5 de Outubro | Dia Mundial dos Professores

 


📚 Os Cadernos de Marisol

🍎 Ensinar não é uma profissão. É um ato de coragem.

A história da educação começa muito antes das salas de aula que conhecemos hoje. Nas sociedades primitivas, a educação era informal e integrava as crianças ao ciclo de trabalho e convivência desde cedo. Aprender era viver — a educação integral e difusa, como os historiadores chamam, era feita através da imitação, brincadeiras e participação nas tarefas diárias.


🌿 Na sociedade primitiva, a educação não era formal, mas profundamente vivida.
As crianças aprendiam observando os mais velhos. Era uma aprendizagem por ação, prática e participação.
Nos campos, nas caçadas, na pesca, nas cerimônias espirituais, as crianças imergiam no conhecimento, compartilhando as responsabilidades do dia a dia. A educação acontecia de maneira orgânica, sem a necessidade de livros ou currículos, mas com ensino através da experiência.

🎭 O rito de passagem para a adolescência era outro marco da educação.
Com o ingresso nas tarefas e no trabalho coletivo, as crianças se preparavam para se tornar adultos. A infância não era separada do trabalho; era parte da vida. Não havia castigos físicos, e a transição para a idade adulta era marcada por rituais de integração à sociedade — ritos de passagem, que se tornaram fundamentais para a construção do caráter e da identidade.


📜 Com o passar do tempo, as sociedades passaram a se dividir em hierarquias — e isso mudou radicalmente o conceito de educação.

🌍 O surgimento das primeiras civilizações trouxe inovações marcantes para o desenvolvimento da educação:

  1. A comunicação escrita
    O surgimento da escrita cuneiforme na Mesopotâmia e os hieróglifos egípcios permitiram a formalização da comunicação e a criação dos primeiros registros históricos, além de possibilitar a transmissão de conhecimento de uma geração a outra. A escrita deu origem a escolas especializadas e ao ensinamento dos escribas — os primeiros professores da história.

  2. Formação de cidades-estado e classes sociais
    Com o desenvolvimento de cidades-estado e impérios, a sociedade se estruturou hierarquicamente: surgem as classes sociais e, consequentemente, a educação diferenciada. A educação deixa de ser universal, pois agora os filhos da nobreza e da classe sacerdotal passavam a ter acesso a um tipo de ensino mais especializado (frequentemente ligado à administração, religião e filosofia), enquanto os camponeses e escravizados tinham uma educação restrita ou nenhuma.

  3. Misticismo, politeísmo e teocracia
    Em muitas dessas civilizações, a educação estava intimamente ligada à religião. O ensino era religioso, sendo ministrado por sacerdotes e os templos eram centros de sabedoria. O misticismo e o politeísmo formavam a base da educação, onde deuses e deidades eram usados como explicações para fenômenos naturais e humanos. No Egito, por exemplo, os escribas eram considerados representantes dos deuses na Terra.

  4. Educação diferenciada

    Nas sociedades antigas, a educação não era acessível a todos. Em Suméria e Egito, apenas uma elite educada — composta por sacerdotes, escribas e governantes — recebia o ensino formal. Já as massas eram excluídas do saber acadêmico, com exceção das tarefas práticas que poderiam ser aprendidas em casa.


🔎 A transição de um mundo tribal para um mundo de cidades-estado e impérios fez com que a educação se tornasse mais estruturada, formalizada e dividida. Enquanto o mundo tribal ensinava através da experiência coletiva e da imitação, as primeiras civilizações começaram a ensinar de forma hierárquica e diferenciada, com base na sacralização do saber e na especialização do trabalho.

📖 O papel do professor nessas civilizações foi sempre fundamental, mas ainda muito voltado para a preservação de saberes sagrados e administrativos. Era uma educação para manutenção do poder, para garantir que os governantes e sacerdotes continuassem no controle da sociedade e da produção cultural.

📜 Atenas e Esparta: dois modelos de educação na Grécia Antiga

Atenas era a terra dos filósofos e educação intelectual. Aqui, a educação estava voltada para o desenvolvimento do pensamento crítico. Meninos atenienses eram educados para se tornar cidadãos capazes de discutir, filosofar e governar. A filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles permeava o ensino ateniense, que buscava moldar o indivíduo por meio de diálogos e educação artística.

  • Foco da educação ateniense: reflexão, arte, política e democracia.

Esparta tinha uma abordagem muito diferente. Sua educação era militarizada, focada em preparar os meninos para o combate e a disciplina. A educação espartana era rigorosa, começando desde a infância, com um treinamento severo e uma ênfase na força física, na obediência e na lealdade à cidade. Mulheres espartanas também recebiam treinamento físico, mas o foco era preparar os homens para a guerra, com uma educação voltada para disciplina, força e resistência.

  • Foco da educação espartana: disciplina, coragem, força física e coletivismo.

Esses dois modelos contrastantes evidenciam como, na antiguidade, a educação já começava a ser vista como uma ferramenta de controle e manutenção do poder. Mas também revelam como a educação de uma sociedade está diretamente ligada aos seus valores fundamentais.


💭 De Atenas e Esparta para o mundo moderno
A transição da educação grega para as sociedades medievais e modernas foi marcada por uma mistura de influências: o intelectualismo de Atenas com a disciplina militar de Esparta se misturaram com a revolução científica e tecnológica da Idade Moderna. O professor passou a ser mais do que um transmissor de conhecimento: ele se tornou um mediador de saberes, orientador moral e guia de cidadania.

O Dia Mundial dos Professores é celebrado em 5 de outubro desde 1994, instituído pela UNESCO para reconhecer o papel fundamental que os educadores desempenham no desenvolvimento social, cultural e econômico de uma nação. Mas para além da formalidade da data, a reflexão é necessária: quem é, de fato, valorizado no sistema educacional?


👩‍🏫 Ser professor não é só ensinar, é resistir.
O professor é o primeiro a se deparar com os dilemas da sociedade, com os reflexos de uma educação desiguais, com a falta de recursos e apoio. O professor que educa com afeto, com compromisso, e sem as ferramentas necessárias para enfrentar as desigualdades sociais, culturais e econômicas, é herói em silêncio.
E ainda assim, aplaudimos o professor somente uma vez por ano.


📖 O que é um bom professor?
Não é aquele que apenas transmite conteúdo. É o que ensina a pensar. A questionar. A acreditar no potencial de cada aluno, mesmo quando o sistema parece querer ignorá-los.

💭 “A educação não transforma o mundo. A educação muda pessoas. Pessoas mudam o mundo.”
Esse pensamento de Paulo Freire deveria ser o ponto de partida de cada sala de aula, de cada gestão educacional, de cada política pública. Porque a educação não é uma linha reta. Não pode ser padronizada. Não pode ser feita de uma única fórmula.


🌱 A educação é a única ferramenta capaz de transformar uma sociedade.
E o professor, mais do que educador, é um agente de mudança. De ideias. Resistência. Reconstrução.
Professores são os artesãos do futuro, e cada aula é um fio tecido no tecido da história.

Hoje, o professor se vê diante de novos desafios: um mundo tecnológico, desigual e cheio de ruídos. Mas continuamos a lutar pela educação que transforma, que questiona, que não se cala.

A história da educação é como um rio, fluindo por civilizações que, apesar de tão diferentes, tinham algo em comum: a necessidade de transmitir conhecimento e preparar as novas gerações para o futuro.

📌 Com coragem e gratidão, dos Cadernos de Marisol.

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