SiMpLeSmEnTe TiTa 15 anos | Sinal de alerta

 Em razão da ótima repercussão do primeiro dia de aula da Tita, trago hoje a segunda parte. 



Curitiba, 19 de fevereiro de 2002.

Ontem dormi na cama com meus pais. Nem quando criança vivi algo assim. Acordei sentindo-me feliz e leve como não acontecia há muito tempo.

Félix e Helena acordam muito cedo porque ele trabalha em uma repartição pública vinculada ao governo estadual e Helena é professora de uma escola municipal localizada no próprio bairro, ontem ela conseguiu uma folguinha para me receber.

Logo que cheguei ao colégio, a menina do rabo-de-cavalo baixo e uma moça alta vieram me cumprimentar e conversar comigo, saber se eu era novata e me convidar para sentar perto do grupo delas, onde está o Rodrigo.

A menina do rabo-de-cavalo se chama Andréa e é irmã da alta, que se chama Júlia. Pelo pouco que pude perceber, Júlia tem uma quedinha pelo Rodrigo e deve ser correspondida, apesar deles não serem namorados, penso que é só uma questão de tempo para eles se entenderem.

Tive aula com o Gutierrez de novo e ele já começou a passar a matéria porque no mês que vem já faremos as primeiras provas. Conhecemos a Paula, nossa professora de matemática. Não gosto da matéria, mas a Paula tem uma didática bacana e explicou a Teoria dos Conjuntos de um jeito que consegui resolver os exercícios para casa.

Ainda é cedo para dizer se a turma é legal ou não porque não conversei com todo mundo e não convivi tempo suficiente para julgar as pessoas. Geralmente, as pessoas começam a se estranhar depois dessas atividades e as panelinhas do começo se desfazem. No entanto, confesso não ter ido com a cara da Michelle.  Foi absurdo o que ela fez com a Andréa hoje.

Estávamos lanchando no intervalo, super de boas, até Michelle aparecer. Percebi que ela entrou na conversa para me tirar dela, então chamou a Andréa em particular e depois sumiu com ela. Mais tarde, soube que tinha menino envolvido.

A Mi me disse que o Ricardo quer ficar comigo”, contou Andréa.
E aí, você vai ficar com ele?”, quis saber. Nada mais justo.
Não sei.
Você quer ficar com ele?”. Estávamos chegando ao tubo onde passa a linha de ônibus que pegamos.
Para falar a verdade, nem sei. A Mi me disse que o Ricardo pediu para eu encontrá-lo lá na cancha e dar um beijão nele, se minha resposta for sim”.
“Se ele quer mesmo ficar com você, por que pediu pra Michelle falar?
Ela disse que ele é muito tímido, mas me achou gatinha.

Andréa mente, mas parece estar bem empolgada com a ideia de ficar com o Ricardo. A decisão dela não é da minha conta, mas tem alguma ponta solta nessa história. Digo isso porque passei por uma experiência meio parecida, levei um fora horrível na frente do exército de piranhas do antigo colégio. 

Torço para minha nova amiga ter uma sorte mais feliz do que a minha, embora me pareça que não, que ela faz o mesmo papel que eu até o ano passado, a pessoa que todo mundo sente prazer em maltratar e pisotear porque nunca dá em nada. Vamos mudar de assunto porque lembrar as humilhações do ginásio é beber uma dose de rancor. Já aconteceu, não há como passar uma borracha em cima dos traumas e reescrever tudo. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigada pela visita ao OCDM, espero que você tenha gostado do conteúdo e ele tenha sido útil, agradável, edificante, inspirador. Obrigada por compartilhar comigo o que de mais precioso você poderia me oferecer: seu tempo. Um forte abraço. Volte sempre, pois as páginas deste caderno estão abertas para te receber. ♥

Mary Recomenda | Querida Kitty - Anne Frank

  Hoje é sexta-feira e nada como sextar acompanhando o Mary Recomenda. Na edição de hoje, nossa convidada especial é Anne Frank e sua Queri...