Bastava apenas uma palavra. Algumas palavras, perdão. Chegamos a um estágio da vida onde perdemos tudo, os queixumes do medo são tão irrelevantes quando nos encontramos diante do monte de areia acumulado pela ampulheta. Próxima linha, próximo passo. Os pés podem tocar em um campo minado, de nada valerá ser amada ou odiada se não passarei de outro dente-de-leão jogado ao vento.
Preocupações não preenchem o vazio de uma vida sem emoções, de raras ambições… esses sonhos foram pisoteados, as borboletas morreram… esse caminho nunca esteve presente no itinerário. A estrada pode ter mais pistas e vias, todos seguem por acomodação, contudo, para ir mais longe, exige-se certa dose de coragem, sim, para subverter os sentidos, nada pode garanti-los de não haver equívocos nesse afã de abdicar a própria essência para ser “mais um” nessa multidão. Não foi a vida que sonhamos para nós, não podemos nos sentar no meio-fio e abstrair, ninguém deverá segurar nossa caneta e ditar o que devemos fazer, recusemos o papel de marionetes.
Asas quebradas expõem as cicatrizes de ilusões esfaceladas. Cabe salientar a questão do orgulho porque chão não é lugar para se fazer morada. Os vencedores conhecem a humilhação da derrota, tossem em consequência do acúmulo de poeira levantada pelas cinzas, no entanto, aquela determinação ferrenha nutre o combustível que viabiliza o processo de reconstrução. Perseverança não é palavrinha bonitinha para enfeitar a parede, é virtude natural dos sonhadores, tidos como loucos pelos “normais” tão habituados a confundir preço com valor e distorcer tantos outros preceitos.
Iniciativa, essa era a palavra que me fugia no momento de caracterizar determinadas ações e emoções. Ela sumiu à medida que as certezas pueris desmoronaram, quando nos demos conta das problemáticas de viver no piloto automático. O preço da aparente tranquilidade escancara o déficit na cobrança de juros.
Somos apontados como a deficiência do sistema, encurralados pela espiral do silêncio imposta por monstros narcisistas, sem caráter, a insistir na ideia doentia da imitação descarada, certos da premissa de derrubar a “ameaça” e removê-la do tabuleiro para forçar o brilho de um palito de fósforo molhado, a tal da carta na manga, quando, na verdade, quem joga do outro lado é o carma. E ele não é homem de levar desaforo para casa.
Curitiba, 17 de setembro de 2024.
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