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Mary Recomenda | Nunca fale sobre unicórnios - Mariane Alvedal

Olá, amigos e amigas! Como vocês estão? Espero que esteja tudo bem! ♥
A indicação de leitura de hoje é Nunca fale sobre unicórnios, da Mariane Alvedal
Sou suspeita para falar por conhecer a obra quando ela foi publicada originalmente no Wattpad, entre 2017 e 2018, acompanhando também o crescimento da história até ela ser o que é hoje.

Melhor do que sentir é deixar saudades

 

Encantos do inverno (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary)

Pessoas vêm e vão, sonhos também. Nem toda morte significa necessariamente o fim, mas propõe um começo diferente. Novas regras, novos caminhos. Mente confusa, medrosa, talvez assustada.

O costume dá leveza a rotina e a aquarela do amor realça as nuances da esperança, pinta sorrisos e ao fundo, por conhecer o policromático — e por vezes viciante círculo da tristeza, combina os tons da harmonia de quem emergiu no submundo do azul e a miscigenação de ideias e pincéis, suavidade, comodidade, destreza. 

Melhor que sentir é deixar saudades.


Curitiba, 13 de novembro de 2011

Os próprios fatos me dirão

 


        Por toda a vida tive atitudes de mendicante, implorando conversas, nutrindo amizades mortas, inventando amores para não encarar a dor, a solidão, o tédio, a mim mesma. Maltratei-me, transbordei-me para almas blasé demais para retribuir o mínimo que fosse, apenas para a dignidade não se sentir humilhada.
         Pouco tempo atrás lá estava eu, dedicando atenção para uma pessoa que nunca mereceu a saudade de algo que hoje sei, eu mesma criei, para buscar num passado idealizado o alívio para o vazio num coração sem amor. Infértil sempre foi a utopia, alimentada tão somente pelo ego fragilizado, embaçando a vista para o verdadeiro propósito da existência.
          Para não tomar conta da criança desamparada inventei mil maneiras de escapar de um importante dever, o primeiro e essencial, me colocar em primeiro lugar. Hoje recebo os juros daquilo que releguei, o gosto amargo no alto da garganta, mas gosto da minha própria presença, de visualizar as lembranças sem romantizá-las, tirando pessoas dos respectivos pedestais, realocando prioridades, revisitando ambientes, redescobrindo a doce e adormecida essência, assombrada com os estragos causados pela impulsividade.
        Precioso é o dom da vida, até quando serei agraciada pelo agradável e desafiador sopro, não faço ideia, portanto, não faz sentido desperdiçar tempo, lágrimas e disponibilidade para quem não se importa e talvez nunca tenha se importado. 
        Se o que foi bom vira saudade e o que foi ruim serve de experiência, como definir então o momento presente, quando nem mais choro? Os próprios fatos me dirão...

Não olhe para trás!


Enquanto você chora ao rememorar um passado que já está morto faz muito tempo, o presente te estende as mãos para te dar um presente. 

Uma carta para todos os meus amigos, leitores e simpatizantes!


Recaídas acontecem. Luto contra a anorexia desde 2006, quando comecei a mutilar meu corpo por nutrir ódio por ele. Nunca usei laxantes, diuréticos ou inibidores de apetite. O método era o exercício extremo: malhava de duas a três horas sempre que comia algo como um pedaço de bolo, na tentativa de "expurgar" a culpa. Minha alimentação era mínima, movida pelo pavor de engordar, mesmo que, no auge da doença, eu pesasse menos que uma menina de oito anos.

Ainda não se sabe o que realmente motiva o desenvolvimento da anorexia nervosa, pois cada paciente traz uma história única. Fatores emocionais, como o medo do fracasso, o perfeccionismo extremo, o bullying ou eventos traumáticos, podem ser gatilhos. No meu caso, em 2006, o fim do ensino médio foi um fator significativo. Separar-me dos meus melhores amigos e perder o contato com pessoas da minha idade me deixou à deriva. Eu não sabia o que queria fazer na faculdade e era bombardeada por opiniões e cobranças sobre escolher uma profissão.

Eu acredito em mim mesma

 


Ninguém pode me acusar de não acreditar em mim mesma porque, se não acredito, não sei o que fiz a minha vida inteira.

Como qualquer pessoa de carne e osso, tenho fraquezas e dúvidas. Se não tivesse suspeitas, não sei se poderia me considerar humana.

Quanto às fraquezas, às vezes o mundo vem e tenta cortar as minhas esperanças pela raiz, no entanto, quem a vocês escreve é alguém que, apesar de todos os ventos contrários e cicatrizes, ainda acredita.

Afinal, se eu não acreditar em mim, quem vai?


Curitiba, 2 de janeiro de 2016.

1000 cartas de amor | Tudo parte da vontade — por que o amor não?

 

Vê quão linda é essa flor? Sim, ela é. 

Ela deixa este jardim com um toque especial, uma cor diferente que eu nem sei descrever exatamente, porque sou um desastre com descrições minuciosas. O fato é que você não pode arrancá-la e esperar que nasça um botão igual no seu triste e apático jardim. Ela precisa desabrochar. Se você interromper seu ciclo de crescimento, ela murchará e morrerá — e nunca mais você verá outra igual.

Já vi alguma analogia parecida, mas quis colocar um pingo da minha personalidade nessa observação. Isso é importante.

Essa linda florzinha, que enche seus olhos de esperança e ternura, quer perfumar este jardim. Não quer ser tirada do canteiro onde se sente bem. Se você a puxar com força, irá machucá-la. E o coraçãozinho dela ficará cheio de tristeza. Não seja egoísta. Cuide do seu jardim. Existem outras flores lindas para você admirar.

Pode parecer uma passagem um pouco boba para aqueles “concretos demais”, mas quis chamar atenção para a falta de empatia de quem pensa ser superior a ponto de determinar sentimentos — chegando ao extremo de obrigar alguém a amar. Isso não tem o menor cabimento!

Amor a gente não pede. Tem que partir da vontade. E se, por algum motivo, essa vontade não existe — seja falta de química, ou o que for —, por mais doloroso que seja, creio que é melhor deixar alguém ser feliz do que cruzar os braços e trotar feito criança mimada em frente à prateleira de brinquedos.

Chantagens só escancaram a sua falta de caráter, o egoísmo bem articulado de quem se sente bem, anulando a personalidade alheia.

Possessão e amor são duas palavras que não rimam. E rimam menos ainda se você parar para pensar que o amor é livre, espontâneo. A entrega flui naturalmente, muito mais bonita — como deixar uma flor crescer ao seu ritmo, sem a podar, sem se sentir ameaçada com o perfume que exala da pureza do bem-querer.

Não sou craque em amor. Mas gosto da liberdade. E nunca vou apreciar a ideia de viver numa gaiola, amargando culpas por alguém mal resolvido, que me vê feito um troféu — que coisifica a minha existência para se sentir superior. Porque esse narcisismo instigante não passa de recalque. Isso mesmo: recalque! Pode anotar como quiser.

É recalque de quem precisa berrar para ser notado. De quem não tem planos concretos. De quem vive mentindo até se perder nas próprias fantasias. Alguém que ama uma imagem idealizada, uma projeção… e pensa que essa projeção sou eu. Mas eu não sou. Não quero ser. Tampouco quero sentir remorso por não ser aquilo que você quer. Sabe por quê?

Porque bem antes de te conhecer, eu já era a mulher da minha vida.

Nunca te devo satisfações dos meus passos. Porque pessoas como você não merecem que eu perca tempo dizendo como foi ou deixou de ser meu dia. Você nunca saberá tudo sobre mim, porque ninguém se conhece totalmente. Sou um oceano de segredos. Me descubro a cada metamorfose. Sou aquele espaço em branco que vai se preenchendo com pequenas epifanias.

Quando você ama, não vê apenas os seus interesses. Porque tem outra vida em jogo. O amor é compromisso maduro. Você tem que gostar de alguém como ele é — com todos os defeitos. Porque eu também tenho os meus. Ninguém é 100% perfeito.

O perfeccionismo pode até priorizar a disciplina, mas também é o ingrediente exato para a frustração — na trilha de metas inatingíveis.

Queria ter tido uma conversa franca comigo mesma há três anos, quando eu ainda era menina, ingênua, cheia de aspirações amorosas. Deixei-me levar por influências, pelas pressões, pela curiosidade de ser amada. Queria não me sentir inferior às outras moças da minha idade, que já tinham relacionamentos sérios.

O arrependimento não apaga o aprendizado — nem as marcas de dor que ficaram no meu peito. Elas me regem até hoje. Nunca mais deixei ninguém se aproximar. Tenho medo. Não confio por inteiro. Mentiras… sempre elas. Todo mundo parece legal no começo. Mas o amor não se constrói nas inverdades.

É preciso ser real. E, dentre todos os desafios, esse é o que mais assombra: a entrega.

Tem que ser por inteiro. Num consenso bonito, quando ambos querem ser abrigo um para o outro. Um complemento. Um prazer singular na presença do outro. E embora eu ainda seja uma iniciante, afirmo com o coração aberto: vejo muitos casais se unindo por desespero. Porque a sociedade — ou alguns idiotas — impõem que alguém virgem depois dos 25 anos é um aborto da natureza. Um ser sem valor. Uma aberração.

Essas cobranças se agigantam, nos amedrontam. Existe pressão para sermos perfeitos: fisicamente, no trabalho, nos estudos, no amor, na cama. E quem não se encaixa nesse estereótipo, como fica? Não há autoestima que aguente.

A verdade é uma só: a insatisfação lucra. Absurdamente. Esse vazio interior é explorado por horas de academia, cosméticos milagrosos, vícios — jogos, bebidas, cigarros, até drogas.

Estamos todos em busca de equilíbrio. Queremos ser amados. Mas quando estamos em crise, esquecemos de racionalizar que alguns desses sacrifícios são desumanos.

Trabalhar é ótimo. Garante luxos, amizades, tratamentos médicos… Mas não compra a plenitude. Não compra o silêncio de uma tarde tranquila.

Você pode até dizer que ama alguém, que encontrou sua cara-metade. Contudo, no fundo, sabe que não vê tanto futuro. É tudo muito breve. Muito previsível. Juram pelo eterno. Se tatuam. Terminam. Trocam farpas. Tudo se anula.

Depois, dizem que eu não sei nada da vida porque nunca namorei. E prefiro continuar assim, se for para tudo ser falso, retocado, ilusório.

Já caí na imbecilidade de tentar agradar os outros. Perdi-me de mim. Meus passos foram apagados. Quis ser o que não era. Reneguei meu “eu” por achar que era pouco, que não bastava.

Hoje, trocaria tudo para voltar a ser livre dessas feridas. Com o coração puro. Sem ter conhecido quem me fez sofrer.

Eu era uma flor solitária, porém plena. Queria estar naquele outro canteiro, onde cravos e begônias festejavam — achava serem felizes.

Hoje, sem pensar duas vezes, diria:
Não quero as festas. Quero de volta a florzinha meiga que se banhava na luz do sol, quando pequenas coisinhas faziam a alegria ventar.

Depois dos 25 | Em meio ao nevoeiro

 


Ah, leitores… boa tarde para vocês, pois para mim não está sendo nada boa…

Eu não sei o que fazer da minha vida. Não sei o que 2014 tem para mim. Na verdade, o que tenho aprendido ultimamente é que é muito fácil criar expectativas demais, sabe? Às vezes, me pego projetando sonhos e planos tão grandiosos, esperando que tudo se encaixe de uma forma que idealizei, quando a realidade acaba sendo bem diferente. Eu já passei por isso em 2009 e, de novo, em 2013. Na época, eu não enxergava isso, mas agora vejo que ambos os anos foram bem significativos para meu crescimento, apesar de não terem sido o que eu imaginava.

Em 2009, as coisas não saíram como planejei, mas olhando para trás, vejo como cresci com as dificuldades que enfrentei. Foi um ano de aprendizado, onde pude amadurecer de formas que eu não havia previsto. E em 2013, mesmo com todas as frustrações, também aprendi muito sobre mim mesma. Foi difícil, sim, mas também foi um ano onde pude perceber que, por mais que eu tenha tentado controlar o que aconteceria, muitas vezes não podemos determinar o rumo das coisas. E isso é OK. Aceitar que as coisas acontecem como são, sem o peso de expectativas que criamos, tem sido um dos maiores desafios que eu enfrento.

Eu agora reconheço que esse era o erro que cometia: planejar demais, esperar que tudo acontecesse como nos meus sonhos, sem deixar espaço para viver o presente. A angústia de 2013, o peso de não ter conquistado o que eu queria, muitas vezes me fez esquecer que não há um caminho único ou certo. Que a vida é feita de altos e baixos e que não posso controlar tudo. No final, percebo que, mesmo com os percalços, ambos os anos me trouxeram algo valioso: aprendizado, resiliência, e um carinho imenso por tudo o que aconteceu, mesmo quando parecia que nada dava certo.

Não sou mais aquela pessoa que se deixa consumir pelas expectativas. Hoje, posso olhar para 2009 e 2013 com carinho, com a certeza de que cada ano, por mais que tenha sido difícil, me trouxe algo que eu precisava aprender. E não estou mais tão preocupada com o futuro. Estou tentando aprender a viver o agora, sem pressa, sem cobrança excessiva. Porque, no fim das contas, a vida não é sobre alcançar um ideal perfeito, mas sobre viver cada momento da melhor maneira que podemos.

Sei que a vida adulta me exige mais responsabilidades, mais escolhas, mais aceitação. E sei que, aos poucos, eu vou me encontrar nesse processo, sem precisar me desesperar, sem precisar que tudo se encaixe no molde que idealizei. Apenas vivendo e aprendendo com cada momento.

Eu nunca imaginei que 25 anos fosse tão complexo

Na minha cabeça, aos 25 eu já teria feito tantas coisas: teria uma carreira consolidada, um caminho traçado, algumas conquistas visíveis. Me imaginei sendo essa pessoa bem-sucedida, no topo, com a vida “organizada”, como nos filmes e séries que eu via. Mas a verdade é que, quando cheguei a essa idade, me senti mais perdida do que nunca. E tudo bem, porque talvez esse seja o ponto.

Aos 25, o peso de ser adulta parece cair de uma vez, como se, de repente, eu fosse obrigada a deixar para trás as incertezas da juventude e tomar o controle absoluto da minha vida. E é aqui que o baque acontece: não existe um manual de instruções para ser adulto. Não existe uma linha do tempo universal, uma fórmula pronta para o sucesso.

O medo do futuro, ou talvez o medo de nunca me encontrar, tem sido uma constante

Eu estava acostumada a ter uma ideia mais clara do que seria da minha vida. Aos 20 anos, as coisas pareciam mais fáceis de se imaginar, como se o futuro fosse um caminho já desenhado, como se bastasse seguir algumas linhas e tudo estaria resolvido. Mas aos 25, o que era claro, virou um borrão. Não sei se é o medo do desconhecido ou a sensação de que o tempo está se esgotando, mas algo mudou. Agora, tudo parece estar em aberto, e, ao mesmo tempo, sinto-me perdida.

Eu me vejo entre dois mundos: o da juventude que está ficando para trás e o da maturidade que, na verdade, nem parece ser tudo o que imaginei. Sinto que não sou mais adolescente, mas também não sou adulta de verdade, ou pelo menos, não da forma como a sociedade parece esperar. O pior disso tudo é a sensação de estar no meio desse limbo, como se estivesse tentando encontrar um lugar para me encaixar, mas sem saber exatamente qual é o meu lugar.

O que me assusta é o futuro. E não apenas o futuro das grandes conquistas, mas o medo de nunca encontrar um caminho, de me perder em meio a tantas possibilidades e não saber qual delas seguir. Será que estou indo na direção certa? Ou será que os meus sonhos não são realmente meus, mas sim um reflexo do que a sociedade me ensinou a querer?

É difícil não se questionar quando o mundo ao seu redor está sempre mudando e os outros parecem estar seguindo um roteiro mais claro, mais definido. Enquanto isso, eu fico ali, com medo de não estar fazendo o suficiente, de não ser suficiente. Como se minha vida estivesse prestes a começar, mas com um peso de insegurança sobre cada passo que dou. O que eu sempre imaginei ser o “caminho certo” começa a se desfazer, e eu me pergunto se estou me afastando daquilo que era esperado de mim ou simplesmente me permitindo viver o que é mais verdadeiro para mim.

Outro medo constante é o de me sentir velha demais para começar algo novo. Começar a faculdade aos 25, por exemplo, me parece um movimento tardio. Não estou mais naquelas energias vibrantes de quem sai do ensino médio com o mundo a sua frente. Não sou mais aquela jovem cheia de sonhos e certezas. Mas, ao mesmo tempo, há algo dentro de mim que grita que o mundo ainda precisa de uma jornalista como eu. Que minhas palavras, minha visão, minha forma de entender a vida têm um valor. Sei que tenho algo a dizer. Sei que tenho algo a compartilhar, algo que é meu e que só eu posso trazer ao mundo.

Tenho medo de falhar, de continuar sem um norte, de olhar para trás e ver que não fiz nada de relevante. Mas, por outro lado, também tenho medo de não tentar, de me acomodar na insegurança e deixar as expectativas do mundo me afastarem daquilo que realmente quero. Sinto que, mesmo com os medos e as incertezas, ainda há uma chama dentro de mim que insiste em acender. Talvez essa chama não seja tão forte como antes, mas ela continua lá, me lembrando de que há algo além dessa dúvida, de que posso encontrar meu caminho, mesmo que ele não seja o que eu esperava. Não sei onde vou chegar, mas sei que, enquanto houver esse impulso, eu preciso continuar tentando.

Tenho mais perguntas do que respostas, e talvez seja isso que me assusta tanto

O medo do que está por vir, o medo de não me encontrar, de não ser quem eu esperava ser, é esmagador. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim ainda quer tentar. Sei que ainda tenho muito a aprender, a descobrir, e embora o futuro seja um nevoeiro que me impede de ver claramente para onde estou indo, há algo em mim que diz para seguir em frente, mesmo com o medo.

Eu não sei se vou chegar aonde quero, mas sei que não posso ficar parada, esperando que o tempo decida por mim. Tenho que viver o meu caminho, mesmo que ele seja cheio de dúvidas e confusão. E, quem sabe, no meio desse nevoeiro, eu me reencontre.

Às vezes, parece que tudo é tão difícil, mas é nesse lugar de incerteza que, talvez, as respostas mais importantes se revelem. Não tenho todas as certezas que imaginava ter aos 25, mas quem sabe? Talvez, um dia, a neblina comece a se dissipar, e eu descubra que o caminho foi exatamente o que precisava ser. E, no final, o importante não é o destino, mas a coragem de continuar a jornada.

Depois dos 25 | Expectativa x vontade

 

Prestes a completar 25 primaveras, fui tomada por uma avalanche de reflexões que, de certa forma, me acompanham. A pressão para seguir o fluxo: casar, ter filhos, construir uma vida “estável” está cada vez mais presente, mas não consigo me ver dentro desse roteiro. Sinto como se estivesse vendo todos ao meu redor dando grandes passos para uma fase da vida que não estou preparada para atravessar.

Olhando para o que as pessoas esperam de mim, parece que a vida de “adulta” é essa: ter um parceiro, uma casa, filhos. Entretanto, me pego confabulando a respeito dessa cobrança da sociedade e dos parentes, a fuga da pecha de solteirona e o medo de morrer sozinha. O peso de já ter 25 anos e sentir que ainda não havia feito nada da “minha vida” me deixa nesse léu, onde tento juntar evidências acerca dos meus verdadeiros desejos, não as expectativas alheias. Vejo-me longe da ideia de construir algo que todos parecem estar fazendo ou estou posando de rebelde sem causa?

Aquela ideia de que, aos 25, você deveria já ter um casamento sólido, um trabalho estável e filhos (se não tivesse um, ao menos estivesse no caminho para isso) me causa um desconforto imenso. Sinto-me uma estranha no ninho, como se estivesse vivendo fora do tempo. As conversas sempre giram em torno de casamentos, bebês, planos de futuro. E lá estou eu, sem um plano claro, sem saber se o que todos dizem ser “o próximo passo” é realmente a direção que quero seguir.

O que é o certo, afinal? Viver de acordo com essas expectativas ou construir um caminho só meu, no meu ritmo, sem precisar me apressar para que a vida se encaixe no molde que a sociedade quer que ela tenha?

Hoje, vejo que a pressão social pode ser uma das maiores armadilhas que nos colocam, embora também acredite haver algo de errado comigo por não querer seguir esse roteiro, as etapas de um fluxograma que não me permitem ter autonomia. Entendo que cada um tem seu tempo, e muitas pessoas estão, agora, nessa fase da vida, mas o meu tempo não precisa ser o mesmo. E está tudo bem com isso.

Tenho outros sonhos, outras prioridades. E, se o caminho da maternidade ou do casamento surgir algum dia, que seja no momento em que eu realmente queira, e não porque todo mundo está nessa vibe. Que eu não me sinta pressionada a estar em uma fase só porque a idade me diz que é hora. Para mim, a felicidade não tem idade, nem roteiro, e não existe pressão para ser quem você não é.

25 desejos

Sandy Cheeks.

Depois dos 25 | O primeiro parágrafo pode ser o fim e ninguém sabe

 


Sempre chove no meu aniversário e esse friozinho gostoso acaba me completando mais que uma daquelas noites quentes em que nenhuma posição me conforta.

Meu apetite não é tão voraz quanto eu pensava. As borboletas no estômago me recordam isso.

Antes eu me enganava, assistia o que não gostava, cultivava “pessoas” para manter “lembranças” daquilo que nunca havia existido, mas me esforcei para que uma vez ao menos fosse especial para alguém, não sem antes me odiar um bocado por nunca corresponder às expectativas.

Ilusão de que os problemas eram pequenos e eu mais alegre. Sei que não passou disso. Outra utopia que alimentei, confundindo de novo os sinais, a exemplo daquilo que aconteceu com aquele garoto por quem pensei estar apaixonada.

Foi bom reconhecer que fiz o papel de otária porque com a dor eu teria a vergonha na cara que me faltou por tanto tempo, para discernir que eu merecia muito mais que migalhas.

Fui observadora em vez de protagonista. 
Que se foda a novela! Todas elas! 

Cobrança disfarçada de entretenimento. Arquétipos comportamentais descartáveis. 
Engoli minha opinião para ter sanidade. 
A sala de espera me torturou. 
Passei longe da prateleira onde o destaque era uma série de dicas para ser magra e linda como aquela atriz que está namorando o craque do momento. 
Mas pensei bem se precisava daquilo. 
Cheguei à conclusão de que não.

Fui me reinventando. 
Seletividade. 
Eu precisava de uma palavra-chave que adequasse àquilo que sou agora. 
Até um pouco casmurra, por que mentir? 

Eu não me sinto tão à vontade em festas de aniversário, nem promovendo nenhum tipo de hipocrisia que me obrigue a sorrir para estranhos.

Eu não tenho medo de ser diferente, mas de ser apontada como o problema. 
Porque fui condicionada a me rejeitar por não ser como todas as outras. 
Minha mãe me disse que não se planta um jardim com flores iguais.

O espelho refletia o que aquele programa imbecil de fofocas pregava. 
Puta merda! Que padrão mais chato! 
Quem faz parte dele? 
Uma minoria, sem dúvida. 
Coando, mutilando, oprimindo. 
Um padrão melancólico e abrasivo do que é certo para alguém, não para mim. 
Porque não é correto percorrer objetivos que amanhã ou mais tarde se perderão.

Tem um mundo que esperava o meu olhar. 
Porque se essa tal de verdade suprema é outra balela, descarto as mais insensatas hipóteses e percebo nitidamente que se eu pensar por mim, cabe também decidir de que lado me sentirei bem.

Quero fazer o bem, mas essa coisa de posar de santa não me faz a cabeça. 
Inha não é comigo, acorda! 
Acordei! 

Normal não sou.
É um praxe rotular. 
Sem conhecer, principalmente. 
Aquela coisinha inconsciente, displicente e tão humana. 
Nem sempre justa, nem sempre condizente.

E de louca e pecadora tenho muito, não é pouco. 

O que posso ter para brindar? 

Eu mal sei beber. 
Essa coisa de me conter, falo mesmo, é um saco!

Minha boca “suja” é mais limpa do que muitos corações ditos “puros”.

Tenho poucos amigos. 
Pouquíssimos. 
Confiar plenamente aniquilou minha paciência. 
Tem gente que abusa desse negócio de intimidade. 

Um silêncio delineado com o caderno aberto e uma caneta são o meu tesouro, bem mais que dinheiro enterrado, brindes com champanhe importado.

Vinte e cinco primaveras e nenhuma flor. 
Nem me venha com rosa-vermelha e frase feita, meu bem. 
Não me chama de “mô”, porra. 
Quero um amor que ninguém nunca me deu, um amor para chamar mesmo de meu. 
Até nas mais doidas projeções. 
Uma história confiada, polida aos mínimos detalhes pela personalidade. 

Um poema pela metade ainda vale mais que a dignidade de alguns. 
Sem ponto nem nada. 
O primeiro parágrafo pode ser o fim e ninguém sabe.


By Mary <3

*escrito no dia 16/11/2013.

Crescer é complicado e necessário, ninguém escapa

 

Às vezes falta coragem para mudar. Um simples gesto. Uma palavra qualquer, desde que não destrua a alma. Muitos proferem maldições sem se darem conta. Lamentável. Deprimente. Inaceitável.

Sinto vontade de chorar e a suprimo o quanto posso, até onde é possível. Não escondo a dor sorrindo, mas também não escancaro o sofrimento. 

No silêncio de minhas punições, sou a rigorosa juíza que imperdoavelmente me julgo culpada de todas as acusações, sem álibi, sem testemunhas a meu favor.

Chegou mais um dia. Outro dia. Comum. Nublado. Sem perspectivas de novos tempos. As mesmas palavras se reciclam, acreditando que ainda poderão me convencer de não romper com o passado, mas é preciso.

Chegou o dia em que não me contento com as velhas mentiras que por muito tempo acalmaram minha latente rebeldia, meu desejo de procurar a felicidade onde quer que ela esteja, ainda que já tenha ouvido que ela mora dentro de mim, mesmo não se manifestando diariamente.

Chegou o dia de crescer. Cedo ou tarde fica evidente que não se pode interferir no ciclo da vida, dos tradicionais desígnios que continuarão existindo, quer eu goste ou não.

Chegou o dia de me confrontar com meus maiores temores e defeitos. Ninguém poderá me salvar de mim mesma, daquela inimiga que diante do espelho revela todas as verdades que calo para manter a sanidade.

Ou enfrento a realidade, ou serei engolida pelo mar das desilusões, amanhecendo na penumbra dos desesperados, o lugar que certamente não mereço estar.

Curitiba, 18 de junho de 2011

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