Enquanto houver um sopro de vida, haverá tempo

Pôr-do-sol (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary)

Julho se aproxima. Com ele, o segundo semestre, metade do ano já se foi... os desafios não cessam, todavia, vislumbra-se uma fagulha de esperança em meio ao caos...

Quando aceitamos e compreendemos a impermanência da vida, a simplicidade nos torna mais atentos. A reflexão de que tudo passa fortalece o espírito.

Semear o bem durante o percurso de ida nos proporciona a contemplação das flores pela estrada. A rosa é bela porque não esconde seus espinhos. Em quem predomina o amor, de amor transborda o ser.
A realidade é imunda, no entanto, o sofrimento é cláusula irrevogável do contrato. Privações, provações, provocações, perdas, perseguições, difamações e acusações são algumas das pedras em que tropeçamos durante a caminhada.
Somos um pouco exagerados e iludidos, chamamos qualquer um de “amigo”, deveríamos adotar uma postura mais cautelosa, alguns são curiosos, inimigos bem disfarçados, esses, os dissimulados, brindam nossa derrocada e se valem de discursos rebuscados para ostentar a empatia de plástico, bem como o caráter e a dignidade de quem se esconde atrás de uma tela para “falar verdades”, ah, aquelas ditadas pela amargura ímpar de quem usa a própria régua moral — cheia de rachaduras e oscilações — para medir o valor alheio.
Não somos fortes em tempo integral, nossa cabeça se inclina para baixo, pois chorar é malvisto, não gera engajamento, é ideia que não vende. Sentimo-nos esquecidos e desprotegidos, contudo, não estamos tão ocupados que não possamos voltar nossos olhos para o céu. Não fazemos a menor ideia de quando nosso contrato expirará, mas temos pessoas que nos amam; não precisamos de um milhão de amigos e bajuladores, precisamos nos reconectar com a nossa essência sufocada, com os nossos sonhos, com os nossos amores.
Todas as grandes realizações provêm de uma semente, de uma linha manuscrita, um pensamento insistente. Ao serem germinadas, as sementes fincam suas raízes ao solo e cumprem o protocolo ditado pela paciência. Esse processo de maturação arrisca-se a ser longo.
Os advérbios temporais são apenas complementos da oração. Nunca será tarde para realizar um sonho, para sonhar sonhos novos, para despertar e nos reconhecermos merecedores de fazer parte da criação.
Apesar de a tristeza ainda conferir um aspecto desolador ao nosso semblante, a alegria não nos deixou, ela permanece onde sempre esteve. Estamos tão anestesiados de nossos deveres e de uma rotina entediante que temos certas dificuldades para enxergar ou sentir, no entanto, a esperança segue em nosso caminho.
Estamos no meio do ano, ainda há tempo para nós. Enquanto houver um sopro de vida, haverá tempo.

Curitiba, 7 de julho de 2024

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