SiMpLeSmEnTe TiTa 15 anos | Sem vocação para ser conselheira amorosa

 

Como agir para evitar que uma amiga caia em cilada?

26 de fevereiro de 2002.

A Deh está gostando do Ricardo desde quando a Michelle veio com aquela história de bancar o cupido. O garoto é amigo de infância do Rodrigo e está na nossa sala.

Sou péssima em interpretar sinais de paquera porque não tive muitas experiências com garotos, mas me parece óbvio que o dito-cujo não corresponde.

Hoje, por exemplo, a Michelle deu um jeito de me tirar da conversa no intervalo e alugar a Deh para falar em nome do Ricardo. Minha amiga voltou toda faceira e me mostrou um chaveiro de pelúcia em forma de coração que diz ter ganhado do pretendente. 

Ainda não tenho intimidade para falar a verdade, prefiro nem fazer porque serei mal-interpretada, mas como agir para evitar que uma amiga caia em cilada?

Minhas mãos continuam dormentes por estar ao telefone até agora há pouco, ouvindo a Andréa suspirar pelo Ricardo e colocar o nome dele em 9 de cada 10 frases. A Júlia já tem 16 anos e muito mais experiência com garotos do que eu, porém não posso negar o quanto é bom saber que alguém gosta de conversar comigo e me pede conselhos.

“Será que eu aceito ficar com ele?”

“Quem tem de saber disso é você!”

“Ah, vai, Tita… o que você faria no meu lugar?”

“Eu iria falar com ele.”

“Amanhã eu vou fazer isso.”

“Quebra o gelo. Às vezes, o menino é muito tímido para tomar a iniciativa, então, se a menina dá um passo à frente, ele se encoraja. O que não dá é ficar aí roendo as unhas, pensando demais e agindo de menos.”

A Deh está assim nas nuvens porque deve ser o primeiro menino que quer ficar com ela. Não sei se ela já gostou de alguém antes, se já beijou na boca, por existir gente de 14 anos que nunca namorou nem ficou, no entanto, se a turma sabe disso, não para mais de atazanar — desconheço a razão disso — se tal fato não altera em nada a vida de ninguém.