Noviça tem recebido altas mensagens em suas mídias sociais desde que o vídeo do Boletim Extraordinário em Varginha foi publicado. Alguns internautas relembram o caso como uma farsa, outros se divertem e há quem corrobore ter havido censura ao vivo. No entanto, somente a repórter pode ou não solucionar esses e muitos outros mistérios, apesar de ainda não ter respostas para a pergunta que inquieta o Brasil há três décadas.
Noviça marca uma live para logo mais às 18h para tratar do assunto e pouco antes de entrar ao vivo apela para a afamada “colinha”, para manter a cadência das ideias e não ser prolixa.
— Em primeiro lugar, quero agradecer imensamente ao canal por resgatar grandes momentos da televisão e de quem os fala — começa Noviça. — Em segundo lugar, minha gente, eu adorei me ver no vídeo. Tenho envelhecido como o vinho, modéstia à parte. Para quem não era nascido ou realmente não se lembra, este caso parou o Brasil e a Malacubaca me escalou para cobrir tudo in loco. Jornalismo verdade, jornalismo raiz, com o selo de credibilidade da Malacubaca, a propósito.
📺 [Reconstituição do “apagão de Varginha”, Boletim Extraordinário, versão restaurada — 1996]
— Muita gente me pergunta o que realmente aconteceu naquela noite fatídica, e chegou a hora da verdade, meus amores. A verdade… — Ela faz suspense, olha para os lados. — … é que houve um apagão não acidental em Varginha. Eu estava prestes a iniciar a entrevista exclusiva com o extraterrestre — o primeiro contato da televisão brasileira com outra civilização, diga-se de passagem — quando um grupo de homens vestidos de preto, da cabeça aos pés, invadiu o local.
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As imagens granuladas mostram um automóvel preto sem placas, deslizando lentamente pela estrada de Varginha. O som de sirene é substituído por um zumbido metálico.
Três atores representando a equipe da Malacubaca tentam fugir. O cinegrafista segura a câmera no peito, uma assistente grita “salvem as fitas!”, e a atriz que faz a Noviça tenta abrir a porta, mas uma luz azulada os envolve.
— Poucos segundos após o boletim ir ao ar, um estranho apagão tomou conta da cidade. As luzes se apagaram, os relógios pararam, e o país inteiro ficou em suspense… o que realmente aconteceu naquela noite? Seria um simples problema técnico… ou o primeiro sinal de uma retaliação interplanetária?
⚡ [Corte rápido para o carro sendo içado por um feixe de luz — claramente uma miniatura pendurada por fio de nylon.]
— Fomos abordados por indivíduos de preto, todos com óculos escuros, mesmo debaixo da tempestade. Diziam ser ‘autoridades competentes’, mas o sotaque… o sotaque não era deste planeta!
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Entre uma pauta e outra, a redação da Malacubaca dá uma espiadinha na live da Noviça. Muitos compartilhamentos e espectadores prendendo a respiração (ou o riso, vai saber…).
— Fomos levados para o que parecia ser um galpão… mas quando dei por mim, estávamos flutuando.
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— Recordo-me de ter vislumbrado terra firme do planeta V96, da centena de milhares de alienígenas festejando a volta de seu líder, que voltou com uma fita dos Mamonas Assassinas e pôs-se a dançar com a multidão. O líder supremo fez um discurso muito emocionado, onde destacou que o Brasil é um belo país, muito alegre, receptivo, vasto, mas que jamais perdoaria o tratamento dado pela população, que o tratou como um forasteiro, um criminoso, um… monstro.
Noviça volta a fitar os tantos espectadores e gesticula imprimindo a característica dramática que há muitos anos a consagrou no jornalismo.
— Tive direito a fazer algumas perguntas para o líder supremo. Ele foi muito receptivo, me levou para conhecer alguns pontos turísticos do planeta V96, enfatizou que adoraria ter relações cordiais e diplomáticas com a Terra e apoiava o turismo interplanetário. Para quem não sabe, o planeta V96 se situa no nosso Sistema Solar, em algum ponto indefinido entre a Terra e Marte, só não foi descoberto. Se poderia abrigar vida humana, nossos cientistas ainda não sabem, mas a tecnologia em V96 está a anos-luz à nossa frente. Eles já estavam construindo colônias em Júpiter e Saturno, estudando as estruturas de Urano e Netuno, tinham correspondentes em Plutão.
Na tela, Noviça mostra fotos de um alienígena que segura um cajado prateado, certamente ilustrado pela Inteligência Artificial, cuja descrição lembra muito o suposto extraterrestre descrito pelas testemunhas oculares em Varginha.
— Realmente, antes de se despedir e devolver nossa equipe ao Planeta Terra, ele tomou minhas mãos, me olhou fixamente e disse: “Senhora Esteves, a humanidade ainda não está pronta”. Pouco depois, tive um apagão e minhas lembranças ficaram indistinguíveis. Quando acordei, saí pelo galpão escuro, em busca das fitas VHS que poderiam ter me premiado, mas meu cinegrafista anunciou com uma pontada de tristeza que nossas preciosas fitas se perderam no espaço… literalmente.
Noviça, cujo sensacionalismo corre nas veias, declara:
— Fui silenciada pelas autoridades por décadas. O paradeiro dessas fitas segue sendo uma incógnita. O conteúdo dessas gravações revolucionaria nossas percepções sobre a vida fora da Terra, além de, claro, me render alguns prêmios jornalísticos e o merecido prestígio que o tempo se encarregou de me trazer, fazendo justiça aos meus incansáveis sacrifícios pelos maiores e mais intrigantes furos de reportagem. Eu estive muito perto de ser a primeira jornalista do mundo, não só do Brasil, mas do mundo, a ter uma entrevista televisionada com um líder supremo de outro planeta. Que outro repórter de calibre pode se gabar de tamanha proeza? Eu gostaria de encontrar essas fitas, remasterizá-las e corroborar que não são meras teorias da conspiração, eles realmente existem.
Misteriosamente ou nem tanto, a live sai do ar.
Mais tarde, Noviça esclarece os supostos “problemas técnicos” que a impediram de se despedir do público em um vídeo breve:
— Trinta anos depois e a censura continua me silenciando, mas eu não temo a verdade, meus espectadores e fãs também não temem a verdade. Só teme a verdade quem tem muito a perder com ela. Aguardem os próximos capítulos.
📼 [Imagem congela, com letreiro]
“Baseado em relatos que desafiam a lógica e a paciência humana.”
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