dada, com chimarrão e tapa na cara

O Analista de Bagé é uma criação cômica que zomba, e não exalta, o machismo, a ignorância e o jeitão “sou macho, não preciso de terapia”. Ele é o tipo que encara os traumas de infância com frases como “teu problema é falta de surra” e acredita que uma conversa de cinco minutos resolve qualquer neurose — com uma dose de sinceridade bruta e, às vezes, um palavrão bem encaixado.

Verissimo fez desse personagem uma crítica bem-humorada à forma como parte da sociedade encara a psicanálise, a masculinidade e os afetos. O personagem existe para nos fazer rir do absurdo — e refletir depois, se for o caso.


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Por que tem gente que odeia?

Nos tempos de hoje, onde tudo vira pauta de cancelamento sem contexto, O Analista de Bagé virou alvo fácil. Muita gente lê esperando um manual de boas práticas. Mas esse livro não é um manual — é um espelho rachado, uma lente de aumento no exagero que habita o senso comum.

A função da sátira é justamente incomodar quem não quer pensar. E incomodar com bom humor é uma arte. Luis Fernando Verissimo faz isso como poucos.


Por que eu recomendo?

Porque rir com inteligência é necessário.
Porque rir de si mesmo é libertador.
Porque o texto é afiado, divertido e absurdamente atual, mesmo sendo datado.
Porque o personagem é tão caricato que quase parece real (e às vezes... é).
Porque se você ler com o filtro certo — o do bom senso — vai entender que essa caricatura é um convite à crítica, não uma apologia ao que está sendo retratado.



Mary Recomenda: O Analista de Bagé, para quem não tem medo de rir com o cérebro ligado.

Mary Recomenda | Fogo Morto - José Lins do Rêgo

 

Hoje é sexta-feira e você já sabe que no OCDM tem literatura no happy hour, tem Mary Recomenda, sempre com uma sugestão de leitura para o fim de semana ou, neste caso, para o mês.

O livro de hoje dispensa longas apresentações, a típica “leitura de vestibular”, que pode afugentar muitos leitores num primeiro momento. Essa obra-prima do escritor paraibano José Lins do Rego merece um espaço especial aqui no blog porque já esteve na lista das obras indicadas para resolver as questões de literatura do vestibular da UFPR.

Minha resenha é simples e resumida. Não sou especialista em literatura, só quero deixar minhas considerações sinceras sobre um livro que me atravessou mais do que eu esperava.

Mary Recomenda | A Redoma de Vidro — Sylvia Plath



A recomendação de hoje já estava na minha tbr fazia alguns anos, porém eu não estava certa quanto a ser o “melhor momento” para lê-la, considerando o trágico e precoce final da autora. Entretanto, decidi ler e prometi a mim mesma que redigiria minhas modestas impressões no blog. Cá estou, bastante insegura, respirando fundo antes de prosseguir… porque desistir também um verbo que me ocorre com uma frequência considerável.

Todos esses sentimentos podem ser influenciados e até certo ponto insuflados pela perspectiva da redoma, não descarto essa possibilidade, mas não foi para falar dos meus dramas que vim aqui, foi para falar de uma autora brilhante, que, infelizmente, não conseguiu suportar a própria dor e nos deixou muito cedo. 

Sim, estou falando de Sylvia Plath e sua Redoma de Vidro, a estrela do Mary Recomenda de hoje.

Mary Recomenda | Belo mundo, onde você está? - Sally Rooney

 

🌍 Mary Recomenda: Belo mundo, onde você está? – Sally Rooney

Um retrato desencantado de uma geração que sente demais — e disfarça

Autora: Sally Rooney
Gênero: Romance contemporâneo, drama existencial
Páginas: 352
Editora: Companhia das Letras


🖋️ O que esperar?

Sally Rooney escreve sobre pessoas que pensam demais, amam com dificuldade e veem a vida sem glitter.
Belo mundo, onde você está? não é exceção.
Mas, ao contrário dos livros anteriores, aqui há uma leve evolução, um passo a mais no amadurecimento narrativo — e na dor também.


🧠 Sobre o que é?

Alice é uma escritora que alcançou fama, mas não encontra sentido em nada.
Eileen é sua amiga de longa data, trabalha como editora e parece viver à sombra da própria vida.
Simon, ligado à Eileen, funciona como seu porto-seguro — sem grandiosidades, apenas sendo.
As relações são exploradas com silêncios, e-mails extensos e reflexões pesadas sobre política, fé, decadência do mundo e o que significa amar em tempos de ruína.


🎭 O que me marcou

  • Alice e Eileen são, para mim, complementares.
  • É como se cada uma carregasse uma parte da Frances, de Conversas entre Amigos.
  • Agora, no entanto, o olhar é mais maduro, mais existencial.
  • Aqui não tem ninguém correndo atrás de casamento antes dos 30.
  • Não tem disputa amorosa boba, nem personagens sonsas.
  • Tem mulheres cheias de falhas, dúvidas e autoconsciência.


📚 Estilo da Rooney (e o que pode incomodar)

  • As discussões filosóficas e políticas voltaram nas longas conversas por e-mail, praxe das obras de Rooney

  • Há um viés político evidente, especialmente à esquerda, o que pode afastar leitores de outras visões.

  • A escrita não é poética, mas visual, quase cinematográfica.

  • Não há grandes acontecimentos — mas muitos silêncios que dispensam parágrafos rebuscados.

  • É uma leitura que exige disponibilidade emocional e paciência.

  • E o mais importante: não espere romance “água com açúcar”.


💬 Um livro para quem…

  • já se perguntou se o mundo ainda vale a pena

  • sente que a maturidade chega cheia de desânimo e lucidez

  • busca personagens que não vivem pra agradar

  • está pronto pra ler sobre o amor sem maquiagem


✨ Avaliação pessoal:

📚 Rooney não escreve para ser adorada. E talvez por isso, seu trabalho me ensinou muito.
Seus livros não tentam agradar. Eles somente existem — como suas personagens: intensas, reais, um pouco tristes e muito humanas.
⭐️⭐️⭐️⭐️☆

Mary Recomenda | Três - Valérie Perrin

 

Onde a amizade é abrigo, mas a vida não perdoa

Autora: Valérie Perrin
Gênero: Romance contemporâneo com drama emocional e mistério
Páginas: 472
Editora: Intrínseca


🎧 Sinopse emocional

Nina, Étienne e Adrien se conheceram aos 10 anos e juraram que estariam juntos para sempre.
Adolescentes nos anos 1990, sonhavam em sair da cidade pequena, formar uma banda, conquistar o mundo — mas o mundo, como sempre, tinha outros planos.

Vinte anos depois, algo mudou entre eles. Um silêncio os separa.
E um mistério — a descoberta de um automóvel submerso com um corpo — traz de volta tudo que foi enterrado.

Entre as páginas, conhecemos:

  • Nina, a menina forte que carrega cicatrizes que ninguém vê.

  • Adrien, o mais sensível do trio, com uma dor que precisou esconder por muito tempo.

  • Étienne, o rebelde, o impulsivo, o que parece mais inteiro — mas esconde a maior das fraturas.

🎙️ Música como memória

O livro acerta em cheio ao usar músicas que não são apenas “referência pop” — são fragmentos da alma dos personagens.
La Isla Bonita, Boys Don’t Cry, os hits de Indochine…
Cada canção serve como fio de memória, como cicatriz que canta.
Nada é gratuito. Tudo tem sentido.

Cada canção tem um lugar, um porquê.
Elas contam o que os personagens não conseguem dizer — e o leitor sente.

🧩 Estrutura e impacto

A narrativa é composta por flashbacks alternados com o presente, em ritmo fluido e sem exageros.
A autora dosa com maestria o suspense, entrelaçando os acontecimentos do passado com a investigação presente, enquanto nos convida a especular:

  • O que aconteceu com o trio?

  • O que levou à separação?

  • Quem eles se tornaram com o passar dos anos?

Cada personagem tem uma história própria, com traumas, amores, silêncios e descobertas — e tudo faz sentido no final.

⚠️ Leitura intensa e sensível

Três é um daqueles livros que destroçam a alma com beleza.
Para leitores emocionalmente sensíveis, é importante saber:
a história aborda relações abusivas, abandono, solidão, perda, identidade e recomeço.
É intensa — mas também oferece redenção e delicadeza ao final.


✨ Avaliação final:

📚 Uma leitura arrebatadora sobre o que o tempo pode fazer com os sonhos da juventude.
Sobre amizades que resistem ao silêncio, e dores que levam décadas pra se curar.
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ (5/5)


Mary Recomenda | O amor não é óbvio - Elayne Baeta 🌈

Para fechar o mês do Orgulho LGBTQIA+ com chave de ouro, nada como recomendar um clássico best-seller da literatura brasileira contemporânea. 🌈

Mary Recomenda | A bela Rosalina - Natasha Solomons

 

Quando ser a “esquecida” salva uma vida inteira

Por Mary Luz

Independentemente de gostar ou não, tenho certeza de que você já ouviu falar da história de amor entre Romeu e Julieta, certo?

Na edição de hoje do Mary Recomenda, não trago a icônica obra de Shakespeare, mas uma releitura de Rosalina, que na peça original é brevemente mencionada como “um amor antigo” do Romeu. Este é o nosso ponto de partida para uma jornada de 360 páginas que nos leva para a Verona medieval, onde Julieta Capuleto vivia seus últimos dias de inocência.

Venha, o cocheiro dos Capuletos nos aguarda. Suba nessa carruagem, Rosalina nos aguarda no verdejante pomar.

Mary Recomenda | Conversas entre amigos - Sally Rooney

 

Quando o afeto não cabe nas definições — e nem sempre no final esperado

Autora: Sally Rooney
Gênero: Romance contemporâneo, drama psicológico
Páginas: 336
Editora: Companhia das Letras


✍️ Sinopse emocional

Frances e Bobbi, ex-namoradas e melhores amigas, são jovens intelectuais de Dublin, vivendo o início da vida adulta com sarcasmo, insegurança e aquela sensação de que o mundo espera mais delas do que elas sabem dar.
Ao conhecerem Melissa, uma escritora mais velha, e Nick, seu marido ator, se envolvem em uma teia de relações silenciosas, intensas e desconfortáveis.
Frances, que tenta manter o controle de tudo — da mente ao corpo — acaba envolvida emocionalmente com Nick, e isso desencadeia o que talvez seja sua primeira crise real de identidade e pertencimento.


🎭 O que me tocou (e o que me incomodou)

Na época em que li, tinha outra percepção sobre a vida, logo, não fui justa nas considerações, mas me vi profundamente atraída pela relação entre Frances e Nick.
Isso me causou conflito, raiva, confusão — porque eu achava que ela devia ficar com a Bobbi. Entretanto, o livro não entrega o que se espera. Ele te força a ver que os sentimentos nem sempre seguem o roteiro.

Por outro lado, me senti deslocada de certos aspectos do livro:
As discussões geopolíticas em banquetes, os diálogos que parecem sempre carregados de um tipo de intelectualismo emocional que nem todo mundo compartilha.

A autora tem um posicionamento claramente à esquerda, o que pode afastar quem não compartilha das mesmas ideias.
Isso não torna o livro ruim — mas talvez menos acolhedor para quem vem de fora dessa bolha.


🧠 Forma e estilo

A escrita de Rooney não é poética.
É visual, quase como um roteiro cinematográfico, o que explica a adaptação fácil para o audiovisual.
Poucos grandes acontecimentos, muitas camadas internas.
Para quem procura ritmo e clímax, pode parecer arrastado.
Para quem aceita a lentidão da dor e do afeto real, é uma experiência silenciosamente marcante.


🪞 Frances é uma jovem de 21 anos — e isso é importante

Frances é madura demais em alguns pontos e absurdamente perdida em outros.
Mas é coerente: ela tem 21 anos.

O livro, inclusive, me fez refletir sobre essa fase da vida, onde se pensa demais e sente-se tudo em silêncio.
E talvez por isso o final — em aberto — tenha me frustrado na época.
Hoje, o entendo como um retrato fiel da incerteza que é amar e viver aos vinte e poucos. Estamos aprendendo, quebrando a cara, mudando de ideia, e isso não cabe num simples epílogo.


✨ Avaliação pessoal

📚 Conversas entre Amigos me marcou por causa do que não disse em voz alta.
E me incomodou pelo mesmo motivo.
É um livro que propõe mais do que entrega — mas talvez seja essa a ideia.
⭐️⭐️⭐️⭐️☆

Mary Recomenda | Para viver um grande amor - Vinícius de Moraes

 Para entrar no clima do Dia dos Namorados, a recomendação não poderia mais especial. ♥♥♥



Para viver um grande amor, de Vinícius de Moraes, é uma verdadeira viagem no tempo, uma imersão em uma era cheia de romantismo, sentimentos profundos e reflexões poéticas. Este livro, uma mescla de prosa e poesia, nos transporta para os pensamentos e vivências do grande poeta, situando-nos confortavelmente em seu vagão literário. A leitura pode ter levado mais dias do que o habitual, mas valeu cada instante. A narrativa de Vinícius é acolhedora e envolvente, permitindo-nos vivenciar um tempo que não vivemos, mas sentimos com intensidade.

Vinícius de Moraes nos brinda com sua sensibilidade e profundidade, refletindo sobre o amor, a vida e os desafios de sua época. Em cada página, podemos imaginar como seria o processo criativo dos grandes autores daquela época, como enxergavam o novo, onde buscavam inspiração e recarregavam as energias.

A chegada dos anos de maturidade e as novas tecnologias, como a televisão (uma grande novidade na época), são contempladas de maneira sutil e poética. O poeta nos faz refletir sobre a passagem do tempo e as mudanças que ele traz, tanto no âmbito pessoal quanto no coletivo.

Para viver um grande amor é uma obra que resgata a essência do amor romântico, aquele vivido de maneira intensa e profunda. A prosa de Vinícius, intercalada com suas poesias, nos faz perceber que o amor é um sentimento atemporal, capaz de transcender gerações e continuar a nos inspirar.

Neste Dia dos Namorados, mergulhar nas páginas deste livro é uma forma de celebrar o amor em todas as suas formas e nuances. Vinícius de Moraes, com sua maestria literária, nos lembra que o amor é um sentimento sublime, que merece ser vivido e celebrado com toda a intensidade.


Mary Recomenda | Minha vida de menina - Helena Morley

Segunda versão da identidade visual do Mary Recomenda


Minha Vida de Menina é boa, sim. Você é que não tem escuta

Por Mary Luz | Resenha afetiva nos Cadernos de Marisol

Sexta-feira combina com Mary Recomenda. Por isso mesmo, caprichei na recomendação e trouxe a sugestão de uma obra que conheci meio ao acaso já faz alguns anos  Inclusive, já sofri hate por isso, mas não me importo. Sabemos bem que isso tem nome: espelhamento. A pessoa joga nas nossas costas tudo que ela é, esperando convencer.

Mary Recomenda | Rede Manchete: aconteceu, virou história - Elmo Francfort 📺



Se você nasceu na década de 1980 e foi criança nos anos 1990, assim como eu, deve lembrar-se da extinta Rede Manchete, que até hoje ocupa um espacinho no coração de muitos admiradores e fãs. Mesmo quem nasceu após o fechamento da emissora se rende pelo encanto, mostrando o impacto que a Manchete deixou na história da televisão brasileira.

Mary Recomenda | A Amiga Maldita - Beatrice Salvioni

 📖 A Amiga Maldita, de Beatrice Salvioni

Quando o título engana e a verdade emociona

Autora: Beatrice Salvioni
Gênero: Ficção histórica, drama psicológico
Páginas: 336
Publicação: 2023
Ambientação: Itália fascista sob o regime de Mussolini


✍️ Impressões de leitura

Quando comecei A Amiga Maldita, imaginei mais um drama contemporâneo sobre amizade feminina.
Mas logo nas primeiras páginas percebi: eu estava entrando num território denso, histórico, cheio de dor, hipocrisia e coragem silenciada.

A história se passa na Itália dos anos 1930, num contexto em que as mulheres não podiam ser muito — e as meninas eram ensinadas a obedecer e calar.
É por isso que Madalena é uma força da natureza.

Ela grita. Ela desafia. Ela incomoda.

Mas tudo isso nos chega pelos olhos de Francesca, a narradora, que também está presa entre o medo de sentir e a fascinação por essa amiga que representa tudo que ela não ousa ser.


🌒 Madalena: liberdade num tempo que não perdoa

O mais bonito (e doloroso) desse livro é que nunca temos a versão da própria Madalena.
A conhecemos filtrada, distorcida, idealizada ou julgada.
E mesmo assim, sentimos que ali havia algo maior: uma menina muito à frente do tempo — de um dos piores tempos possíveis.

A narrativa revela, com sensibilidade e frieza alternadas, o quanto a sociedade pode esmagar quem destoa.
E no final… é impossível não se perguntar:

Será que a amiga maldita era mesmo ela, ou era o mundo que a amaldiçoava por existir?”


💔 Por que ler?

  • Porque a escrita é firme, mas sensível.

  • Porque retrata uma Itália que muitos preferem esquecer.

  • Porque fala de culpa, amizade, memória — e da força brutal de ser mulher em um tempo que odiava mulheres livres.

E, porque é um daqueles livros que, quando termina, você fecha com um sussurro:

“Mas já?”
Como se algo tivesse sido arrancado antes da hora.


📌 Avaliação final:

🔥 Uma leitura que começa com desconfiança e termina como uma cicatriz boa. Daquelas que a gente carrega com orgulho.
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ (5/5)


Do lado de dentro do silêncio 🔇

Joaninha no fim de tarde (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary) Toda vez que abro o rascunho é a mesma história: a folha em branco me encara, ...