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Arquivo Malacubaca | Guarda essa tralha (2019)

 Apesar de 2019 estar sendo marcado por grandes tragédias, a Malacubaca acertou precisamente ao estrear Os Versos Calados de Soraya logo após os festejos de Carnaval. A novela está repercutindo intensamente na web e na audiência, colocando o nome de Luciana Andrade no centro das atenções. E era exatamente isso que ela queria: ser o foco de todos os holofotes.

Não é que Soraya não esteja conquistando o público, mas a vilã Isaura, interpretada por Luciana, é a prova viva de que a atriz ainda tem muito fôlego para surpreender e encantar.

Hoje, um dos vídeos mais assistidos no canal da Lulu é o icônico protesto de 2017 contra o ex-presidente Michel Temer. Fazia tempo que ela não atualizava seu canal no YouTube, principalmente devido aos inúmeros compromissos e à polêmica participação no reality show Puxadinho do Rubão.




Luciana, trajando um biquíni fio dental verde e amarelo que reluzia sob a luz da manhã fria, ajustava a bandeira do Brasil sobre os ombros como se fosse uma capa de heroína. Ela estava determinada a transformar a rua de seu bairro em um cenário épico para sua live ao vivo no YouTube. A bandeira tremulava com o vento gelado, enquanto os gritos dela ecoavam pelas casas vizinhas, que estavam adornadas com roupas secando nos varais e cachorros espiando curiosamente pelos portões de ferro. Era um cenário típico de subúrbio, mas, para Lulu, parecia o palco de sua revolução.

— FORA TEMEEEEEEEERRRRRRRR! — berrou Luciana, erguendo os braços e girando dramaticamente, como se estivesse discursando para uma multidão imaginária. Atrás dela, o namorado Epaminondas — ou somente Papá, como ela o chamava com afeto — assistia à cena com um olhar dividido entre resignação e incredulidade. Ele usava um moletom cinza e pantufas, simbolizando perfeitamente sua vibe caseira e tranquila. 

Ao fundo, a porta da casa estava entreaberta, revelando um corredor decorado com pôsteres vintages de novelas antigas e uma cômoda entulhada de miniaturas de prêmios que Lulu dizia merecer.

— Lulu, minha querida… — começou Papá, cruzando os braços e encostando-se à porta. — Você precisa mesmo fazer isso agora? Está frio e você nem terminou o café da manhã…

Luciana virou-se para encará-lo, com as mãos na cintura e o semblante inflamado de indignação teatral.

— Meu amor, o Brasil precisa de mim! Sou a Joana D'Arc dos caminhoneiros, a voz da resistência! Como você pode querer que eu fique quieta diante de tanta injustiça?

Papá coçou a cabeça e olhou para os vizinhos, claramente se divertindo com a atuação dela. Uma senhora de casaco grosso e bobs no cabelo observava tudo da calçada, segurando um cachorro no colo, enquanto tentava conter uma risada.

— Lulu, você não acha que está exagerando um pouquinho? — insistiu Papá, ainda tentando manter a paciência.

— Exagerando? — Ela colocou a mão no peito, ofendida. — Sou uma atriz engajada, estou cumprindo minha missão de fazer a diferença no mundo! E hoje é um dia histórico, Mozão, a prisão do Temer é um marco!

Papá suspirou, percebendo que qualquer tentativa de argumentar seria inútil. Ele apontou para a câmera equilibrada em um tripé instável, cercada por sacolas plásticas dançando ao vento.

— Pelo menos termina logo a sua live… e coloca um casaco, pelo amor de Deus.

— Eu não preciso de casaco! — retrucou Luciana, jogando os cabelos para trás. — O calor da revolução me aquece!

— Não usei para o hexa, mas na vida a gente sempre arranja uma serventia para as coisas… — garantiu a atriz, animadíssima. — Deixa eu pegar minha bandeira do Brasil, minha peruca verde e amarela, porque a make já tá feita, aliás, eu tô sempre pronta para festejar e hoje é um dia especial…  

 O namorado de Luciana, que acompanhava a transmissão da Malacubaca News sentado no sofá da sala, discordou: 

 — Lulu, minha querida, não tem motivo nenhum para comemorar. 

 — Votou nele e agora não admite nem sob tortura? 

 — Eu não votei em ninguém, não voto desde 1994, desacreditei desse nosso sistema e ponto. O fato é que eu não quero ver você passando vergonha. 

 — A gente está ao vivo, eu vim pedir sua força, Mozão. Vou exercitar minha cidadania…  

 — Desliga isso… — implorou o homem, irritado. 

 — Ninguém manda em mim, não. Melhora essa cara de bunda, isso está passando ao vivo no meu canal… 

 — Que canal? 

 O homem franziu o cenho, incrédulo, pegando no controle remoto. Luciana revirou os olhos e suspirou profundamente: 

 — Eu não posso acreditar numa coisa dessas, é o fim do mundo! Você não sabe quem eu sou? 

 — Sei, você é a Lulu, meu denguinho, mas isso não está passando na Malacubaca, está? 

 — Até que deveria, mas nos tempos de hoje, quem precisa na Malacubaca quando se tem um ótimo celular e uma cuca fresquinha? Se eu não tenho meu próprio canal de televisão, eu crio. Assim é que funciona. Tenho um canal. E isso é o futuro. Lulu pensa muito à frente de seu tempo. 

 — E você grava essas coisas absurdas para jogar na internet? 

 O namorado de Luciana ficou chocado, não para menos.

Mais tarde, neste mesmo dia

Luciana, com a bandeira ainda firme nas costas e o cabelo impecavelmente preso em um coque alto, posicionou-se no centro da rua, criando seu palco particular. O vento frio balançava as sacolas que rodeavam o tripé da câmera, enquanto ela se preparava para apresentar sua obra-prima musical: Pagodão do Sarcófago

Segurando uma colher de pau como microfone, Lulu começou a cantar, intercalando passos desajeitados de samba com movimentos de pura expressão dramática.

— A polícia invadiu o sarcófago
O Drácula saiu da tumba
E recebeu voz de prisão
Despenteado e sem capa
Foi parar no camburão!

O ritmo pegava, e Lulu dava o seu melhor nos passos. Papá, agora usando uma manta para se proteger do frio, observava de longe, com as mãos nos bolsos e um sorriso quase resignado.

— Esperei o hexa,
ele não chegou
 Mas hoje meus fogos vou soltar
 Laiá laiá
 Animação por aqui não vai faltar
 Laiá laiá

A cada “laiá laiá”, Lulu gesticulava com fervor, apontando para os vizinhos que ainda observavam atônitos e divertidos. Os comentários no seu canal explodiam com emojis e frases como “Lulu 2026 é realidade!” e “Rainha do pagode e da revolução!”

— O GIGANTE ACORDOU, O GIGANTE ACORDOU! — gritava Lulu entre os versos, batendo palmas com intensidade teatral. Ela gesticulava como se estivesse convocando a audiência digital para uma marcha patriótica ao som do pagode.

Papá, finalmente se aproximando, tentou intervir: — Lulu, por favor… você já marcou sua presença, mas está muito frio… vamos para dentro, meu bem.

— Eu não posso parar agora, Mozão! — retrucou ela, com olhos brilhando de emoção. — O Brasil precisa de mim, e o meu público está esperando o gran finale!

Papá, agora visivelmente incomodado com os gritos e gestos dramáticos de Lulu, cruzou os braços e tentou mais uma vez chamar sua atenção: 

 — Lulu, meu bem, não faz sentido continuar… Está frio e você já está ao vivo há horas!

Luciana girou em direção ao namorado, com uma expressão exageradamente ferida, como se ele tivesse acabado de insultar todo o seu legado artístico. 

 — Não faz sentido? Você está dizendo que a minha luta patriótica não faz sentido? Papá, eu não posso acreditar nisso!

— Eu só estou tentando dizer que… — Papá começou, mas foi interrompido por Luciana, que jogou os braços ao céu em puro drama.

— Sabe de uma coisa? Você não me apoia! Você devia ser meu maior fã, mas nem isso você consegue fazer direito!

A bandeira tremulou atrás dela enquanto Lulu entrava na casa a passos largos, suas sandálias batendo ruidosamente no chão de madeira. Papá, exasperado, seguiu atrás, tentando acalmar a situação: 

 — Lulu, não é isso! Você sabe que eu te amo e que quero o melhor para você, mas…

— Ah, então agora quer me dar lição de moral? — disse ela, parando na porta do closet e se virando dramaticamente para encará-lo. — Muito obrigada, mas eu não preciso disso!

E assim começou o clássico “vai e vem” do casal, onde Lulu disparava declarações inflamadas e Papá tentava manter a calma, claramente sem conseguir acompanhar o ritmo da estrela em ascensão. No final, ela trancou a porta do closet e gritou: 

 — Vou dormir aqui hoje! E pode esquecer de pedir desculpas, porque eu não quero ouvir!


Dentro do closet, Lulu montava sua “fortaleza de revolução”. As roupas penduradas viraram cortinas simbólicas, enquanto uma pilha de almofadas e um tapete fofo se tornavam seu “trono”. Com a câmera do celular estrategicamente posicionada sobre uma pilha de caixas de sapato, ela iniciou outro discurso fervoroso para sua audiência: 

 — Pessoal, eu estou aqui, no meu bunker patriótico, porque as pessoas às vezes não entendem o meu propósito! Mas eu não desisto! Vou seguir lutando pelo Brasil, mesmo que incompreendida até em minha própria casa.

Do lado de fora, Papá estava encostado na parede do corredor, massageando as têmporas enquanto conversava com a empregada que segurava o celular e fazia comentários baixinho: 

 — O senhor é muito paciente, viu, seu Papá? Parece até santo…  

 — Isso porque você não viu como ela estava ontem. — Papá balançou a cabeça com um meio sorriso.

Finalmente, ele decidiu intervir. 

 — Lulu… Vamos resolver isso como adultos? Abre a porta, por favor.

— Papá! — ecoou de dentro, abafado pelas roupas. — Não adianta bater! Aqui só entra quem acredita na revolução!

Papá suspirou e se abaixou para falar com mais clareza: 

 — Lulu, minha revolução é te convencer de que esse closet não é um palácio presidencial, e que sua saúde é mais importante. Vamos tomar um chá e conversar.

A porta rangeu lentamente, revelando Lulu com uma tiara de brilhantes que pegara de uma de suas caixas. 

 — Chá? — Ela fez uma pausa, refletindo com drama. — Só se for com torradas e geleia.

Papá sorriu, percebendo haver vencido dessa vez. Ele estendeu a mão, ajudando Lulu a sair de sua “fortaleza”. 

 — Torradas e geleia, com certeza. E uma pausa para você respirar, minha Joana D'Arc do closet.

Destrinchando a Letra | After the Love Has Gone – Earth, Wind & Fire

 

Quando o amor se foi… e tudo o que restou foi ontem

“What used to be right is wrong. Can love that's lost be found?”

Estando no hall das minhas músicas prediletas e no repertório das aventuras da Malacubaca desde que a novela se entende por manuscrito, seria injusto não destrinchar essa letra.
Sim, amiga leitora, amigo leitor: hoje é dia de deixar o coração falar mais alto — porque tem música que não passa, mesmo quando o amor já passou.

🌙 Madrugada Animada: Óvnis – O Debate Inesperado 🌙 (1986)

 🌙 Madrugada Animada: Óvnis – O Debate Inesperado 🌙

(OVNIs – Os Sinais Estão Por Toda Parte 🌙

(Trilha de abertura com som de rádio sintonizando, ruídos eletrônicos e o eco de “naves espaciais” estilo sci-fi clássico.)

Noviça: "Boa madrugada, meus queridos ouvintes estelares! Hoje é um dia especial. Estamos aqui para falar sobre aqueles que podem nos observar de longe... ou talvez de muito perto. Sim, estou falando dos OVNIs, dos extraterrestres, dos sinais de que não estamos sozinhos neste vasto universo!

E, antes de qualquer dúvida, deixo claro: aqui na Malacubaca, a verdade é uma só. Alienígenas existem, e eu sou testemunha ocular – ou quase isso."

(Som de risadas e o barulho de teclas de computador ao fundo, como se a Noviça estivesse "investigando" os sinais.)

Evidências da Noviça

Noviça: "Ah, meus amores, eu sei que muitos de vocês têm dúvidas. Mas eu tenho aqui, comigo, provas irrefutáveis – ou quase isso – de que extraterrestres já nos visitaram. Vamos começar com os sinais no céu: vocês já viram uma luz tão rápida que parecia impossível ser de um avião? Já ouviram sons estranhos que pareciam vir do espaço? Pois eu já!

E não só isso: durante a última noite de lua cheia, enquanto eu olhava para as estrelas, juro que vi algo piscando em código morse. Pode ser um ET tentando se comunicar comigo, ou pode ser... bem, um vaga-lume muito talentoso. Quem sabe? Próxima evidência!"Ao meu lado, para deixar esta noite ainda mais emocionante, está ele, o enigmático Otto Espectral. Diga olá aos nossos amigos, Otto!"

Otto Espectral: (Com voz grave.) "Boa madrugada, Noviça. Boa madrugada, ouvintes. Preparem-se para mergulhar nas sombras do desconhecido. Esta noite, tentaremos separar os fatos da ficção... ou talvez perceber que ambos não são tão diferentes assim.

Noviça: "Mas hoje não vamos ficar só nas palavras enigmáticas. A linha do rádio está aberta para que vocês, ouvintes corajosos, nos liguem e compartilhem seus mistérios. Otto e eu estamos prontos para ouvir qualquer coisa... ou quase isso. Vamos lá, quem será o primeiro?"

(Som do telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)

Ouvinte: "Alô, Noviça e Otto, é verdade que sinais extraterrestres já foram captados pela rádio AM?"

Otto Espectral: (Com tom dramático.) "Ah, caro ouvinte, dizem que as frequências do rádio são como pontes entre dimensões. Há relatos de sinais inexplicáveis, vozes em idiomas desconhecidos e até mesmo mensagens que parecem ser transmitidas de outros mundos. Mas cuidado: muitas vezes, o que você ouve não é o que você quer entender."

Noviça: "E eu digo mais, querido ouvinte: se um ET ligar pra cá, eu mesma peço que ele me leve junto. Mas só se tiver ar-condicionado na nave, porque essa rádio às vezes fica quente demais."

(Som de telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)

Noviça: "Alô, querido ouvinte da madrugada! Aqui é a Noviça, diretamente da órbita da Malacubaca. Qual é o seu relato sobre OVNIs?"

Ouvinte: "Alô, Noviça, Otto, eu juro que vi um OVNI no quintal da minha casa! Era uma luz azul brilhante e fazia um som estranho, tipo 'wuuuummmm'. E aí, de repente, sumiu! O que vocês acham que era?"

Otto Espectral: (Com tom reflexivo.) "Ah, caro ouvinte, a luz azul é frequentemente associada a relatos de naves interdimensionais. É possível que o que você viu fosse um vislumbre de outra realidade, cruzando brevemente com a nossa."

Noviça: Se você vir este Objeto Voador Não Identificado nas redondezas, comunique às autoridades, muito embora elas sejam reticentes quando o assunto é vida fora da Terra, mas, em nome de toda a equipe do Madrugada Animada, me coloco à disposição para investigar este mistério.

Outro ouvinte liga com uma história ainda mais absurda.)

Ouvinte: "Acho que fui abduzido! Acordei com marcas estranhas no braço e tive um sonho muito real onde estava em uma nave. Eles estavam me mostrando diagramas estranhos, algo como planos de arquitetura... de outro planeta!"

Noviça: E o que mais aconteceu?

Ouvinte: Tenho certeza de que há vida fora da Terra.

Otto Espectral: Amigo, primeiro: o que você anda tomando antes de dormir?

Noviça: Há muitos relatos de abduções que envolvem a apresentação de símbolos ou imagens desconhecidas. É como se essas entidades quisessem nos passar mensagens que ainda não estamos prontos para entender.

Ouvinte: Eu poderia revelar, se a senhora quiser...

Noviça: Estamos à disposição.

Bem no momento em que o ouvinte começa a falar, a ligação dele cai.

Otto Espectral: Próxima ligação, por favor!

(Som de telefone tocando. A Noviça atende com entusiasmo.)

Noviça: "Alô, querido ouvinte intergaláctico! Qual o seu relato sobre OVNIs e alienígenas?"

Ouvinte: "Oi, Noviça, eu vi uma luz muito forte no céu enquanto estava voltando do trabalho. Ela estava parada por uns segundos e depois sumiu tão rápido que parecia mágica! Você acha que era um OVNI?"

Noviça: "Querido, não só acho que era um OVNI, como estou quase certa de que essa luz estava observando você. Talvez os extraterrestres estejam interessados em trabalhadores noturnos! Será que eles querem montar um sindicato intergaláctico? Eu só espero que tenham plano de saúde lá na estrela deles."

(Som de risadas ao fundo.)

Otto Espectral Dá Seu Palpite

(Otto entra no programa com sua voz grave e misteriosa.)

Otto Espectral: "Boa madrugada, Noviça. Boa madrugada, ouvintes. Devo dizer, os relatos sobre OVNIs são fascinantes. Mas há quem acredite que muitas dessas luzes são, na verdade, experimentos secretos de governos ao redor do mundo. A pergunta que devemos fazer é: estamos sendo observados por seres extraterrestres... ou pelas próprias sombras do nosso planeta?"

Noviça: "Ah, Otto, seu ceticismo me irrita... mas eu amo isso. Eu estou dizendo que eles existem e que já estão entre nós. E digo mais: tenho certeza de que o zelador da rádio, o Seu Amâncio, é um infiltrado! Ele sempre fala com aquele tom sério e nunca se impressiona com minhas histórias. ET disfarçado? Talvez!"

Encerramento

Noviça: "Meus queridos, por hoje é isso. Lembrem-se: o universo é vasto e cheio de mistérios, e eu estou aqui, a sua guia da madrugada, para trazer cada detalhe intergaláctico até vocês. E se virem algo estranho no céu, não hesitem em ligar para a Malacubaca – porque aqui, nós acreditamos... ou quase isso. Boa noite, e cuidado com os sinais!"

(Trilha de encerramento com som de luzes piscando e um eco misterioso que vai desaparecendo aos poucos.)

Madrugada Animada com Noviça | O livro amaldiçoado (final)

 🌙 Madrugada Animada: O Livro Amaldiçoado – Parte Final 🌙

(Trilha sonora intensa, com sons de trovões e páginas virando como se um vento estivesse varrendo o estúdio.)

Noviça: Boa madrugada, meus queridos e fiéis ouvintes da Malacubaca! Hoje, mais do que nunca, eu quero agradecer a vocês! Sim, vocês, que fizeram da última edição da Madrugada Animada o maior sucesso da história desta rádio.

(Som de telefone tocando, chiado de rádio e uma música intensa ao fundo.)

🎙️ BOLETIM EXTRAORDINÁRIO DA MALACUBACA “Etarismo é que é cringe: uma resposta da Malacubaca à geração cronômetro"

Por Mary Luz, com colaboração de Carmen Angélica Esteves (A Noviça), Rubão e Edu Meirelles
Dos Cadernos de Marisol direto para o mundo.

Você ainda usa emoji? Nossa, cringe!”
“Fulano tem 30 e poucos e já tá velho, né?”
“Essa música é das antigas, tipo... de 2012.”

📣 Opa. Desacelera aí, Geração Flashback em Alta Velocidade.

O tempo passa, o tempo voa — já dizia a musiquinha do Bamerindus — mas a burrice de tratar idade como motivo de chacota continua firme e forte… e bem fora de moda. A verdade é que todo mundo quer viver muito, mas ninguém quer respeitar quem viveu.

Madrugada Animada com Noviça | O causo do livro amaldiçoado

 🌙 Madrugada Animada: O Livro Amaldiçoado 🌙

(Trilha sonora sombria, com o som de páginas sendo viradas e um leve chiado ao fundo.)

NOVIÇA: Boa madrugada, meus amores! Hoje trago para vocês uma história que vai fazer até os leitores mais ávidos pensarem duas vezes antes de entrar em uma livraria. Preparem-se para conhecer o destino macabro de uma jovem curiosa que não resistiu ao fascínio de um livro… amaldiçoado.

(A trilha ganha intensidade, com um som sutil de risadas distorcidas ao fundo.)

📘 Glossário de Expressões Gringas & Siglas das Internets (versão Malacubaca)


💬 a.k.a. — also known as

"Também conhecido como."
Usado pra apresentar um apelido, nome alternativo, identidade secreta ou escárnio.

Renata Muriel Linhares, a.k.a. Tita, a maioral do colégio desde 1994.

💬 fyi — for your information

"Pra sua informação."
Usado com ar levemente passivo-agressivo, tipo quando você joga uma informação porque o outro claramente não entendeu nada.

Fyi: só quem viveu o bug do milênio sabe o que é usar internet discada aos gritos da mãe.

💬 nsfw — not safe for work

"Inapropriado para abrir no trabalho."
Serve pra indicar conteúdo sensual, explícito, ou constrangedor.

A Noviça foi abrir um vídeo achando que era um boletim de moda e era uma review de calcinha com câmera interna. NSFW demais.

💬 lol — laughing out loud

"Rindo alto."
Antigamente usada pra dizer que achou graça, hoje virou o novo "kkk" ou "só pra parecer simpático".

O Edu mandou "lol" depois de levar um fora da Renata. Chorando por dentro, certeza.

💬 idk — I don’t know

"Eu não sei."
Resposta padrão pra fingir desinteresse ou evitar tretas.

"Quem comeu o último Sonho de Valsa?"
– Idk. (tem farelo de chocolate no cantinho da boca, mas o lema é negar até a morte)

💬 tbh — to be honest

"Sendo honesto(a)" ou "vou mandar real."
Usado antes de uma opinião sincera (ou dolorosa).

Tbh, sertanejo universitário não é música, é tortura psicológica com backing vocal.

💬 imo / imho — in my opinion / in my humble opinion

"Na minha opinião" / "na minha humilde opinião"
Spoiler: ninguém que escreve “humilde opinião” tá sendo humilde.

Imho, aquela escola deveria ser interditada pela vigilância sanitária e pelo conselho de bom senso.

💬 smh — shaking my head

"Balançando a cabeça em desaprovação."
Tipo um "tô passada", só que com vergonha alheia.

O cara que acha que é craque porque pagou a escolinha do filho no cartão da mãe? Smh.

💬 omg — oh my God

"Ai meu Deus!"
Expressão dramática universal. Pode ser sincera, debochada ou fingida.

Omg, cadê meus sais?

💬 af — as f**

"Pra caramba", "demais", "muito."
Usado pra dar ênfase. Cuidado onde usa porque vem de palavrão.

Tô cansada af. Quero ser rica af. Detesto agroboy af.

💬 brb — be right back

"Já volto."
Usado quando a pessoa sai rapidinho do chat, mas em 90% dos casos nunca volta.

"Tô indo ali cagar de raiva dos desmandes do Me. Cheetos, brb."

💬 ttyl — talk to you later

"Falo com você depois."
Tradução real: cansei da sua cara por hoje.

"Você tá passando pano pra sertanejo? Ttyl então, tchau!"

💬 nvm — never mind

"Deixa pra lá."
Expressão passivo-agressiva preferida da geração que escreve e apaga mensagem.

"Você não entendeu o que eu quis dizer, mas nvm. Vai ouvir Zé Neto & Chororô."

💬 omw — on my way

"Tô indo."
Usado pra fingir que tá a caminho, mesmo ainda de pijama.

"Já tô omw pro camarim da Noviça, só falta achar o vestido neon dela."

💬 asl — age, sex, location

"Idade, sexo, local."
Relíquia do MSN e bate-papo UOL. Usado por creepy véio da lan house.

"Mandei 'asl' e o cara respondeu '34, M, Curitiba, gosto de trilha sonora de novela das 8'."

💬 irl — in real life

"Na vida real."
Porque na internet todo mundo é rico, feliz e tem autoestima.

"Irl, eu não sou CEO nem influencer. Sou só uma atendente sem pernil no caixa 3."

💬 dm — direct message

"Mensagem direta (inbox)."
Onde começam as cantadas ruins e os textões de gente carente.

"Ele comentou meu story e veio de dm: 'nossa, que sorriso lindo'. SMH."

💬 cringe

"Vergonha alheia."
Termo reapropriado pela geração Z pra zoar a Y2K vibe.

"Ai que cringe a galera dançando no TikTok de uniforme da escolinha das Sereias do Sul."

💬 stan

"Fã obcecado."
Vem da música Stan, do Eminem. Hoje virou verbo e tudo.

"Eu stan o Boletim Extraordinário da Malacubaca desde o plantão sobre o meteoro que não caiu."

💬 shippar

"Torcer por um casal (real ou fictício)."
Termo vindo de relationship.

"Eu shippo o Edu com a Renata desde a hora que ele largou o microfone e foi cantar pagode por ela."

💬 ghosting

"Sumir do nada, sem explicação."
Clássico das interações afetivas modernas.

O Edu Meirelles foi vítima de ghosting da Renata na fase emo da banda. Ele ainda escreve cartas como se fosse 1997.

💬 catfish

"Pessoa que finge ser outra na internet."
Desde usar filtro até se passar por apresentador da Globo.

A Christiane dos Anjos é o maior catfish de Curitiba desde que fingiu que era filha de um diplomata norueguês com a Glória Maria.

💬 cancelled

"Cancelado."
Usado pra quem foi exposto, criticado ou caiu do pedestal.

Vespúcio Sartori foi cancelado após dizer que passar shampoo 2 em 1 já é "coisa de comunista."

💬 savage

"Cruel, direta, sem filtro."
Gente que fala o que pensa, sem passar pano nem usar emoji fofo.

A Noviça foi savage quando disse ao vivo: “é o fim da picada ver jornalista padrãozinho ganhando prêmio por ler TP.”

💬 no cap

"Sem mentira." / "Sério mesmo."
Usado pra garantir que o que você disse é real oficial.

No cap: assistir um capítulo de Rebelde me traumatizou mais do que ver o Chaves ser chamado de ladrãozinho pelo pessoal da vila.

💬 main character energy

"Energia de protagonista."
Gente que vive como se estivesse num filme indie premiado.

A Tita andando no corredor com o fichário da Sabrina e a cara fechada: main character energy pura.

💬 gatekeeping

"Bancar o guardião de um gosto, fingindo que só você pode gostar daquilo."
Exclusivismo disfarçado de bom gosto.

“Você gosta de Queen? Então me diz o nome da avó do baterista!” — isso é gatekeeping, miga.

💬 tw / cw — trigger warning / content warning

"Aviso de gatilho" / "Aviso de conteúdo sensível."
Muito usado em blogs, redes e fanfics.

tw: gordofobia, homofobia, elitismo, pernil vencido e piada machista no trabalho.

💬 mood

"Estado de espírito / me identifiquei."
Serve pra absolutamente tudo.

A cena da Renata chutando a lixeira na saída da aula? Mood da minha vida inteira.

💬 ratio

"Quando a resposta ganha mais curtidas que o post original."
Forma de humilhar com engajamento.

O tweet do Vespúcio defendendo o “dia do orgulho hetero” levou um ratio tão grande que ele deletou o perfil e fugiu pro Orkut.

🌙 Madrugada Animada com Noviça - O Lavrador Macabro 🌙

Voltamos a 1985, ao vivo, direto do estúdio da Malacubaca AM

(A trilha sonora começa com um toque misterioso, enquanto a voz da Noviça ecoa com entusiasmo.)

NOVIÇA: Boa madrugada, meus queridos ouvintes! Aqui é Carmen Angélica Esteves, a Noviça, pronta para mais uma noite de histórias e repercussões. Ontem, o conto das tâmaras deixou todo mundo de cabelo em pé — e as mensagens que recebi foram tantas que mal consegui dormir! Mas hoje, além de ler algumas dessas reações, trago uma nova história que promete ser ainda mais… fértil. Literalmente.

Antes de mais nada, vamos às cartas e ligações que chegaram. Um ouvinte me escreveu dizendo: 'Noviça, depois do conto das tâmaras, minha esposa começou a olhar para mim de um jeito estranho. Será que devo me preocupar?'

Ah, meu querido, se ela começar a mexer no pilão com muita concentração, talvez seja hora de reconsiderar suas escolhas alimentares! E falando em escolhas, vamos à história de hoje, que envolve um lavrador, cadáveres e... bem, um método nada convencional de fertilização.

(A trilha sonora muda para algo mais sombrio, com sons de pássaros noturnos e vento ao fundo.)

NOVIÇA: Nos confins de uma pequena vila, havia um lavrador conhecido apenas como 'Seu Zé da Terra'. Ele era famoso por suas plantações exuberantes, que pareciam crescer mais rápido e mais fortes do que qualquer outra na região. Mas o segredo de Seu Zé era tão macabro quanto eficaz. Dizem que ele tinha um acordo com o coveiro local, que lhe fornecia cadáveres frescos para serem enterrados em sua terra.

Seu Zé acreditava que os corpos eram o melhor fertilizante que a natureza poderia oferecer. E, de fato, suas plantações eram tão impressionantes que até os vizinhos começaram a desconfiar. Um dia, uma mulher da vila encontrou algo estranho enquanto colhia tomates: um dedo humano, ainda com a aliança de casamento.

A vila inteira ficou em choque, mas Seu Zé não parecia preocupado. Ele dizia: 'A terra devolve o que recebe. Se quiserem tomates-grandes, precisam aceitar o preço.'

E assim, a história de Seu Zé se espalhou, atraindo curiosos e investigadores. Mas ninguém jamais conseguiu provar nada — até que uma tempestade revelou um segredo enterrado em suas plantações. Querem saber o que aconteceu? Ah, meus queridos, isso eu conto… no próximo bloco!

(A trilha sonora termina com um trovão e o som de chuva ao fundo.)

🌙 Madrugada Animada: O Lavrador Macabro — Parte 2 🌙

(A trilha retorna com trovões e o som de enxadas cavando a terra.)

NOVIÇA: Quando deixamos a história, meus queridos, a tempestade havia revelado um segredo sombrio nas plantações de Seu Zé da Terra. E o que era esse segredo? Bom, dizem que os vizinhos viram a chuva lavar a terra e expor… crânios humanos! Isso mesmo, crânios. Aquela plantação farta de tomates suculentos era, na verdade, um cemitério disfarçado.

As autoridades foram chamadas, é claro. Mas quando chegaram ao local, Seu Zé estava sentado na varanda, calmamente tomando seu café como se nada tivesse acontecido. Ele olhou para os policiais, deu um sorriso amarelo e disse: 'Ah, mas essa terra sempre foi generosa comigo. Não sei do que vocês estão falando.'

Enquanto a vila inteira murmurava e apontava o dedo, Seu Zé não demonstrava nem um pingo de nervosismo. Até que o coveiro, que até então estava calado, resolveu abrir o bico. Aparentemente, ele e Seu Zé tinham um acordo: para cada “despacho” que o coveiro fizesse, ele recebia uma cesta de legumes como pagamento.

Mas a coisa não parou por aí, meus queridos ouvintes. Descobriram que algumas das plantas de Seu Zé haviam crescido anormalmente. Sim, anormal! Tomates do tamanho de melancias, abóboras que precisavam de três pessoas para serem carregadas e vagens que… bom, pareciam mais tentáculos de um filme de ficção científica. Os especialistas que examinaram o solo disseram que nunca viram nada parecido. Era como se a terra tivesse absorvido a essência dos corpos e a transformado em algo… sobrenatural.

E aí, claro, começaram os rumores. Alguns diziam que Seu Zé fazia rituais macabros durante a noite, dançando ao redor das plantações sob a luz da lua cheia. Outros juravam que os vegetais gigantes tinham vida própria e que, à meia-noite, era possível ouvir sussurros vindos da horta.

Mas o que realmente aconteceu com Seu Zé? Bom, isso depende de quem você pergunta. Alguns dizem que ele foi preso e sua plantação foi destruída. Outros acreditam que ele fugiu para um lugar ainda mais remoto, onde poderia continuar seus experimentos… ou, devo dizer, seu trabalho agrícola peculiar.

O que sabemos com certeza é que, desde então, ninguém mais daquela vila olha para um tomate da mesma forma.

(A trilha de suspense se dissolve em uma música dramática, enquanto Noviça volta ao microfone com sua energia contagiante.)

NOVIÇA: E aí, meus ouvintes destemidos, o que acharam dessa história? Fica a pergunta: até que ponto estamos dispostos a ir por uma boa colheita? Vou deixar vocês pensarem nisso enquanto toco mais uma música para encerrar a noite. Mas antes, quero agradecer a todos que mandaram mensagens sobre a história de ontem e já estão ansiosos pelas próximas madrugadas. É sempre um prazer transformar o silêncio da noite em momentos memoráveis com vocês! Boa noite, e lembrem-se: a terra tem segredos… e talvez seus tomates também.

(Música de encerramento: Você é luz, é raio, estrela e luar…)


🌙 Madrugada Animada na Malacubaca AM 🌙 | Conto das Tâmaras: O Lado Doce da Vingança (1985)


🌙 Madrugada Animada 🌙 Edição de 1985 — Conto das Tâmaras: O Lado Doce da Vingança

NOVIÇA: Boa madrugada, meus ouvintes corajosos! Se você está aqui comigo agora, já posso garantir que está prestes a embarcar em uma das histórias mais surreais que já contei neste programa. Então segurem suas canecas de café (ou aquele velho chá que vocês insistem em chamar de calmante) e fiquem bem atentos, porque hoje vamos falar sobre vingança, tâmaras e um casamento que não era exatamente o que parecia ser. A história de hoje é para os fortes. Aviso desde já: nada aqui é suave. Vamos lá?

A história começa em uma rua tranquila de um bairro sem graça, onde a Bonitona vivia. Mas não se deixe enganar pelo nome! Bonitona era muito mais do que um rostinho encantador — ela escondia um lado sombrio que os vizinhos jamais poderiam imaginar. Casada com o ‘brutamontes do quarteirão’, o Velho Chico, sua vida parecia saída de um manual de pesadelos: gritos ecoando pela casa, hematomas escondidos debaixo de vestidos de manga comprida e um marido com um bafo capaz de derrubar um boi. Mas como tudo nesta vida tem limite, Bonitona estava prestes a quebrar o ciclo de opressão da maneira mais… incomum possível.

Tudo começou com as tâmaras. Ah, as benditas tâmaras. Quem diria que frutas tão pequenas poderiam carregar segredos tão letais? Bonitona descobriu, em um daqueles programas de rádio de receitas (claro, não o meu), que as sementes da fruta, se preparadas da maneira “correta”, poderiam se transformar em pequenas bombas de cianureto. Não sabemos se essa informação era confiável, mas como a própria Bonitona dizia: 'não custa tentar.'

(Ao fundo, trilha sonora macabra com violinos tensos e um leve chiado, porque estamos nos anos 80, afinal.)

Noviça: “E foi assim que, certa tarde, depois de mais uma surra de cinto, Bonitona decidiu que seria a última. Ela arregaçou as mangas (literalmente) e passou a madrugada inteira triturando as sementes em um pequeno pilão emprestado de uma vizinha que achava que ela só estava tentando fazer um tempero novo. Mal sabia a vizinha que Bonitona estava cozinhando algo muito mais mortal do que um ensopado.

A vítima? Velho Chico, claro. E a arma escolhida? A sopa de fubá. Ah, essa sopa era a favorita dele, um verdadeiro ritual noturno. Enquanto ele assistia à novela com o bafo de pinga habitual, Bonitona mexia a panela com uma concentração de dar inveja a qualquer chef. No dia seguinte, o Velho Chico nem teve tempo de reclamar do tempero.

(Trilha sonora interrompida por uma risada maléfica da própria Noviça ao microfone)

NOVIÇA: Mas vocês acham que a história acaba aqui? Não, meus queridos ouvintes! A Bonitona não parou por aí. Ah, o gosto da liberdade, misturado com o sucesso do plano, era doce demais para que ela resistisse. Um amante ciumento, um vizinho fofoqueiro, até mesmo a mulher do mercado que insistia em dar fiado… ninguém estava a salvo. A Bonitona tornou-se, em poucos meses, uma figura temida. Seu sorriso doce escondia uma mente fria e calculista, e as tâmaras nunca estiveram tão populares no mercado local.

Certa noite, enquanto dançava em um bailão com um bonitão que acabara de conhecer, Bonitona pensou estar finalmente pronta para viver um novo capítulo. Mas o destino tinha outros planos. Uma garrafa quebrada, uma briga de bar digna de filme e, claro, outra sopa suspeita selaram o que muitos chamam de A Tragédia do Bailão das Tâmaras. Querem saber o resto? Ah, meus queridos, isso eu conto… no próximo bloco!”

(Música dramática de encerramento ao som de Wando — porque é anos 80, e Wando domina!)

Bloco 2

(Após o intervalo, a trilha sonora volta ao ar, com um toque ainda mais tenso. O som de passos ao fundo e um trovão ecoam, porque drama nunca é demais.)

NOVIÇA: Pois muito bem, meus queridos ouvintes, se vocês acharam que tinham visto tudo, preparem-se, porque o desfecho dessa história é tão inacreditável quanto… bem, quanto qualquer coisa que eu já contei aqui!

Bonitona estava saboreando sua liberdade, certa de que todos os seus problemas haviam ficado para trás. O Velho Chico já tinha ido desta para melhor, e o bailão agora era seu novo lar: um lugar de olhares furtivos, danças apaixonadas e, claro, novos alvos. Contudo, como todo mundo sabe, o destino adora pregar peças naqueles que brincam com fogo.

Uma noite, enquanto Bonitona ria alto e dançava como se estivesse na Broadway (afinal, ela era a rainha do salão), um novo problema surgiu. Lembram-se das tâmaras? Pois bem… uma das sementes, por descuido, acabou caindo do bolso do vestido dela e foi parar nos olhos atentos de uma vizinha fuxiqueira. Essa mulher, conhecida apenas como 'Dona Esmeralda', era famosa por suas investigações de sofá, sempre atenta a cada movimento suspeito. Dizem que ela era um tipo de detetive amador, que vivia com um caderninho anotando fofocas e teorias mirabolantes.

Quando Dona Esmeralda juntou as peças — tâmaras, mortes misteriosas e o tempero especial da Bonitona —, ela soube que precisava agir. Armou um plano elaborado, envolvendo bilhetes anônimos, reuniões secretas com os vizinhos e até um teatrinho no mercado. Finalmente, uma noite, Bonitona foi confrontada no salão de baile, bem no meio da pista de dança, enquanto Wando cantava ao fundo: 'Você é luz… É raio, estrela e luar…'

Ao som da música, a confusão se instalou. Gritos, acusações e... bem, outra garrafa quebrada, porque um bom conto trash precisa de muitos vidros estilhaçados. Bonitona tentou se defender, mas Dona Esmeralda trouxe um cacho de tâmaras como evidência. Não se sabe exatamente como a cena se desenrolou, mas dizem que a frase final de Bonitona foi algo como: ‘Se vou cair, que seja dançando!’

E assim, meus queridos, Bonitona foi levada pelas autoridades locais direto da pista de dança. O salão nunca mais foi o mesmo, e dizem que Dona Esmeralda escreveu um livro chamado As Tâmaras da Justiça. Moral da história? Bom, nunca subestimem as vizinhas investigativas ou o poder de um cacho de tâmaras. Essa foi a maior lição desta madrugada.

(A trilha termina com aplausos fictícios e risadas dos faxineiros no fundo do estúdio.)

NOVIÇA: Agora, meus queridos ouvintes, vamos encerrar essa madrugada com chave de ouro. Segurem suas xícaras de café, fiquem longe das tâmaras e lembrem-se: na vida, sempre há espaço para uma boa história — desde que vocês nunca mexam com uma Bonitona vingativa. Boa noite, e até a próxima madrugada!

PÔ PAI | O PRIMEIRO PEDAÇO É TEU/COM MEU MENINO NINGUÉM MEXE/DETONANDO NO PARQUINHO

 

Não dava pra dizer ao certo que dia era, tampouco o mês, mas uma coisa era certa: a data mais temida por Augusto havia chegado. Era aniversário de Beto. Como sempre, listinhas de presentes pregadas pela geladeira e indiretas espalhadas pela casa, disparadas na mesma velocidade com que Beto abria a boca.

— Como esse ano tá passando rápido, meu bem... — dizia Marcela, suspirando. — Daqui a pouco já é aniversário do Betinho de novo. Fico tão emocionada em pensar que meu bebezinho tá crescendo...

— Roberto já cresceu faz tempo. Só você não percebeu — retrucou Augusto, no seu tom irônico habitual.

— Lá vem você com isso de novo, Augusto. Sempre ranzinza e mal-humorado. Ainda bem que Beto não herdou esse seu gene rabugento.

— Se tivesse herdado, pelo menos seria útil à sociedade.

— Um dia você vai se arrepender de ser tão duro com nosso garoto...

Augusto bufou e lançou um olhar impaciente.

— Espero que ele não venha com exigência nenhuma. Não tenho um pingo de paciência pra comemorar aniversário de parasita. O que é que o Roberto faz pra merecer comida na mesa, hein, Marcela? E esse monte de listas? Até quando vou carregar essa cruz? Onde foi que eu errei?

— Quanta frieza, Augusto... Betinho é um vencedor... — Marcela tentou argumentar.

Augusto a encarou com um canto do olho.

— É tão difícil decidir o futuro na adolescência... Você acha mesmo justo depositar todas as esperanças num vestibular e, quando o nome não aparece no edital, aguentar piadinha de parente, a pressão do pai e tudo mais? Ele comemora porque sobreviveu a mais um ano turbulento...

— TURBULENTO? — Augusto explodiu. — Isso é uma pouca vergonha! Desde quando acordar ao meio-dia pra ver desenho e passar a tarde brisando no computador virou batalha?

Arquivo Malacubaca | PÔ PAI - CASOS DE FAMÍLIA: EU SÓ POSSO TER FUNDADO A TERRA DO NUNCA (2012)

 (um oferecimento do Arquivo Malacubaca)

Beto colocava o despertador para tocar pouco antes de começar Bob Esponja na TV. Era sagrado. Mas mal pisava fora do quarto, dava de cara com o pai, Augusto, que não escondia a decepção ao vê-lo em casa em plena manhã de dia útil.

— O senhor não devia estar na aula, Roberto? — perguntou o médico, com a sobrancelha arqueada.

— Pô, pai... Que é isso? Hoje eu não tive as duas últimas aulas...

— Ontem você também não teve.

— Cheguei atrasado porque choveu forte.

— Se não fosse eu te cutucar, você nem saía daquela cama.

— Pô, pai. Eu não ia à aula com chuva.

— Hoje não está chovendo. Por que não está na aula?

— Porque eu já disse... O ‘fessor’ de Física faltou.

Augusto cruzou os braços, desconfiado.

— Que raio de cursinho é esse em que os professores vivem faltando? O que dirá dos alunos? Se não é professor que falta, é porque a matéria não cai no vestibular, ou é semana do saco cheio... Uma beleza. E assim nosso país vai pra frente.

Nas Lentes da Malacubaca Especial | Missão Mengão – Perdido em Orlando



⏱️ 0h46 — Hora de Brasília

Deu ruim para o Mengão, apesar da brava luta até o último segundo. O Bayern de Munich avançou para as quartas-de-final da Copa do Mundo de Clubes e enfrentará o PSG, porém não foi por esse motivo que interrompemos a nossa programação normal.
Porra mermão, cê interrompeu a programação para dar notícia velha, cara? — reclama algum bebum tateando o brinquedo do gato achando que é o controle remoto. Ele parece um personagem aleatório do Hermes e Renato, com uma regata do Flamengo do tempo em que o clube era patrocinado pela Lubrax.
Fontes oficiais garantem que nem Noviça, nem Mick Jagger encontravam-se no estádio, tampouco os videntes L & L, que previram uma vitória acachapante do rubro-negro contra a equipe alemã. Inclusive, na última atualização de nossa redação, o perfil oficial deles no Instagram foi desativado.

Os Desencontros do Cupido | 13º Capítulo

 13

Edu Meirelles estava aproveitando ao máximo seu último dia em Buenos Aires. Suas malas, cuidadosamente arrumadas, repousavam próximas à porta da suíte presidencial, prontas para a viagem de volta ao Brasil. Mas o jornalista fanfarrão tinha planos de despedir-se em grande estilo. Com seu roupão azul-marinho atoalhado e chinelos de pano, ele preparava-se para o evento do ano — um pagode improvisado.

Chamando seus amigos argentinos e algumas hermanas que conheceu ao longo da estadia, Edu transformou a suíte em um verdadeiro sambódromo. Taças de champanhe tilintavam enquanto os convidados — vestidos casualmente e com um toque de descontração — ocupavam cada canto do amplo espaço. Empanadas, queijos, charcutarias e até um churrasco portátil traziam o sabor da festa, enquanto o pagode tocava ao fundo, contagiando todos com sua alegria.

Edu liderava o samba com sua energia inconfundível, enquanto tentava ensinar os amigos argentinos passos básicos, com direito a risadas e tombos. 

Qué tú haces en Brazil? — quis saber uma modelo de cabelos castanhos presos em um coque, vestindo um maiô sensual magenta que contrastava com sua pele bronzeada.

Soy un actor de mucha fama en Brasil. Faço muchas novelas. — mentiu o cinegrafista Edson, que passava bem distante de ter o físico dos atuais galãs da Malacubaca, usando somente o roupão atoalhado para cobrir o corpo, segurando na mão roliça uma taça de champanhe.

💘💘💘

Luciana Andrade já havia desembarcado em Buenos Aires, determinada a confrontar Edu. Vestida em um impressionante conjunto vermelho justo, que exibia suas curvas com elegância feroz, ela seguiu diretamente para o hotel onde ele estava hospedado. Luciana não era o tipo de mulher que recuava, e o espetáculo que ela estava prestes a causar prometia ser memorável. 

💘💘💘

Enquanto o pagode na suíte presidencial rolava solto, com vozes alegres e risadas ecoando pelos corredores, um som repentino interrompeu a melodia: tum-tum-tum, pausa, tum-tum-tum-tum-tum. Era uma batida ritmada, firme e insistente, tão forte que parecia atravessar a porta. Alguns convidados congelaram no lugar, enquanto Edu levantou a cabeça, os olhos semicerrados de apreensão.

— Sujou. Deve ser o gerente! — disparou ele, gesticulando para os amigos se esconderem.

Edu Meirelles não esperava por ninguém, no entanto, caminhou calmamente até a porta e solicitou para os convidados se esconderem no banheiro até a segunda ordem.  

— Não vai me convidar para entrar, não?  

Os Desencontros do Cupido | 12º Capítulo

 — Qual é a sua aposta, Chris? Nossa amiga Carmen Angélica achou ou não achou o medalhão? — perguntou Vespúcio.
— Ah, meu amigo, saberemos quando ela retornar. Mas sei que você achou o santinho no ano passado e desencalhou — respondeu Christiane.
— Mesmo assim, quero meu bolinho. Posso até ser casado, mas de bolo não abro mão.
— E nesse clima descontraído com cheirinho de café e bolo, o Malacubaca Meio-dia fica por aqui. Obrigada pela companhia de sempre. Tenha uma boa tarde e até amanhã!
— Até amanhã, amigos! Com ou sem santinho no bolo! — despediu-se Vespúcio.

Os Desencontros do Cupido | 11º Capítulo

 

11

Noviça pretendia ser a primeira a acordar, porém, Luciana, que entrou de penetra na reunião das amigas sem namorados, resolveu de veneta pernoitar sem nem ter sido convidada e ainda se comportar como se fosse hóspede em um hotel de luxo, exigindo café na cama e outras regalias mais.  

Ao amanhecer, em casa tronco havia um desenho. O primeiro se aproximava muito da letra J, o segundo tinha a inicial E, já a terceira ficou um pouco indefinida. Noviça, ao reconhecer a letra E, comemorou alto demais.  

— Eu sabia, eu sabia!  

Os Desencontros do Cupido | 10⁰ Capítulo


Luciana, apavorada, jogou-se no gramado.

— Só pode ter sido uma alma depenada!

Lilly deu uma olhada para o interior da sala e viu os cacos do abajur.

— Que alma depenada o quê!

Noviça, encabulada, acenou discretamente.

— Meu vaso da dinastia Ming! Paguei uma nota por ele num leilão na Dinamarca! — choramingou Lilly, com as mãos na cabeça.
— Leilão na Dinamarca? Ah, vê se para com isso. Tem uma centena de exemplares desse vaso aí no R$ 1,99 — retrucou Noviça.
— Ah, você está com visitas!

Luciana respirou fundo algumas vezes. Um escândalo àquelas alturas arranhava seriamente a reputação da novela. Havia deixado de pagar os últimos trabalhos encomendados e, para evitar maiores contratempos, modificou totalmente a postura. Noviça não era a pessoa mais indicada para se ter atritos.

— Pode depositar esse cheque amanhã cedinho. — Luciana, ainda crente de que presenciou um fenômeno paranormal, entregou o cheque nas mãos de Lilly: — Tenho pavor de alma depenada e não quero nenhuma puxando o meu pé de noite.
— Quando a esmola é demais, o santo desconfia. — Lilly brandiu o cheque no ar e fitou a atriz com desconfiança. — Espero que esteja com fundos.
— Limite-se a fazer o seu trabalho porque a cliente aqui sou eu.

Os Desencontros do Cupido | 9⁰ Capítulo


9  

  

Embora Lilly e Luís Carlos fossem geminianos do dia 18 de junho, decidiram dar uma festa no dia seguinte, 13, pois ele embarcaria para a Europa logo após. Iria sozinho. Além disso, um dia a irmã se casaria e cada qual teria de lidar com o rompimento do cordão umbilical, tendo, de verdade, vida própria. Não que não tivesse uma. Tinha amigos próprios, sonhos, ideais de vida, o desejo de ser pai, de um dia mudar-se em definitivo para a Dinamarca.

Dia dos Namorados Malacubaca (2004) | Dramas, sósias e bigodes (INÉDITO)

O ano é 2004...

 e o Dia dos Namorados caiu num sábado gelado até para os padrões de Balneário dos Anjos, aquela criança convidativa para passar o dia em casa, curtindo o love ou a fossa, mas nem para todos... Noviça, por exemplo, foi escalada para o plantão de Corpus Christi, visto que Edu Meirelles trabalhou no feriado anterior para ficar de molho e curtir sua afamada urticária amorosa, que, como bem sabemos, sempre o ataca nessa época do ano.

🫣 Preto da cabeça aos pés? Confere!
🫣 Chapéu de viúva de novela mexicana? Com certeza!
🫣 Discurso com entonação dramática? Na ponta da língua!
🫣  11 de junho deveria ter 48 horas. E tenho dito.

Os Desencontros do Cupido | 8⁰ Capitulo

— Que história é essa? — Luciana, aos gritos, chamou a atenção de todos na redação. Seus olhos brilhavam com raiva e decepção.
— Pois não, Luciana? — fez Bilu. 
— Que história é essa? — Os olhos da atriz brilhavam furiosamente enquanto ela marchava até a mesa de Bilu.
— Pois não, Luciana? — respondeu Bilu, levantando-se calmamente e encarando-a.
— Pois quero conversar com quem manda aqui nessa pocilga.
— Sinto muito, mas aqui não é uma pocilga, é uma redação e nós trabalhamos duro — Bilu corrigiu Luciana sem desviar o olhar. — Não sou sua garotinha de recados. Resolva seus problemas pessoais fora da Malacubaca.
— Eu te perguntei alguma coisa? — Luciana hostilizou a jornalista, avançando um passo.

Faltam 365 dias para a próxima Copa do Mundo

 

🗓️ Faltam 365 dias para a próxima Copa do Mundo

Por Mary Luz |Os Cadernos de Marisol


Bora matar a saudade das folguinhas no meio da semana?


O som das vuvuzelas ainda ecoa na nossa memória. As figurinhas coladas no caderno, os bolões que nunca ganhamos, a pizza para comemorar as vitórias da seleção, o Galvão gritando "É tetra!", o Cafu segurando o troféu do penta…

Pois prepare o coração, porque falta exatamente 1 ano para a Copa do Mundo FIFA 2026! ⚽

Do lado de dentro do silêncio 🔇

Joaninha no fim de tarde (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary) Toda vez que abro o rascunho é a mesma história: a folha em branco me encara, ...