O mundo havia se transformado ainda mais nos últimos quatro anos, em todos os sentidos, mas certas coisas nunca mudam: Edu e os amigos continuam mantendo o hábito de anotar os palpites de cada um em cadernetinhas, combinando de ir ao Maracanã quando fosse possível e decidiram juntar dinheiro para acompanhar a Copa do Mundo sediada no hemisfério norte in loco.
Aquela estava sendo a primeira edição do torneio sediada em três países, sendo que dois já foram anfitriões em outras ocasiões, além de privilegiar o formato com 48 equipes em 12 chaves com 4 equipes cada. Após sucessivos vexames nas quartas-de-final, a seleção brasileira demonstrou maturidade e era a favorita ao título, o que quebraria um jejum de 24 anos. A adversária seria ninguém menos do que a Itália; as duas equipes não se enfrentavam em copas do mundo desde 1994.
Os amigos, já acomodados em seus assentos, observavam a arquibancada encher-se de torcedores animados de todas as nacionalidades para mais um emocionante duelo de mata-mata.
— Esse jogo já está no papo... — gabou-se Edu. — Quem viver, verá!
— Esse aí parece que não aprendeu nada quatro anos atrás — comentou Quibão, usando novamente a camisa 9 do Flamengo. — Na copa passada fomos até presos por causa desse fanfarrão língua de trapo.
— Acha pouco? Quando o Flamengo levou o Mundial de 2024, esse aí saiu do estádio fantasiado de urubu e não causou o maior furdunço ou vocês já se esqueceram? — Recordou Salamão.
— Antigamente as promessas eram só da boca para fora, mas a tecnologia proporcionou recursos para simplificar nossas vidas e é por isso que, a partir de agora, quem fizer promessa vai assinar um termo de compromisso, ouviu bem, Eduardo Meirelles? Um termo de compromisso assinado por todos os membros deste grupo, assegurando a legalidade da prenda e a boa vontade de cumprir o que prometeu — discursou Quibão, que enviou uma cópia do termo de compromisso para todos os amigos.
— Assina aí, Dona Clotilde! — Arremedou Kejadin, lembrando-se da queridíssima vizinha da casa 71, na vila onde moram Seu Madruga, Chiquinha, Quico, Dona Florinda e Chaves.
— Nem vem, Tesouro! — Devolveu Edu Meirelles.
— E aí daquele que me chamar de Mestre Linguiça! — Adiantou-se Quibão.
— Quê que foi quê que há? — Brincou Salamão.
— Depois sou eu que não me manco, né? — Edu zombou. — Seja como for, meus amigos, já está mais do que na hora de a gente se unir e escrever um livro sobre nossas aventuras juntos.
— Ainda mais com os 30 anos do Meirellessamba aí na porta — concordou Quibão.
— A gente pode colocar umas fotos no livro? — Pediu Kejadin.
— Quem vai escrever? — Quis saber Salamão.
— Todos nós, ué! — Respondeu Edu.
— A gente tem tanta história para contar...
O início da partida se aproximava e as pessoas na arquibancada levantaram-se para ver as duas seleções entrando em campo. Os amigos, um ao lado do outro, com Edu ao centro, ainda não sabiam o que os próximos 180 minutos os reservaria. Ambas as equipes dariam o melhor delas em campo, mas apenas uma seguiria viva no torneio.
Reflexivo, Edu propôs:
— Amigos, tem mais uma promessa que eu quero fazer...
— Lá vem mutreta... — muxoxou Kejadin.
— Vamos ser amigos até o fim das nossas vidas?
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