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Esse medo de ser esquecida

Nota da autora: Nem todo texto escrito em primeira pessoa é autobiográfico. Às vezes, é apenas uma tentativa de dar voz a sentimentos que muitas pessoas já sentiram — ou que eu observei no mundo ao meu redor. Esse é um desses casos. 



E esse medo de ser esquecida...

Não posso mentir não ter esse medo.

A cama parece espaçosa demais para mim.

Lençóis amarrotados e cobertores pesados são o que há de mais próximo e familiar.

O vento cortante me machuca mais aqui dentro do que lá fora, onde a chuva cai lenta e constantemente.

Os dias têm sido tristes noites há tanto tempo que já parei de contar no calendário, nesse intervalo meio indefinido que os faróis da sabedoria não conseguem iluminar.

Nenhuma mensagem nova.

Ninguém à minha procura.

E eu continuo aqui, com esse medo mudo de desaparecer da memória de quem um dia me jurou eternidade.

É possível viver sem AMIGOS?

 

Escrito originalmente em 2014, este texto reflete um período em que explorei de forma mais intensa os significados de amizade e solidão. Ele fez muito sucesso no meu blog Perguntas, prerrogativas e provocações, e acredito que sua mensagem ainda ressoa nos dias de hoje. Por isso, decidi compartilhá-lo novamente, intacto, para que novos leitores possam refletir e talvez se identificar com essas palavras.

Inadequada, autêntica e indomável

A menina com pulseirinha de ábaco


Era uma terça-feira amena quando Clara completou 10 primaveras. Ganhou da mãe um caderno de recordações, onde foi chamada de “menina-moça” — uma expressão que parecia capturar aquele momento de transição, entre a infância e algo que ela ainda não compreendia bem. 

Clara adorava brincar de boneca, de bola, de pique-esconde. Explorava territórios imaginários, onde era uma condessa acompanhada de um cachorrinho fiel, e se deliciava com bolachas recheadas, sorvetes, bombons e pizzas. Ela amava ganhar brinquedos e, mais do que tudo, criar histórias.

Não sou pedra no caminho de ninguém


Começar e nunca terminar… será só descompromisso? Irresponsabilidade? Falta de força de vontade?

Somos as fases que vivemos. Sinto certo desejo de correr alguns riscos. Soltar aquele grito preso na garganta por tanto tempo que devo ter perdido a conta e a noção dele. Nem me lembro quando foi a última vez que rasguei a mortalha e pus-me a obedecer meus próprios instintos, naquela época eu ainda sabia me defender. Bons tempos, mas o orgulho impedia-me de admitir, apreciava-me perseguir trevos-de-quatro-folhas e delegar aos astros a responsabilidade de fazer-me feliz.

Iniciativa

 


Bastava apenas uma palavra. Algumas palavras, perdão. Chegamos a um estágio da vida onde perdemos tudo, os queixumes do medo são tão irrelevantes quando nos encontramos diante do monte de areia acumulado pela ampulheta. Próxima linha, próximo passo. Os pés podem tocar em um campo minado, de nada valerá ser amada ou odiada se não passarei de outro dente-de-leão jogado ao vento.

Enquanto houver um sopro de vida, haverá tempo

Pôr-do-sol (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary)

Julho se aproxima. Com ele, o segundo semestre, metade do ano já se foi... os desafios não cessam, todavia, vislumbra-se uma fagulha de esperança em meio ao caos...

Tudo pela ideia de alguém gostar de mim


 

Estou a léguas distantes de ser a maior simpatizante ao Dia dos Namorados. De fato, nunca foi minha data favorita no calendário, pelas mais diversas razões, que não vêm ao caso, embora se relacionem à hipocrisia e ao péssimo estigma da condição de “solteira” como sendo alguém que supostamente falhou no cumprimento das expectativas da sociedade e ainda não se realizou.

deserto



adversidades e provações somam-se
os amigos, por sua vez, somem
máscaras e promessas desfazem-se
não pretendo implorar para que fiquem

o caminho é pela sombra
não tem atalho de volta

se para os lados eu olhar
apenas a mim mesma irei encontrar
foi sempre assim
a quem eu tanto tentei enganar
senão a mim?

- deserto


onde estará o amor?

 


luzes apagadas
olhos abertos
vontade daquilo 
que não se pede
tanta gente online, 
ninguém que interesse
todo dia é sempre 
o mesmo dia

— onde estará o amor? 

Impasse

        


        O bem querer servia de bússola para me nortear neste mundo conhecido por levar de mim tudo e todos que amo, suportar reviravoltas desagradáveis e lutar por um recanto para chamar de meu. Um pedacinho de terra, uma conotação, um lugarzinho onde eu esteja segura quando vierem as tempestades, que sirva de abrigo e me traga conforto, que ninguém possa roubar as escrituras.

        O vazio desolador de outrora me abraça apertado. Das milhares de indagações sem soluções, uma certeza: uma parte importante de mim morreu naquele dia, enquanto a dura sentença foi proferida. Caí nos braços quentes da negação, aquela amiga doce e incapaz de destruir as esperanças, as lágrimas já eram de tristeza, quentes como a raiva que fervia em meu peito e longas tais quais as noites frias de inverno, a espera.

        Escutar o coração partido é o equivalente a olhar as horas em um relógio estragado. Você foi embora. As olheiras são consequências das noites chorosas. Escrever a essa altura do campeonato deveria ser meu bote salva-vidas, nem que esta carta seja apenas dobrada, colocada dentro de uma garrafa, prometida a navegar pelos oceanos sem nunca chegar ao destino final.

        Meu norte agora é a inadequação. O gosto amargo da rebeldia me torna indiferente a tudo. Estou perdida, com o dobro do medo que sentia antes. Das pessoas, desse amanhã tão incerto, de que minha vida não passe de um sonho ruim, quando tudo que eu queria era viver o meu final feliz.

        E no que se sustenta o meu viver senão numa longa e interminável espera por um milagre que nunca acontece?

        O dilema de relutar é uma constante. Seguir em frente é instintivo, não se chega a lugar nenhum rumando pela contramão porque o mundo do jeitinho que era outrora não passa de areia movediça, entretanto, caminho com as portas do coração bem protegidas contra eventuais invasores que prometam amor que não podem dar, indo além: mostrando-me indisponível para ciladas deselegantes do cupido, cortei relações com ele para sempre.

        Outro amor não figura no meu rol de interesses e desejos, ainda que recomeços sejam belos e inevitáveis dentre as tantas certezas fugazes. Ainda é sobremaneira devastador mensurar a ideia de outra pessoa ocupar o seu lugar, mas nada dói mais do que questionar por que você tinha de partir... a conclusão é um golpe duro: não vislumbro dias melhores porque embora seja perigoso caminhar na contramão, aguardo o seu retorno e aí chego ao ponto crucial, em compensação, ninguém está esperando por mim, tampouco lutando pelo meu amor, estou remando sozinha sabe-se lá para onde, sabe-se lá por quê.

       Machucada tantas vezes pela vida, a impostora assumiu o protagonismo, incutindo em mim a ideia de não ser merecedora, pois acostumei-me ao papel de figurante e, assim sendo, a postura mais previsível é a de não sentir-me digna de subir ao palco e apresentar o meu número, receosa das vaias, das críticas amargas, nunca segura para olhar nos olhos, nem por cima do ombro, nem para baixo.

        A intuição falha, a realidade se desnuda nua e crua, razão pela qual protejo as lembranças, necessito apoiar-me em algo capaz de reacender em meu coração a esperança roubada. Eis que realizo o percurso mais inglório de todas as primaveras sozinha, como sempre fui e sempre serei. Aceitar meu verdadeiro destino é a estratégia mais acertada neste momento.

        A revolta coabita com a tristeza. Tudo vai ficar bem. Sim, vai. A rotina tratará dos demais trâmites para ocupar a mente. Tudo vai ficar bem. Não tão cedo, sinto desapontar as expectativas da negação, pois ainda que eu me encaixe nessa nova "normalidade", jamais tornarei a ser quem era outrora e se isso é bom ou ruim, não sei dizer. Não enquanto o objetivo do percurso seja buscar respostas precisas para as milhares de indagações porque estar à deriva e não ter quem me socorra já é o suficiente para entender que não existe ninguém olhando por mim no mundo, talvez nunca tenha existido, nunca irá existir.

    A localização é imprecisa. Perdida no mar das notícias ruins, da alienação compulsória, navegando em bravos mares, sobrevivendo às tempestades, aqui estou eu, nesse impasse duradouro para traduzir a essência mais bruta daqueles sentimentos calados com sorrisos convenientes. Se a tentativa falhar, ainda assim não me considerarei perdedora, eu o seria se nem sequer me esforçasse para tentar e me parece que insistir ainda é um verbo pelo qual possuo grande estima, ele é o meu norte, a chama condutora rumo à esperança, essa que me faz dobrar os joelhos e declarar o maior dos atos de resistência para um coração partido: sobreviver.

O porquê dos porquês


Escrevi para não mais ler porque lavei a alma com lágrimas, tanto as já choradas quanto aquelas que guardo com pudor, porque já estou grande demais para chorar com medo do escuro, me derramando em cada linha até me esvaziar de todo e me sentir cansada demais até para questionar o porquê dos porquês.
Enrolei as folhas de papel e envolvi-as com uma fita vermelha, para que coubessem na garrafa verde de vidro, que consentiu com a insônia e se prontificou a conhecer o mundo sem sequer saber se voltaria para mim. Combinamos que não, é um trato bem especificado.
Lancei ao mar tudo aquilo que quero deixar para trás, junto de palavras que podem pertencer a um destinatário que sequer saberá o paradeiro da remetente, palavras que não mais me pertencem, apesar de terem saído dos mares mais profundos e desconhecidos de minha alma, palavras me desnudam, me fazem tão vulnerável e tão ácida, porque eu sei ser o segundo, sei ser muitas numa só.
E se as palavras correrem o mundo para nunca mais voltarem, estará o coração servindo de guia para que eu me lembre de que sentimentos existem para serem vividos e não escondidos.
Por precaução, é melhor assim. Que alguns deles estejam transferidos para aquelas folhas na garrafa que viajam pelos oceanos adentro, sem pressa de chegar a algum lugar, sem se medir pelo tempo ou pelas convenções.
Apenas e simplesmente viajando. Um de nós corre o mundo e o outro, do mundo.

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