Nosso tempo não era aquele (sobre amores interrompidos)

 

Não foi falta de sentimento, descuido ou má intenção. Foi só o tempo, aquele velho sabotador de histórias lindas demais para caberem no presente. Um pacto silencioso que esgarçou nossos laços antes que pudéssemos nos dar conta. Estamos sempre nos desencontrando nas linhas tortas da vida, os motivos ainda não me parecem muito claros.

Em alguns dias me pegava pensando em como seria se a gente tivesse se encontrado depois. Quando eu estivesse menos machucada, quando ele estivesse menos confuso. Quando fosse possível amar em voz alta, não ceder ao medo do ridículo e recuar. Quando as convenções não contribuíssem para inibir o bem-querer.

O que vivemos nem chegou a ter nome. Foi aquele tipo de história que você não sabe se classifica como amizade intensa, quase-amor, ou ensaio de algo que nunca estreou. Foi doloroso, sem eufemismos. Superar o término do amor que nem começou. Não menos amor, não menos intenso, não menos verdadeiro. Até hoje tropeço no seu nome quando alguém pergunta “quem foi seu grande amor?”.

Não foi.
Ou foi.
E isso é o mais cruel — porque histórias interrompidas não morrem. Elas se repetem em sonho, em flashback, em música. Ecoam inconscientemente. Não faz sentido tentar terminar algo que nem iniciou.

Esperar o quê? Por quê?

Hoje eu não o espero mais. Não crio cenários conosco. Às vezes, entretanto, quando o mundo silencia, me pego sussurrando um “e se?” que ainda me atravessa inteira.

Nosso tempo não era aquele.
E talvez nunca seja.
Mas, por um instante, quase foi.
E isso… já foi tudo.


🖋️ Com carinho, dos Cadernos de Marisol

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