Por Tita | Os Cadernos de Marisol
Infelizmente, essa não foi a minha experiência. Ao longo dos anos escolares, vivi situações que marcaram profundamente minha alma. Enfrentei a falta de compaixão, a crueldade dos apelidos, a exclusão nos recreios, e o silêncio de quem deveria proteger.
Se você foi feliz na escola, seja por estar em uma turma acolhedora ou por encontrar bons amigos, você é uma pessoa abençoada. No entanto, se você fazia parte de um grupo que achava graça em fazer alguém sofrer, saiba que suas ações deixaram marcas. Se hoje você amadureceu e reconhece ter extrapolado os limites disso, já é um notável avanço. Não me cabe julgar o que se passa no interior de ninguém, mas nunca é repetitivo insistir que palavras matam.
Fui uma dessas pessoas que sentiu o peso da exclusão, o impacto dos apelidos maldosos e das agressões, físicas e emocionais. Fui chamada de “quatro-olhos”, empurrada enquanto brincava de amarelinha, tive meu material escolar extraviado e meu nome anotado injustamente na lousa só para ouvir as risadas da turma.
Isso é mimimi?
Centenas de recreios solitários onde precisei inventar formas de lidar com a solidão…
Uma cartinha de “amor” que se revelou uma armadilha cruel…
O medo de usar óculos porque já haviam sido quebrados por colegas que sentiam prazer em humilhar…
O peso da exclusão, que culminou em pensamentos de desistência e, por vezes, algo mais sombrio…
Não, isso não é mimimi. Isso é a manifestação de uma alma cansada de ver injustiças serem tratadas com indiferença. Quem minimiza a dor alheia chamando-a de “vitimismo” é quem nunca enfrentou o peso do isolamento, ou quem prefere ignorar o impacto de suas próprias ações.
Minha escrita tornou-se minha válvula de escape, meu refúgio. Se não fosse por ela, talvez eu não tivesse encontrado forças para sobreviver ao ensino médio. Transformei minha dor em palavras porque descobri que minha voz tem poder.
Aos que minimizam o bullying como se fosse algo trivial
O sofrimento de alguém não é um argumento a ser descartado. Se você acha que o mundo está mudando e reclama por não poder mais praticar as mesmas atitudes do passado, talvez seja hora de refletir. Porque, enquanto você ria, alguém como eu chorava.
Hoje, escrevo não somente por mim, mas pelos muitos que já não conseguem encontrar suas vozes. Porque o que chamam de “mimimi” é, na verdade, a luta diária por respeito, empatia e dignidade.
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