Sobre o amor que não ficou, mas me devolveu a mim mesma
Por Mary Luz
Nem todo amor precisa durar para ser verdadeiro. Subjetividades à parte, não estou aqui para entrar no mérito de eternidade ou efemeridade. Sei pouco sobre o amor, menos do que deveria, talvez… só sei que ele às vezes só precisa passar, deixar uma marca, uma rachadura, uma lição.
Nem todo encontro é promessa de final feliz. Caindo de novo numa percepção mais intimista e sensível, nem todo final em aberto é necessariamente um insucesso, bem como o que parece perfeito e saído de um sonho pode ser pesadelo velado.
O amor não ficou. Não para sempre. Não seguiu fórmulas prontas, nem os mesmos atalhos que interligam os clichês rotineiros.
Segurou minha mão quando tudo desmoronava, caminhou ao meu lado enquanto meus passos eram vacilantes e inseguros, mas não trilhou o resto da estrada por mim.
Ensinou-me muito, especialmente sobre intenção, que o amor de verdade não nos faz implorar por presença, ela é consequência de quem contorna os obstáculos para fazer acontecer; não desaparece quando a gente mais precisa de palavras.
Ele me ensinou que reciprocidade não é luxo — é base. Que o amor que vale a pena começa pelo respeito, pelo cuidado, pelo “como você está?” que vem sem interesse escondido.
Aprendi também que o que me doeu não foi só a ausência dele. Foi a minha ausência de mim.
O quanto eu me diminuí para caber nas expectativas de pessoas que nunca fariam por mim nem metade do que eu faria por elas.
O quanto me calei para manter perto alguém que já estava de partida, por não aceitar os fatos, brigar com eles e retardar meu progresso.
Este amor não foi eterno nem perfeito, mas durou o suficiente para que quando me perguntam sobre ele, eu responda sem titubear: não penso mais com dor.
Ele não ficou, mas me ensinou a não aceitar migalhas, não mendigar afeto, parar de confundir intensidade com amor. E, sobretudo, a nunca mais escolher alguém que não me escolhesse de volta.
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