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Francisco Cuoco (Salviano) e Betty Faria (Lucinha), protagonistas do folhetim de Janete Clair |
Nasci no mesmo dia que Janete Clair deixou este mundo, 17 de novembro, cinco anos e alguns minutos após a grande autora de novelas perder a batalha contra um câncer. Sempre ouvi falar muito bem dos folhetins de sucesso, mas a maioria deles foi ao ar muito antes de eu nascer. Pois bem, Pecado Capital é um deles.
Eu não sabia que esse livro existia até visitar a biblioteca da faculdade, passear pelas estantes à procura de algum livro que me despertasse uma vontade incontrolável de lê-lo e, ao reconhecer o título na lombada, nem pensei uma segunda vez.
Sentei-me em uma poltrona como Matilda Wormwood faria e fui apresentada à Lucinha, Carlão e Salviano, os personagens principais dessa trama cheia de suspense, reviravolta e, claro, muito romance.
Rio de Janeiro, meados dos anos 1970
Lucinha é noiva de Carlão, um homem de origem humilde que ganha a vida como taxista. Num dia, Carlão encontra uma mala cheia de dinheiro e toma posse dela. Nesse ínterim, Lucinha consegue um trabalho como modelo, contrariando o noivo. Os constantes conflitos entre o casal servem só para desgastar a relação, contribuindo para que Lúcia se aproxime de Salviano, um viúvo que se apaixona pela doçura e simplicidade dela. Os filhos, contudo, opõem-se ao desejo do pai.
Eram outros tempos
Salienta-se o preconceito com a diferença de idade entre um casal. No caso da Lucinha, quem não conhecesse o seu caráter poderia pensar que o envolvimento dela com Salviano era um meio de galgar uma ascensão social, interesse em ser citada no testamento. As pessoas ainda hoje enxergam com maus olhos casais que superam os obstáculos impostos pela diferença geracional e ficam juntos.
No caso de uma mulher que se envolve com um homem mais novo, o linchamento moral se intensifica, os julgamentos são expostos, mas os julgados devem se lembrar que mais importante do que os palpites alheios é o desejo de estarem juntos.
Ainda era um tempo no qual a virgindade feminina era bastante cobrada e que demonstrações agressivas como a de Carlão eram tão naturalizadas no comportamento das pessoas que tratavam os rompantes de raiva e possessividade como "normal".
Com isso, tem-se uma breve leitura de outros tempos. Para os mais jovens, é preciso ter certa compreensão de que uma história diz muito sobre o seu tempo, costumes, comportamentos.
Dinheiro na mão é vendaval
Carlão, inconformado, não aceita perder a mulher que ama e se mostra capaz de tudo para reconquistá-la. Compra uma frota de táxis, mas a vaidade acaba o cegando demais...
É aquela velha história de deixar o dinheiro ser o seu Senhor e se iludir com glórias efêmeras, pois as consequências vêm. E cobram um preço altíssimo àqueles que não sabem que a vida não tem preço.
O dinheiro compra vantagens, abre portas, apresenta possibilidades, mas de nada adianta um montante significativo nas mãos de quem não sabe administrá-lo. Tudo que vem fácil, vai fácil.
O que você faria por dinheiro? Você teria devolvido a mala? Teria fugido com o dinheiro?
A primeira-dama das telenovelas
Janete Clair sempre cumpria o que prometia e sabia dosar todos os elementos da narrativa a ponto de manter o espectador curioso. Minha admiração profunda a essas mulher que transformou a linguagem das telenovelas para sempre e deixou seu legado na história.
Para conhecer um pouquinho mais sobre a trajetória dessa brilhante autora, recomendo a biografia escrita pelo jornalista Artur Xexéo.
Espero que vocês tenham gostado da obra de hoje. Muito obrigada pelo carinho e até nosso próximo encontro!
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