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Gabi

Sábias reflexões de Confissões de Laly


Hoje, 3 de fevereiro, uma antiga amiga muito especial completa mais um ano de vida. Estamos separadas agora por um continente de distância, seguimos caminhos diferentes, no entanto, isso não significa que futuramente não possamos retomar contato e nos falar; dela só guardo boas lembranças e um carinho enorme.
Com ela, aprendi que quando você semeia amor, a vida o devolve. Essa lição me tornou bastante exigente em matéria de amizade porque aprecio pessoas como Gabi, que lutam pela amizade, demonstram afeto, preocupação, incluem você de verdade na vida delas, mesmo na correria, sempre dão um jeitinho de conversar, algo que não tenho mais.
Na época, por motivos bem idiotas e uma parcela de culpa minha, acabamos nos afastando, mas sou uma pessoa que, quando reconhece que cometeu um deslize, vai e pede desculpas. Admito atitudes e falhas que me envergonham, no entanto, tive oportunidade para pedir perdão e ser perdoada, pois pudemos, com mais maturidade, conversar sobre o passado sem mágoas, as lembranças boas e divertidas que construímos sobrepujavam as ruins e amargas.
Sempre desejarei toda felicidade do mundo a essa pessoa de bom coração, de caráter íntegro e idôneo, que desde criança esbanjava alegria e luz para quem se deixasse cativar. Feliz aniversário, Gabi. 
Este texto foi uma forma catártica de dar um passo significativo para reconhecer meus erros e avaliar o ocorrido com serenidade e calma, aprendendo a me colocar no lugar dela.

Tudo pela ideia de alguém gostar de mim


 

Estou a léguas distantes de ser a maior simpatizante ao Dia dos Namorados. De fato, nunca foi minha data favorita no calendário, pelas mais diversas razões, que não vêm ao caso, embora se relacionem à hipocrisia e ao péssimo estigma da condição de “solteira” como sendo alguém que supostamente falhou no cumprimento das expectativas da sociedade e ainda não se realizou.

Reflexões de Ceci

 N/A: Encontrei esse texto de 2018, cuja narradora é a Ceci Paternostro ♥, da obra Aconteceu naquela tarde de verão. Cecília completará 5 anos de criação em agosto. Submeti o texto a uma revisão, reedição e reescrita. Conjugando corretamente o pronome da pessoa amada. B não é biscoitinho da sigla. Nós existimos.

Toda forma de amor tem espaço no OCDM

A postura de quem passa por todos os estágios de um coração partido é a mais defensiva possível. Erguemos uma muralha à nossa volta no intento de proteger o pesado portão para barrar possíveis ameaças. Invejamos o Homem de Lata, que não tinha coração, porque dói tanto olhar para a hora que não passa, sentar diante de uma mesa vazia e o silêncio incomodar mais do que a bagunça. 
Viver dói.
Esquecemo-nos de que o mesmo amor que machuca, também pode ser a cura.
Esquecemo-nos de não determos o controle de nada. Na inútil tentativa de buscar segurança em qualquer subterfúgio que não exponha nossa fragilidade, nos machucamos e deixamos rastros de nossa imaturidade por todos os cantos.
Esquecemo-nos de que pedir desculpas não nos desumaniza, lutar pelo amor não nos torna tolas, fracas e desconectadas da realidade.
Muitos recuam ao sinal do primeiro obstáculo, desistem de lutar à medida que não se sentem merecedores do amor que sentem, dizem amar quando desejam tão somente a afirmação e aprovação da sociedade inclinada a demonizar a solidão, condenando aqueles que por inúmeras razões esperam a uma condição injusta de doente, inapto, incapaz, desinteressante. 
E depois de um coração partido, a impressão que se tem é a de que o amor apenas serve para machucar, que todas as pessoas são uma ameaça em potencial.
Escondemo-nos de que, mesmo excedendo as intimidades, tentam nos tirar da concha. 
Escondemo-nos de qualquer convite tentador que nos furte o conforto trazido pela inércia.
Escondemo-nos de nós mesmos, suprimindo também a capacidade de florescer amor.
E nessa brincadeira de pique-esconde com o universo, surpresas acontecem. Não antes que o coração cale-se para se ouvir. E se ouvir sem pudor. Aquele mergulho interior que deixa as paredes da alma arranhadas como se fossem um disco que nunca para de tocar.
O apego desmedido tornou-me refém do egoísmo. O sentimento predominante não se chamava amor. Era a junção de traumas, inseguranças, expectativas distorcidas. O medo de perder era tão imenso que nunca me permitia viver o presente. Os pensamentos projetavam um futuro sombrio sem ela, o passado retornava em doses esporádicas de gatilhos. O ninho de amor era um lugar solitário e não mais o pacto entre duas pessoas que se entregavam ao desejo e poderiam se demorar, o único compromisso urgente naqueles bons tempos era amar.
Deixou de ser. 
A passarinha escolheu pousar no meu ninho porque naquele momento não havia mais nenhum lugar no mundo no qual se sentisse acolhida e segura. Éramos cúmplices, confidentes, planejávamos para aquele futuro distante. Felicidade demais sempre embrulhou o estômago. Eu sabia, sabia que estava perfeito demais para ser verdade. Eu aceitaria tudo, menos te perder. Eu daria literalmente tudo por você. Ninguém me interessava mais.
Em busca de conquistar seu amor para que nós não tornássemos aqueles casais que julgávamos, cansei minha imagem, admito com vergonha que tentei moldar você para ser mais parecida com aquela mulher da minha imaginação, quebrando, portanto, a promessa de amar você do jeitinho que você era.
Nossas longas conversas sobre assuntos aleatórios transformaram-se em longas discussões as quais levantávamos a voz, batíamos portas e passávamos dias sem qualquer contato, como se não passássemos de meras colegas de quarto. O arrependimento vinha e o perdão, banalizado, já não era mais um ponto final ao conflito. A paz, fadada à efemeridade, afetada sobremaneira pelas circunstâncias, passava longe de nós.
As vírgulas eram vislumbres de um novo olhar para a nossa história, mas o que nenhuma de nós tinha coragem de admitir a si própria, estava óbvio para todos os nossos conhecidos. Mentíamos porque a situação, apesar de desconfortável, era conveniente. Eu precisava de você. Eu não queria perder você.
Foi naquela madrugada tão fria e longa a nossa última briga. Você quebrou meu celular várias vezes e eu perdoei porque tentava não dar motivos para desconfianças, depois você me empurrou, deixei passar porque você estava nervosa, mas quando suas mãos me agrediram e colocaram por terra o que ainda havia de dignidade, continuei no chão e ouvi todas as palavras mais amargas do mundo de alguém que abriu a porta e saiu fazendo escândalo. Eu não poderia tolerar isso. Amor nenhum no mundo sobreviveria àquele caos.
Remoer o rancor denota a postura arrogante de quem insiste nos mesmos desatinos sem ter a humildade de aprender com eles. Juntas aprendemos a viver num mundo que exige que “crianças grandes” estejam prontas para todos os reveses, para se curvar sem se envergar.
Juntas aprendemos a amar.
Juntas amamos. E muito.
Juntas demos as mãos, sentamos no chão, nos abraçamos e choramos.
Juntas, já fomos um só coração, mas fomos deixando de ser, porque as metades que nos tornamos deixaram de ser um encaixe harmonioso para ser a lança afiada que torna a convivência cada vez mais pesada.
Juntas ainda podemos aprender, porque a ideia central de uma união é que um braço ampare o outro, que se busque a concórdia, o equilíbrio, que valores primordiais como o respeito e a compaixão pela outra parte estejam acima de quaisquer interesses escusos.
As pessoas que passam pela nossa vida irão quebrar nossos corações de alguma forma, é inevitável, diante do encontro das almas, da marca que deixamos nelas também. Aprendemos, assim, que o sofrimento faz parte da nossa jornada de evolução, que sempre estaremos à frente de um obstáculo que nos exige coragem, força e sabedoria. Não caminhamos em linha reta. Estamos sempre fazendo escolhas, até quando silenciamos.
E falar de coração partido é virar a outra face da moeda para enxergá-la, de fato.
Se tive o coração partido, também parti outros corações. E estou não apenas refletindo sobre a situação, como ponderando cada visão de mundo envolvida, porque estou amando novamente e espero oferecê-la a versão mais madura de mim, aquela que enquanto deu um tempo ao coração, ouviu realmente o que ele queria dizer.
Durante a negação quis crer que a culpa não foi minha, durante a tristeza esperei pela ligação que jamais aconteceu, durante a raiva arrependi-me de cada jura de amor, o ódio foi o meio menos digno de remover-te do pedestal e durante a suposta “aceitação”, findei-me na premissa de que chegava o momento arrastado para debaixo do tapete: ser a minha própria namorada.
Viver sozinha era menos trabalhoso e me asseguraria à segurança emocional tão necessária, constatando apenas quando meu coração voltou a bater por alguém que eu não queria passar a vida inteira solitária e me privando de amar com a intensidade que me define, apenas esperava pela certeza de ser correspondida. Agora que sou, recuo.
Os livros não contam, você descobre por conta própria: os adultos também sentem medo, apenas não podem reproduzi-los da maneira que uma criança tem autorização. Admito sem firulas que sinto medo. Não de amar. Não de ser correspondida ou de não ser. Não de que o nosso “para sempre” não dure o previsto. Temo que o egoísmo e a vaidade me dominem outra vez, de amar sem reservas e me esquecer de que quem caminha ao meu lado precisa da segurança a qual não sei se posso oferecer, porque nem mesmo confio em mim às vezes.
Eu também estou aprendendo a amar. A me amar. A respeitar limites. A me tratar com o respeito que jamais me tratei. A aprender a diferença entre ser uma pessoa boa e ser uma pessoa boba. A perdoar. A me perdoar. A dominar meus pensamentos ou pelo menos administrar melhor as crises.
Sinto medo de ter medo. Medo do desconhecido.
Talvez tenha chegado a hora de tomar partido e preparar-me para as eventuais consequências. Estarei pronta para assumir ao mundo o meu verdadeiro eu, ou por assim dizer, um recorte discreto, mas sincero do meu verdadeiro eu?

até mais, vó (nove meses sem ela)

 

Quando o carro descia daquela rua de barro e virava à esquerda, parando em frente ao portão daquela residência de fachada verde, não era preciso esperar muito, logo a porta da cozinha se abria e cortando caminho pela garagem coberta, com um sorriso largo no rosto, vinha ela abrindo os braços e dizendo nossos nomes, limpando as mãozinhas no avental e pedindo desculpas pela bagunça, bagunça essa inexistente porque o chão estava sempre limpo e encerado, não havia louças na pia nem no escorredor, nem pó nos móveis ou vidros sujos, tudo estava no devido lugar.

Havia um galinheiro no quintal e também alguns pés de couve, além de um pé de ameixa e um abacateiro. Suculentas, samambaias, roseiras e as flores-de-maio. Havia sempre uma dupla de cachorrinhos a nos receber no portão, pulando, lambendo, chorando de alegria. Havia uma gatinha dorminhoca e fujona. Havia sempre uma criança batendo palmas no portão para comprar um geladinho. A plaquinha estava pendurada no poste e ainda hoje não encontrei geladinho mais saboroso que os feitos por vovó, os industriais são artificiais e a receita secreta do deleite, ah, foi-se com ela.

Havia sempre um bule com café fresquinho, um cestinho com pães, uma colherzinha dentro do açucareiro, um pires para apoiar a xícara, um bolo feito ou comprado no mercado. Havia naquela mesa de madeira retangular uma senhora de bom coração que atendia por “vó”, para quem o peso da idade tardava a chegar, a mulher sorridente, invencível, a grande rocha, o eixo que sustentava o restante da família, o ponto de ligação entre o início e o infinito.

Era costume olhar para o relógio de parede da cozinha porque do lado dele havia o calendário do ano vigente, propaganda de algum estabelecimento comercial daquela região. Escutava as anedotas às vezes austeras, às vezes engraçadas. Nos dias de sol era hábito sentar-me em um degrau qualquer e contemplar o céu, acariciar e brincar com os cachorros e evocar as lembranças de quando eu era uma criança como aquelas que ainda brincavam na rua porque o tempo e a escolhas acabaram por afastar os corações até que eles não mais se recordassem do ritmo singular daquelas batidas, até chegar o dia em que duas antigas confidentes tornaram-se verdadeiras estranhas uma para a outra e todas aquelas promessas de amizade eterna irem pelos ares.

Havia uma pilha de fotografias, muitas dispostas em álbuns, outras avulsas em uma caixa de presentes. Naquela cama de casal nós nos sentíamos em casa e da janela dava para ver o quintal e um pouco das fronteiras além do muro. Nas mesinhas de cabeceira, cartelas de remédios. Para estabilizar a pressão, para as dores nas costas, no entanto, mesmo argumentando que do pique de outrora já não mais desfrutava, ainda assim conservava o frescor da juventude, posto que os resquícios da mulher bela que foi ainda não haviam sumido.

A pele do rosto ainda era firme e brilhante, as ruguinhas eram aquelas inevitáveis, nos lábios um batonzinho rosa, o lápis desenhava as sobrancelhas finas e embora a briga com a balança fosse uma constante, a magreza lhe roubaria (como roubou) o charme. O cabelo estava sempre hidratado, pintado, escovado, na altura dos ombros. As lindas unhas, pintadas e bem cuidadas, os esmaltes cintilantes e também os escuros, o estojo de manicure, os diversos acessórios que utilizava, todos organizados.

Havia sempre um bolo, um prato salgado, pés de couve, o que quer que fosse, para se levar para casa. Havia sempre um tom de lamento quando chegava a hora de ir. Havia sempre um abraço dentro da casa e outro já no portão. Havia sempre um aceno amoroso na frente da casa conforme o carro virava a esquina para pegar a estrada. Havia, no ar, o gancho para uma próxima vez.

A mãe dela, minha bisavó, viveu mais de noventa anos e se não fosse pelo câncer, teria chegado aos 100. Se vovó continuasse naquele ritmo, seria centenária, pelo menos era o que todos pensávamos. A morte batia nas portas de outros lares e o nome dela parecia relativamente distante no pergaminho, mas como podemos nos enganar por ilusões?

Dona Morte preparou uma emboscada para vovô e o relógio de parede parou no exato instante em que ele, do outro lado da cidade, deu o último suspiro. Após aquele dia, de fato, a rocha desmoronou. Estávamos todos tão equivocados, embora receássemos que aquilo acontecesse porque tínhamos alguma noção do quão devastadora poderia ser aquela separação forçada e inevitável, imposta pelo próprio ciclo da vida.

A subestimada hipérbole antecipou o adeus. O cansaço abateu-se sobre ela. Onde antes havia tanta vida reinava aquele silêncio constrangido, acuado, resignado. Os móveis foram trocados de lugar, mas aquelas paredes guardavam lembranças insuperáveis e a dor da saudade era maior do que tudo. O vazio que preenchia o coração dela era grande demais para ser consolado com frases feitas.

Receber a notícia do diagnóstico pelo telefone foi um choque. A negação blindou-me. Poderia ser um daqueles casos nos quais os médicos seriam surpreendidos com um milagre porque minha mãe orou, orou com todo o coração para que vovó fosse curada, por mais desfavorável que fosse o prognóstico.

Eu sei que estou morrendo, fia. A dor a consumia, roubando-lhe o apetite, o viço, a dignidade, a autonomia, o sopro de vida. A leitura da bíblia lhe trazia alento. Para um Deus capaz de tantas maravilhas por seus queridos filhos, não custaria tanto curar um tumor raro e permitir que uma boa senhora ainda pudesse conhecer, abraçar e amar a obra mais bela que construiu: a família.

As injeções de morfina prolongavam o sofrimento com a promessa de aliviar as dores, mas o corpo enfraquecido ainda assim resistia porque todas as vezes em que a vida lhe derrubou, conheceu dentro de si a força para se reerguer e dizer em voz alta ao medo que ela era mais forte do que ele.

Agora o próprio medo assumia uma postura mais humana na abordagem, tomava a face de seu amado e lhe sussurrava para não temer, pois a dor estava próxima de chegar ao fim, que chegava a hora de descansar. O paradoxo era mais do que um contraste, era o melhor narrador da história. Por um lado, não era justo alguém ser devorado por um tumor agressivo e perverso, triunfante por ser incurável. Por outro, a revolta pelas orações cuja resposta destoou das expectativas, a sensação gritante de impotência diante de um porquê sem explicação, a tristeza pela despedida que não aconteceu.

Quando vovó, mesmo debilitada pelo luto, acenou para nós naquela última e emblemática visita, não disse adeus enquanto sorria e via o carro dobrar a esquina como fazia toda vida, mas as páginas da vida redigiam o texto e buscavam a melhor entonação para aquela despedida.

Não quisemos chorar na frente de mamãe, ela estava devastada, vivendo um momento desafiador na segunda revolução de Saturno, dizendo adeus à última pessoa fora de nossa casa que a amava incondicionalmente. Tentamos transparecer que poderíamos suportar aquela grande e irreparável perda sem agigantar o já inevitável sofrimento.

A casa da minha avó sempre foi um elemento relativamente comum em meus sonhos, hoje é ainda mais. Às vezes vejo aquele quintal verde e da casa transborda alegria, ela continua ativa e linda, há música tocando, há festa, há alegria, há confraternização, há café quentinho, há bolos saborosos na mesa da cozinha, há cachorrinhos recebendo as visitas no portão, há crianças batendo palmas para comprar geladinho, há abraços longos, sinceros, perfumados, há amor.

Na configuração original daquele lar, os únicos degraus eram aqueles que separavam a porta da frente do quintal, mas nos meus sonhos a casa é tão grande quanto o coração dela, há vários andares, há frondosas árvores ladeando a propriedade, há velhos conhecidos deixando as rusgas de lado para retomar contato, há sorrisos, há lugar para todos, há flores-de-maio desabrochando em pleno verão, há balanços para sentir frio na barriga, não há relógio algum no pulso nem na parede, ninguém olha o celular, ninguém se importa em contar as horas, porque quando se vive um momento especial, o presente é o centro do universo e a maior de todas as dádivas.

Só sei que é tarde quando olho a hora no decodificador e ainda meio zonza me dou conta de que apenas sonhei e enquanto ocupo as horas para não padecer à melancolia, reflito sobre tudo que gostaria de ter-lhe dito e nunca consegui, sobre o momento presente, sobre quem continua presente, sobre um meio de demonstrar todo o meu amor de modo a nutrir no coração a certeza de que o amor é um laço que nem a morte destrói.

Vó, espero que o céu seja um bocadinho parecido com o que vejo nos meus sonhos, espero que esteja bem e saiba que sempre te amei e amarei. Quando nós aqui lamentamos a sua ausência, os céus festejaram a chegada de alguém especial e então você pôde dançar sem medo das limitações, reencontrar pessoas que partiram antes e tantas saudades deixaram, pôde, enfim, encontrar-se com Deus. Meu conforto se sustenta justamente nessa certeza tão firme de que Deus te acolheu bem e dia a dia renova as forças daqueles que ainda precisam prosseguir.

Pode ser que nunca mais o carro dobre a esquina e vejamos você abrir a porta para nos receber, mas quando eu chegar aos céus espero muito a encontrar, ou melhor, reencontrá-la, para que quando nos aproximemos, tenhamos a confiança de que o tempo foi apenas um conceito relativo, uma provação para fortalecer o afeto, o caráter, porque quando esse momento chegar, terão ficado para trás também as dores, angústias e fraquezas humanas, terá chegado a hora de abraçar e regozijar e caminhar rumo a uma nova era, rumo a novos sonhos, rumo a novos desafios... porque apenas o corpo expira, nossa alma permanece porque é composta por amor e o amor nunca morre, nunca, nunca, nunca morre.

Atrevo-me a dizer que amo hoje muito mais do que julguei possível amar

Advertência da autora: Este texto é puramente ficcional, ou seja, não possui nenhum compromisso de retratar a realidade, assim como não se trata de conteúdo autobiográfico por ser escrito na primeira pessoa do singular. É sempre bom esclarecer para uma melhor experiência de leitura. Obrigada. =)


A finitude do verso infinito

 

Casal apaixonado no The Sims (Reprodução/The Sims 4/Arquivo pessoal da Mary)

Sou aquela que conversa mentalmente com a Lua. Nem sempre a vejo, mas sei que voltará.

Por você e por mim

e

Não digo que te amo porque é cedo. Não falo do medo que assombra a timidez. Falo dessa tarde que evidenciou o gostar. Do gracioso balé das borboletas. Das coisas que por tanto tempo escrevi para os meus personagens sem saber que poderia acontecer comigo. E que seria você. Que a sua felicidade reacende a minha. Que agora entendi por que parecia uma eternidade para o amor chegar.
A beleza está caprichada nos detalhes. Quero repartir contigo até aquelas banalidades do dia-a-dia porque não só gosto de falar com você, como gosto de poder ser apenas quem sou. Comove-me lembrar de que você também gosta de mim do jeito que sou; se é cedo para dizer eu te amo, já está em tempo de dizer que gosto muito e esse gostar me acolhe logo agora numa noite doce por ter a lembrança do seu coração batendo forte juntinho ao meu.
 Os problemas continuam aqui, mas não me sinto só porque sei que tudo que tem de ser bonito não faz par com a pressa e nem se perde com a má vontade. Quando a saudade no meu coração era mais forte que tudo, clamei a Deus para que falasse comigo. Uma joaninha apareceu de repente na minha roupa. Você estava por perto e eu queria mais do que tudo ficar só um pouquinho do seu lado.
 Não estava nos meus planos te conhecer e que você pouco a pouco passaria a viver do lado dentro do meu peito. Uma cócega no meu âmago Durão e acostumado a não deixar ninguém se aproximar. O vocábulo que melhor define o meu afeto é natural. Poderia enfatizar em caixa alta ou em negrito, ou naquele choro doído de dezembro.
A joaninha sempre me diz quando você está por perto. Eu verei a joaninha aparecer da próxima vez trazendo o beijo de amor. Ela entende a linguagem de Deus porque para falarmos com Ele basta que sintamos o amor. Quando a joaninha aparecer na janela do meu quarto, sei que estará pensando em mim.
Quero de verdade que você pense em mim porque aqui de não tão longe também estarei pensando em você. Pode saber que se a brisa da noite tocar os lábios sou eu tentando te dizer “boa noite”. Espero que Deus cuide de você e pensamentos bons sempre te acompanhem porque mesmo que as coisas estejam difíceis para mim, tentarei ser forte. Por você e por mim.
Meu coração a você está entregue e eu espero que cuide bem porque, do seu, eu cuidaria mais do que de mim.

 Curitiba, 30 de abril de 2015. ♥

Comunicado importante... ou não...

A desculpa é a falta de tempo, tão bem articulada. É sempre ela, a correria, tão danada que consome todos os minutos e serve para argumentar o tal sumiço que, por mim, já era aguardado. Vocês têm tempo; não têm vontade. Não estou esfregando a verdade no rosto de ninguém, apenas concluindo o meu raciocínio. Pensei, finalmente, haver encontrado leitores que gostavam de verdade do meu trabalho, que se deliciavam com a minha técnica, com a minha narrativa, mas, ao invés disso, percebo a desatenção, a falta de percepção, o completo descaso. Ofereço todos os modos de entrar em contato, divulgo o endereço, faço tudo que está ao alcance, conforme os limites impostos. No entanto, o desgaste emocional compete justamente com a comoção nacional pela lesão do craque.

A idolatria cega a todos. Ninguém percebeu que falta pouco para o Mundial acabar e que, a partir do dia 14, a rotina volta a ser como era antes de meados de junho. Sei que a maioria sentirá falta dos feriados no meio da semana, do expediente pela metade, da cervejada, do churrasco, das cornetadas, de vestir a camisa verde e amarela. É bem capaz que alguém vá perder o jogo para “ler”. Ninguém, né? Ou pelo menos ninguém que eu conheça.

Sou jovem, também vim de origem humilde, nunca tive nada de mão beijada, também tenho tantos sonhos — alguns deles, porém, inviáveis; outros, bem difíceis de se realizar. Eu não sou jogadora de futebol, não sou namorada de craque, não canto funk, não sou periguete; sou apenas uma escritora lutando pelo meu espaço. Alguém que não tem contato com editoras, que já foi plagiada, atacada, maltratada, ignorada. Já ouvi várias vezes que “escritor só é reconhecido depois da morte”, que “o brasileiro não tem paciência de ler textos”. Nenhuma equipe de reportagem se interessou pela minha história de vida, nem pelo meu sofrimento. Minhas lágrimas não estamparam manchetes de jornais, meu talento não é aclamado com a mudança de entonação do âncora do jornal. Eu não tenho fãs rezando por mim na porta da minha casa. Sou apenas uma garota que escreve num blog para fantasmas.

Deus me presenteou com um dom que serve para tocar corações, para me comunicar com outras almas e ajudá-las a enxergar que a vida vai além de ter um namorado, ficar com o menino mais bonito da escola ou faculdade, além de se torturar devido aos padrões de beleza. Tentei mostrar-lhes um mundo novo, diferente, descrito sob o meu olhar. Juro que tentei, dei o meu melhor, quis fazer humor sem ofender, falar de amor sem ser melosa, quis ser a diferença que tanto espero ver no mundo — e não vejo, porque já pensei que algumas pessoas eram especiais, quando na realidade não passavam de fantoches altamente manipuláveis. Tanto é que os mesmos revolucionários que cantavam palavras de ordem nas ruas no ano passado estão de mimimi nas redes sociais, chorando por quem receberá o melhor tratamento médico e voltará a jogar.

Por que o sonho dele é mais importante que o meu, que o da minha irmã, da minha vizinha, do meu amigo?

Todos somos jovens. Podemos não jogar fora do país, mas também tentamos representar bem a nossa nação. Ser patriota não é só sentar em frente à televisão e gritar “gol”, hostilizar argentino, uruguaio, colombiano. É não chutar cachorro de rua, não maltratar idosos em filas, não discriminar as pessoas com deficiência, os negros, os nordestinos. É não aceitar propina, não jogar lixo na rua, não estudar ou trabalhar “de qualquer jeito”. É respeitar, mas quem se importa com regras?

Não quero acreditar que devo abandonar o sonho que me mantém viva porque ele não vai se realizar. Por mim, ninguém irá chorar. Repito: sou uma reles mortal. Não estou no padrão de beleza, não usufruo da fama do meu namorado porque não tenho, minhas palavras são totalmente dispensáveis.

Não me venham com hipocrisia, dizendo que não tenho empatia. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Lamento pelas pessoas que realmente importam na minha vida, os membros da minha família. Rezo por quem merece, por quem precisa, não por quem quer aparecer mais que Deus. Um escritor é tão digno quanto um astro do mundo da bola. Lembrem-se de que nós não somos alfabetizados por jogadores, e sim por professores. Mas quem se lembra deles? 

Não justifico jamais a violência contra quem quer que seja, não desejo o mal nem de quem me deseja o pior. Simplesmente desejo luz até para as pessoas de quem não gosto (e não gostam de mim), porque desejo que essas encontrem seus caminhos e sejam tão felizes, preenchidas de tanto amor que não lhes reste tempo nem vontade de atentar contra ninguém.

Vocês podem usar o tempo da maneira que bem lhes couber, não é da minha conta. Porém, vocês assumiram o compromisso de ler. Vocês me iludiram com palavras amáveis, fizeram-me acreditar que esse sonho valia a pena. Se estavam lendo por dó, sem vontade, que nunca tivessem lido, porque, se vocês não meditam sobre a leitura, não aprendem nada. Continuam escrevendo errado e significa que não estou cumprindo minha missão. Estou falhando, e duplamente, por insistir em cativar um público que já está alienado. Me desculpem, mas é a realidade, por mais dolorosa que seja.

Sabia que a época da Copa do Mundo seria a mais difícil do ano de 2014. Festa para uns, lágrimas para outros. Eu tentava me preparar emocionalmente para a idolatria, para tudo. Mas a verdade é que, vendo tantas pessoas mentirosas e falsas nas minhas redes sociais, vou perdendo a vontade de fazer amizades. Todo mundo se diz tão diferente e simplesmente vive de copiar. Parece que ninguém pensa por conta própria, que a sinceridade incomoda. Se você não assiste ao jogo, rola, sim, aquela sensação de exclusão. Não há nada pior que se sentir assim, como se você não fizesse parte de nada, como se fosse um veneno contra a alegria. Só que não adianta nada comemorar — não temos motivos para isso. Eu, pelo menos, não.

Não vou celebrar o fim dos meus sonhos, não sou masoquista. Não, a esse ponto. Ah, já extrapolei os 140 caracteres. Todo mundo tem preguiça de ler. Então, ótimo: terça-feira tem jogo, curtam muito e idolatrem bastante o camisa 10, chorem e rezem por ele. De mim vocês não vão ouvir mais nada. Também sei que a desculpa do tempo cola bem para tudo. Vocês sempre têm um espacinho para qualquer coisa, menos para o que realmente interessa.

#LalinhaDay Centésimo capítulo no ar (2011)

 


Nenhum outro ano comportaria a atmosfera que, por entre a maior de todas as revoluções, me coloca em outra fase da vida. Não mais do que a criança desajeitada nesse mundo de feras que os adultos chamam de Ensino Médio. As bonecas estão em caixas. Deixaram de ser presente para o passado.

Início, meio e fim. Naturalmente. A música em mim, em nós. Sonoridade à parte, cada um com sua preferência. Aceite as influências ou morra como outro ignorante metido a ser dono do mundo. Do seu quadradinho, sim! E nada mais…

O mundo gira. Em frente ao espelho, sou a diva. Prazer, Lalinha. No que posso ajudá-la? Sei falar de amor e tenho tanto a lhe contar se você tiver paciência de ouvir. Dê-me o privilégio de um parágrafo e eu dar-te-ei meu coração.

Alguns dias no colégio parecem não fazer o menor sentido. Às vezes, tudo é desconexo; não sei se acontece só comigo ou mais alguém se sente “fora de casa”.

E eu sinto realmente a sua falta. Esse é meu orgulho. O adeus machuca, testemunha da magia desse único mês. Tenho certeza de que ficaria feliz se me visse reagindo em meio às lágrimas.

Nos dias de luta, Ordinary world é a canção do coração, xodó do toca-fitas, das noites de reflexão e dos reencontros 10 anos depois. 

No mundo de sonhos só é proibido não sonhar. No mais, a princesa de casacos de moletom pretos e cabelos curtos. Ninguém a enxerga.

Acredito nos meus sonhos e isso me mantém de pé quando há um mundo que refuta meus ideais, condecora idiotices e venera a pobreza de espírito. Sentir-me só faz parte de ser eu.

Ser diferente não é ser “do contra” ou apelar para o bizarro para chamar atenção. Cabeças pensantes erram e incomodam, mas sempre aprendem.

Por onde andei, meus passos registrei. Em cada sonho, uma história de amor e uma contribuição. A força está no abstrato e não aceita definições. Simples assim.

Overdoses de mim. O mundo não respira poesia. Um bordão já sacia o intelecto da maioria. Passar os olhos não é ler. Amar não é dizer “eu te amo”.

A menina de 13 é a insistente estudante de 23. Pelos meus sonhos, vivo e enquanto o fizer, a juventude sustentarei. A música é minha irmã. Nas raízes do pretérito imperfeito está a resposta. Nenhum fio solto.

Quando o amor golpear-lhe, a amizade confortará.

Aqueles amontoados em documentos de que tanto me envergonhava ao som do que a nova geração classifica como velharia são o que faz o tempo voar e haver alguma graça em viver mais este dia.

Ainda é segredo. Não quero retransmissores nem metidos a deuses julgando e condenando Laly. Debaixo deste céu, nenhum exemplo de santidade.

Um preguiçoso sábado. Tantas obras-primas. As peças passam a se encaixar em perfeita harmonia. Até os personagens ganham estruturas mais sólidas e o nublado não mais me amedronta. A maldição vai acabar. Eu pressinto!

À medida que se sucederam os dias e intensificou-se a responsabilidade, apostei como nunca na capacidade de superação, cada vez mais. Perfeição. Tão somente.

Picuinhas e fraquezas. Transformações. Decisões baseadas no fugaz. Incerto. Tudo faz parte de crescer, principalmente quando não sobra outra alternativa.

A cada novo leitor, mais satisfação. Todo mundo precisa de um melhor amigo. Você é bonita como é e eu queria que você estivesse aqui. Em meu coração eternamente. Inocência que se vai e arranca sorrisos, suspiros. De abril a abril, para sempre que quiser.

Antes de ser quem sou — ou penso ser — aprendi a não temer a mudança, por mais esquisito que isso possa soar. 

Em algum lugar, sei que minhas palavras confortarão algum coração, desde que eu continue a me propor a trabalhar com a alma e não unicamente com o prazer de me incomodar com o inacabado.

Se no final, saudades deixar, que seja bom. Quando esse sonho se realizar, que todos os sacrifícios tenham sua utilidade e me lembrem de que ser forte foi uma obrigação. 

Sozinha, eu não seria ninguém. Medo e coragem controlam os ímpetos. Palavras bonitas não fazem discurso. Sem atitude, são apenas verborragias. Eu curto atitude. Eu curto ser o que sou.


Gosto de ser quem sou quando estou com você


Gosto de ser quem sou quando estou com você. Gostei de quem me tornei, de ter te conhecido e gosto de te olhar porque a cada dia junto de você eu me apaixono mais. Você me faz sentir bonita do jeito que sou, que me importe menos com o que dizem, ter calma durante as turbulências rotineiras e fez-me enxergar sentido em todos os sonhos abandonados por medo de perder.

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