Arquivo Malacubaca Especial de Natal | Parte 1: Ilustre convidado (2013)

 


Parte 1: Ilustre convidado 


Anfitriã das festas de fim de ano na Malacubaca, Carmen Angélica Esteves decretou que as gravações do amigo oculto deste ano seriam realizadas na casa dela. Atarefada com os preparativos do jantar natalino mais icônico da televisão, a primeira-dama da emissora fazia mistério sobre o que poderíamos esperar na grande noite.

No Natal de 2012, a festa foi marcada por alguns imprevistos: piriri, calorão, briga devido à uva-passa no pudim, e até barraco na troca de presentes, já que o evento contou com mais convidados do que o habitual. Determinada a evitar qualquer caos neste ano, a diva planejava um evento mais classudo, sem brigas e sem muito formalismo, mas repleto de calor humano.



Agora, ela precisava convencer os amigos de sempre a prestigiar a ceia na casa dela. Luís Carlos queria voltar à França para ficar ao lado da filha Mel, da amada Christiane e da sogra Celeste. Lilly planejava passar o fim de ano em New York. William estava de férias, e Bilu, que havia se separado dele, não queria encontrá-lo nas gravações. Edu Meirelles já alegava ter “planos”.

— Vou preparar a sua comidinha favorita, Meirelles. Um amigo meu que inventou de viajar para Búzios nessa época comeu um peixe estragado e ficou mal do Natal até o Ano-Novo.

— Não bota praga em mim, não. —
pediu Edu Meirelles.

— Para que viajar para curtir mulher bonita quando se pode aproveitar o Natal na casa de uma? Escuta, nem sobremesa você precisa trazer. Dê o ar da graça e este será meu presente.


****** 

Edu Meirelles conversava com Noviça na redação e caminhava de um lado a outro com o telefone no ouvido. O fluxo do ambiente estava reduzido em razão das escalas especiais de fim de ano.

— Já que estou escalado para o SDV, posso pelo menos dar uma fugidinha no Natal?

O Will já marcou presença.

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Will é o maior furão da face da Terra. Fala que vai, chega na hora e nem dá sinal de vida…

Will, no entanto, estava atrás dele.

— Sem falar daquela piada manjada do pavê ou pacumê, ninguém mais aguenta. Já deu!

Will balançou a cabeça, imitando os trejeitos do amigo.

— Eu não gosto muito dessa historinha manjada de amigo oculto.

 

****** 



Noviça, deitada no sofá da sala de estar, decorada de forma aconchegante com luzes natalinas e enfeites temáticos, perguntou com um tom mais caloroso:

— Nem se eu for a sua amiga oculta?

— Se você falar, perde a graça.

— Supondo que eu fosse, hein?

Edu não sabia o que responder.

— O Will disse que neste ano só não vem se morrer. E mais: vai trazer uma tia.

— Pensei que a Gladys, assim como a Rosa, havia falecido também.

— Tia Gladys está mais vigorosa que você e eu juntos. Estou muito feliz que ela tenha vindo passar uns tempos com o Will, ele anda meio borocoxô. Desde que ele se separou da Bilu, está indo de mal a pior. Esse ano, no entanto, ele disse que só não vai se morrer.


******

— Está na hora de você pensar em criar um quadro para ajudar o Will a desencalhar. Não dá para ficar nessa fossa pelo resto da vida.

— Posso pensar no caso e, inclusive, você poderia ser o apresentador, desde que…

******

— Bom, sei que você é generosa.

— Sabendo que sou generosa, que a casa que é minha também é sua, você vai me fazer desfeita, Meirelles?

— Eu… Pensei em ir visitar minha vovó que mora no interior.

— Essa desculpa aí já datou, Meirelles. Nem vem que não tem, rapaz. Sei que você não tem avó nenhuma nem no interior, nem na cidade. Já que você está de plantão e o calor está insuportável, por que não?

— Está bem. Que dia vai ser?

— O especial irá ao ar na noite de Natal.

— Iremos cear ao vivo no dia 24?

— E se me der na telha? O que tem de tão importante no dia 24 para você fugir do meu convite?

Tem, sim. Sem comentários.

— É dia de passar com a família.

— E desde quando você se importa com a família? Poderia ter uma, caso notasse os sacrifícios que faço por nós. Mas não, prefere ficar com essa história de harém, de conquistar meio mundo e parte o coração da diva. Parte e eu sempre perdoo. Mas um dia, Meirelles, um dia eu não vou mais perdoar.

— Ouço você falar isso desde que entrei para trabalhar nessa emissora.

— Um dia será sério.

— Ah, então você está me zoando! Tudo bem, se eu não tiver nada para fazer, passo por lá.

— Estaremos de plantão para o ano-novo.

— Não querendo ser descortês, mas eu tinha planos para o ano-novo.

— E não incluiu o SDV neles?

— SDV?

— Não se faça de sonso, homem de Deus. Nesse ano fiz melhor do que te deixar como mero telespectador. Você me ajudará a apresentar o SDV.

— Eu?

— Planejando a virada do ano sem me incluir? Muito bonito. Bonito, Meirelles. Se eu fosse uma pessoa ruim não te perdoava, mas você tem sorte que meu coração é grande e eu vou perdoar, mas vou perdoar com um aperto no peito, ouviu bem?

— Tudo bem, tudo bem, mas não vai ter esse lance de amigo oculto, né?

— Como não se o amigo oculto é o ponto alto da transmissão?

— Você sabe que eu não curto muito esse negócio de amigo oculto, se é que me entende. Eu… sempre me dou muito mal.

— Nesse ano, não, Meirelles.

— Amigo oculto é tão chato.

— Chato é não participar. Por mim… — sussurrou a diva.


******



Depois dessa conversa, Will apareceu tirando onda com Edu:

— Meirelles, depois dessa, acho que vou te colocar no fim da fila dos sucessores no Vinte Horas. Mas, pra ser honesto, todo mundo sabe que esse é o seu destino, queridinho da chefa.

Edu revirou os olhos, mas não pôde evitar um sorriso:

— É, Will, se você diz. Só não esquece de quem vai te salvar nas piadinhas do pavê.

Os dois riram, enquanto a redação da Malacubaca continuava seu frenético trabalho, com jornalistas escrevendo, editores revisando material e produtores coordenando as últimas pautas do ano.

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