Malacubaca | Edu Meirelles fala sobre o tetracampeonato do Flamengo na Libertadores


 

Por Edu Meirelles

(ele garante que mesmo sem ser um cronista de mão cheia, não utilizou nenhum software de Inteligência Artificial para redigir este modesto texto)

Noite de domingo. 30 de novembro de 2025. Voo de volta para casa. Nenhuma distração me envolve. O corpo padece de cansaço; mesmo assim, o sono não me vence. Estou literalmente nas nuvens — também emocionalmente — embora o corpo não acompanhe, organizando pensamentos e vontades para expressar essa mistura de emoções que tão bem poderiam representar a responsabilidade de ser flamenguista.

A inteligência artificial escreveria uma crônica em pouquíssimos segundos, pronta para ser publicada. Pouquíssimos reparariam na diferença. No entanto, a parceria entre o grafite deslizando no papel sem pauta me lembra de acolher os sentimentos vividos antes, durante e além desses noventa minutos onde meu coração bateu no ritmo dos dribles na capital peruana.

Para quem presenciou tamanha e inesquecível humilhação de 2021, aquele reencontro em campo era prece, reparação, o epílogo digno para uma temporada acirrada. E as expectativas não se manifestavam sem os habituais exageros. 

Do alviverde ao rubro-negro, apostas, provocações e promessas que, como sempre, os torcedores esquecem em menos de 24 horas. Para nós, retornar a um lugar onde vivemos um momento apoteótico significava aceitar a decepção, o ditado sempre foi tão contundente. Do outro lado, a medição de forças que confere à disputa um distinto encanto.

Ninguém morre nos devendo, bradam os rubro-negros que, como eu, também testemunharam dores, recomeços, decepções, cortes e eliminações, temporadas para se esquecer. Vestir o manto é sonhar alto e despencar da nuvem, acreditar no impossível, viver na corda-bamba do imprevisível, jamais desistir.

Passagem carimbada para o Oriente Médio, alguns sonhos ousados na bagagem, folhas de caderno ansiosas para as tantas possibilidades que se desenham neste horizonte, testemunha de meus murmúrios cabisbaixos naqueles tempos os quais nossa maior luta era para se manter na primeira divisão. 

O choro é livre, haters. E eu também. Inclusive, para dizer com todas as letras que o mundo teria um desgosto profundo se o Flamengo não existisse. O futebol não seria o mesmo, faltaria o vigor de nossa torcida heterogênea e espalhada pelos mais recônditos cantos deste planeta, haveria a saudade de um sonho jamais vivido, e todas as outras cores seriam desbotadas e os passos, morosos.

De volta a Balneário dos Anjos, encontro as ruas tomadas por buzina, bandeira e aquele cheiro de churrasco que só aparece quando o sonho do rubro-negro vira domingo de festa. Naquele instante, senti que o futebol ainda consegue reconstruir até as partes de mim que eu pensava perdidas. Temo ter adormecido no voo e ver-me preso a uma projeção mental de um desejo intenso… no entanto, a dor de cabeça em plena segunda-feira é um aviso de que esse fim de semana não foi um delírio coletivo.


 

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