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Dizeres sobre a carência


Escrito em março de 2014, este texto reflete sobre os riscos emocionais que surgem em momentos de fragilidade. Revisitar essas palavras é lembrar da importância de proteger nossa essência e aprender a buscar força dentro de nós mesmos.

Para quem desistiu do amor

 

Para quem desistiu do amor

Por Mary Luz | Os Cadernos de Marisol 


Desistir do amor não é uma escolha fácil. É uma decisão que surge quando a dor, o cansaço ou as decepções se acumulam até o ponto de sufocar a esperança. E, se você chegou a esse lugar, saiba que não está sozinho. Muitas pessoas já sentiram esse peso e essa desconexão, mas isso não torna sua história menos única ou menos importante.

Iniciativa

 


Bastava apenas uma palavra. Algumas palavras, perdão. Chegamos a um estágio da vida onde perdemos tudo, os queixumes do medo são tão irrelevantes quando nos encontramos diante do monte de areia acumulado pela ampulheta. Próxima linha, próximo passo. Os pés podem tocar em um campo minado, de nada valerá ser amada ou odiada se não passarei de outro dente-de-leão jogado ao vento.

Ditados do orgulho ferido

    

    Desejamos muitas vezes aquilo que somos impedidos de possuir. Não há novidade nenhuma no preâmbulo destas considerações, apenas uma incitação para se pensar além do óbvio, do que alcunhamos “senso comum”. Certos lacrimosos clamores estão ligados ao orgulho ferido, incapazes de abandonar a infância, romantizando a lembrança criada para suportar a clareza cirúrgica da realidade.

Tudo pela ideia de alguém gostar de mim


 

Estou a léguas distantes de ser a maior simpatizante ao Dia dos Namorados. De fato, nunca foi minha data favorita no calendário, pelas mais diversas razões, que não vêm ao caso, embora se relacionem à hipocrisia e ao péssimo estigma da condição de “solteira” como sendo alguém que supostamente falhou no cumprimento das expectativas da sociedade e ainda não se realizou.

Memórias invisíveis (2014)

 


Meu ponto fraco nesse labirinto mal desenhado. Não te vi em parte alguma porque nunca esteve presente. Incrementei recordações para não perder de vista os dias, mas era a mim que não reconhecia, ninguém o fazia porque estavam todos ocupados demais para se lembrarem que eu estava ali, não por opção, eu simplesmente estava, meu coração não, porque ele parou de contar o tempo, com a ajuda da saudade.

Fiquei ali até que a curiosidade pelas estrelas fosse maior que sua desatenção.

Sem grandes aspirações, tinha muito a fazer. Por mim. Pelos sonhos que sempre valeram mais do que você. Pela cura que incansavelmente busquei. Feridas reabertas, persisti num erro amansado pela culpabilização da autenticidade.

Mais uma vez ouvir mentiras e brincar de invisível, será que não me cansei?

É insano, mas não.

Cismei de ficar ali, naquela mesa onde serviria de divã e nutria ódio de mim mesma, programada para ser problema, tão diferente daquela injeção contundente de otimismo que era sombra.

Sua "saudade" alimentou o desejo que anteriormente nunca me passou pela cabeça. Você e eu não passávamos de bons amigos. Estranhos conhecidos. Um na defensiva, o outro imerso no ceticismo ensurdecedor. Quase me apossei desse desprezo pelo simples, embora fervendo de dúvidas e pendente entre a crença e a loucura completa.

Todo mundo em alguma altura da vida deve ter se olhado para o horizonte sem resposta nem bússola, sem nem saber quem era, apesar de estar com o RG no bolso da calça. Ainda faltam léguas para vislumbrar o oásis e a impaciência conta pontos contra aqueles que põem a forçar o ritmo da caminhada. Perdi a conexão com a realidade, fantasiando que seu distanciamento temperava minha timidez, que sua demonstração de afeto era torta, porém totalmente sua. Esse arrependimento arrancou a minha paz e trouxe de brinde a culpa.

Fiquei boba por você, embriagada pela carência, recolhendo suas migalhas, visualizando um banquete, sendo que a toalha nem sequer estava estendida e na minha caixa postal não constou nenhum convite. Sem nunca te chamar, você não podia me ouvir e se ouviu, fez que não. Chorei várias noites alimentando esse tal de amor sem dignidade, sem antídoto, sem trégua. Bem mais que justificar meus desatinos passados, cabia dizer a mim "eu te amo", ao contrário de você, que como tantos outros prometeu nunca me abandonar e deu as costas. Também dei as costas para mim. Um erro fatal.

O gosto do veneno ficou lá no alto da garganta de sequela. Essa irrealidade entre mim e você me custou tanto. Em troca de carícias e belas palavras, sua fraqueza me fez sangrar. Equivocada sempre estive, não me acuse. Já desempenhei essa função e não remediei as imensas agonias, apenas reflito mediante as mazelas da decepção. Não foi a primeira. 

Eu nunca precisei de você. Abro mão dessas memórias invisíveis e pouco aproveitáveis. Eu amava a projeção. Você, entretanto, eu não sei nem quem é e não movo uma palha para saber. É a mim que quero conhecer. E eu sei com muito amor que sou bem mais do que tudo de ruim que aprontaram contra mim, as bobagens que falaram (e ainda falam). Sou o tempo presente porque viver é um desafio e eu desejo mais que jogar fora meus dias cultivando um sonho que visava me inserir num mundo que nunca foi meu.

Reconhecer que não é o fim foi a chave que abriu o temido cadeado e me fez mulher.



Uma ingrata espera

 

A presunção tenciona uma ideia bastante perigosa: a de agir com o entendimento de hoje se porventura me fosse concedida a dádiva de voltar ao exato ponto onde tudo se perdeu. Divagações expostas em parágrafos polidos não consolam uma alma em frangalhos, no entanto, a projeção mais benquista de caminhos refeitos aponta para um desfecho mais agradável: nunca o ter conhecido.
O bolo na garganta acumula todas as sentenças jamais proferidas, tolhendo a livre expressão, abrindo caminho para a angústia fazer morada no peito. Pensamentos intrusivos sussurram que não passo de um erro, um acidente, sem propósito algum no livro da vida, a conjunção adversativa largamente utilizada pelos covardes para desconversarem.
Os juros cobrados pela omissão foram altos.

Um passo de cada vez

 O que foi bom ou não segue no passado. O verbo esclarece. Uma parede ergueu-se para que o retorno não me seduza com promessas falaciosas. Tenho o que preciso. 

O dom de recordar e descrever, de sentir sem me perder.

A mentira

 Curitiba, 30 de novembro de 2015. 


A mentira coloca fogo em tudo aquilo que foi semeado com confiança, mas reconheço algo pior do que isso: mentir para si mesmo se incentivando a acreditar nas palavras vazias ditas para se ter o controle do incontrolável. Não é uma perspectiva interessante de abordar, porém é comum acontecer.
Mentir para si mesmo, da ilusão se convencer.
Não se sabe ao certo os motivos, contabiliza-se, portanto, os danos, que são muitos, todavia com sinceridade afirmo que perder o amor de alguém querido já é um castigo, uma irreparável sequela para se carregar no coração. 

Fim de uma época

 As expectativas são minhas e as decepções também. 

Quando o terror passar tudo ficará nítido. 

O que foi precisava ir. 

E eu também precisava ir. 

Foi o fim de uma época.

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