Quando o amor se foi… e tudo o que restou foi ontem
“What used to be right is wrong. Can love that's lost be found?”
“What used to be right is wrong. Can love that's lost be found?”
Quando ser a “esquecida” salva uma vida inteira
Por Mary Luz
Independentemente de gostar ou não, tenho certeza de que você já ouviu falar da história de amor entre Romeu e Julieta, certo?
Na edição de hoje do Mary Recomenda, não trago a icônica obra de Shakespeare, mas uma releitura de Rosalina, que na peça original é brevemente mencionada como “um amor antigo” do Romeu. Este é o nosso ponto de partida para uma jornada de 360 páginas que nos leva para a Verona medieval, onde Julieta Capuleto vivia seus últimos dias de inocência.
1. A história da música
Lançada em 2013, no álbum autointitulado “Avril Lavigne”, a faixa "Give Me What You Like" se destaca pela sonoridade sombria e sensual. Composta por Avril em parceria com Chad Kroeger (do Nickelback) e David Hodges, a música foi uma tentativa de sair do tom pop adolescente e mergulhar em algo mais maduro e emocionalmente denso. Ela chegou a ser usada no filme “Babysitter’s Black Book” (2015), reforçando a conexão com temas como solidão, desejo e relações vazias.
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2. Possíveis interpretações
Carência emocional: A letra traz uma personagem que prefere migalhas de afeto do que o silêncio absoluto da solidão.
Relacionamento sem afeto real: Há uma troca quase mecânica — “me dá o que eu quero, que eu te dou o que você gosta” — sem envolvimento afetivo.
Autonegação: A entrega ao outro é tão desesperada que ela chega a voltar atrás nos próprios valores.
Medo do esquecimento: O verso final é o mais verdadeiro e devastador: “I’m scared you’ll forget about me."
3. Minhas impressões
Essa música me atravessa.
É como se dissesse: "Eu não quero amor, quero só apagar essa dor por algumas horas."
E há algo de muito humano nisso. Mesmo sabendo que essa relação não é boa, ela se joga — e quantas vezes a gente já não fez o mesmo, mesmo que em silêncio?
“Give Me What You Like” não fala sobre romance. Fala sobre anestesia. Sobre desespero disfarçado de sedução.
E talvez, no fim, o que ela mais queria... era alguém que enxergasse a verdade por trás do olhar dela — e ficasse.
Nem tudo é tão óbvio quanto pode parecer para quem enxerga uma situação de uma perspectiva mais distante. Insistir na mesma ladainha quando os ouvidos estão preenchidos por outro discurso traz aquela sensação de que estamos falando para ninguém.
Não adianta ilustrar na lousa um teorema que demonstre com todas as evidências palpáveis que essa história não terá final feliz, este amor sussurra doçuras e dá a palavra final. Ele é verdadeiro, os falsos são sempre os outros.
Estou a léguas distantes de ser a maior simpatizante ao Dia dos Namorados. De fato, nunca foi minha data favorita no calendário, pelas mais diversas razões, que não vêm ao caso, embora se relacionem à hipocrisia e ao péssimo estigma da condição de “solteira” como sendo alguém que supostamente falhou no cumprimento das expectativas da sociedade e ainda não se realizou.
Ela já fez as malas mentalmente um milhão de vezes, contou os trocados que guarda num potinho, pensou em embarcar num ônibus interestadual e descer no último ponto, numa localidade que nem sequer esteja no mapa, qualquer lugarejo onde possa deixar pelo caminho a inglória pecha de filha renegada e recomeçar uma história na qual enfim seja a protagonista e não uma personagem jogada ao acaso, sem função alguma senão ser sombra dos outros.
Curitiba, 30 de novembro de 2015. ♥
Curitiba, 17 de setembro de 2015. ♥
Venho de um tempo que você talvez nunca chegará a viver.
Trago-lhe boas novas...
Trago-lhe todos os segredos que você sempre quis saber e sempre teve muito medo de perguntar...
Sei do ontem e muito mais do amanhã, mas é o presente que lhe faz perder a cabeça.
Exageros à parte, pare apenas por alguns minutos para pensar: você arquiteta seu próprio destino e disso se esquece; a liberdade pode te aprisionar.
Nem sempre a doçura prevalece...
Às vezes, o amor é um veneno, na escuridão da incerteza se descobrem as artimanhas.
Mentiras à parte, da loucura se chega à realidade e não procure em ninguém o que só você pode se dar.
Pessoas podem enganar, tripudiar, te chutar quando na lama já estiver...
Cinco letras e uma perigosa condecoração. Pague o preço pelas más escolhas que fizer e tente não culpar mais ninguém por seu egoísmo...
Sua vida poderia até ser um conto de fadas, mas você quer ser sempre o centro das atenções e lhe custa muito caro admitir os próprios erros.
Enxergar o mundo além do cor de rosa dessas paredes...
Poderia ser muito mais cruel...
Talvez devesse lhe desviar o rosto ao passar, ignorar seus chiliques de quem só quer se mostrar ao mundo. Poderia ser muito menos carregado de drama e não justifique com palavras que a engolirão mais tarde.
O caminho de dor chama seu nome...
Não terá ajuda, nem álibi, nem torcida à sua espera. Ninguém além de você e seus temores imaginários, todas aquelas historinhas usadas para comover.
Como pode repudiar sua própria história?
Vergonha agora é inútil como qualquer arrependimento, sem autopiedade, sem chance de retornar à esquerda...
Ele era imperfeito e não se parecia com nenhum galã. Ele gostava de te telefonar toda a manhã.
Você queria ser uma protagonista de novela, agarrar o fugaz, viver do superficial, em busca de uma aprovação que jamais chegou.
Não passou de outro devaneio imbecil como tantos outros.
Entrada proibida em seu coração, rosas-brancas pelo chão; sinceras intenções jogadas ao vento.
Lágrimas agora são como o tempo perdido no lixo, sei que posso estar falando demais.
Nenhuma hipocrisia sobrevive ao banho da verdade.
Não canto para arrastar multidões, não sobrevivo de opiniões mal construídas.
Preciso muito mais que sua falsa melancolia a troco de algumas palavrinhas bonitas e mais nada.
Inconformada e mimada, inconsequente e dramática, no eterno holofote de frente para o espelho.
E as notícias de seu mundo não vão nada bem, como sabe...
A salvação requer um pouco mais do que tem dado, porque talvez não haja tanto tempo como se supõe...
Eu venho de um tempo que você talvez sinta muita falta. Aliás, você nunca se satisfaz com nada!
Vossa Alteza precisa de elogios...
Auto-suficiente, controversa.
A falsidade diariamente te rodeia e você odeia isso e odeia mais ainda o modo como não lhe poupo.
Acho que você já cresceu o suficiente para ouvir.
Às vezes seria ótimo que pensasse mais.
Os brinquedos já estão nas prateleiras, você já teve muito tempo para brincadeiras e a ficção não poderá lhe entregar as respostas porque nesse jogo não se anda para trás e não se vai para frente sem viver o presente.
E, por favor, tente não falar mais de amor por um tempo até que aprenda a amar de verdade. Suas idealizações lhe custam à solidão e você não percebe que, em busca da perfeição, você só encontra a dor.
Tentando ser melhor, se deixa para trás o passado. Os personagens desse roteiro não se agarram a hierarquias. Sou mais familiar do que você pode imaginar.
Estou sempre ao seu lado, do lado de um abismo muito profundo. Preciso muito que você me estenda sua mão...
Se puder me enxergar um pouco, sem ressentimentos que nos separem para sempre.
Se puder me enxergar com bons olhos...
Não preciso estender minhas considerações. Não preciso mais dizer nada. Acho que essa canção é o bastante para nós.
Joaninha no fim de tarde (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary) Toda vez que abro o rascunho é a mesma história: a folha em branco me encara, ...