Não sei qual é o verdadeiro nome do Chaves e vou partir desse mundo sem saber... Mas apesar de hoje algumas pessoas não entenderem o impacto dessa perda e debocharem disso ou quererem se promover às custas dessa tristeza que atinge a todos, de certa maneira. Alguns mais, outros menos.
Não me importo com elas, não vou discutir com quem não tem educação e senso do ridículo...
Vou guardar para sempre aquela imagem bonita de um casal apaixonado que somente a morte separou... Meus olhos cheios de lágrimas testemunham um momento o qual não estava preparada para viver, embora estivesse ciente que um dia ele teria que acontecer...
Suas palavras dizendo para que nosso coração sustente a juventude que nunca morrerá, que nunca é tarde para corrermos atrás dos nossos sonhos, ficarão gravadas...
Foi uma sexta-feira. Não foi boato. Sempre era. Minha segurança era procurar as fontes confiáveis e elas desmentiram, mas a foto preta e os emoticons tristes já davam uma ideia de que não apenas eu, mas muitos que eu mal conheço ficaram devastados...
Depois daquela fase tão horrível de brigas por conta das eleições, todos nós unimos novamente para nos despedirmos daquele que nos presenteou com o seu talento deixando um incrível legado o qual muito será falado, não se perde aqui, não acaba assim.
Não vai ser uma colunista imbecil que vai modificar minha opinião ou o meu amor já consolidado. O talento fala por si. Nos pequenos gestos. Na comoção que atingiu crianças de todas as idades. No fim das contas, assim somos. Todos, todos.
Chaves eternamente seus oito anos sempre terá...
Chaves sempre será amigo de todos aqueles que crescem e não matam a criança que dentro delas habita...
Sempre vou rir do jeito que ele lê, das suas imensas trapalhadas, de todas as frases que escuto desde que me entendo por gente e milagrosamente sempre encontro graça. Minha risada não é uma obrigação, é um grito que vem de dentro da minha alma, uma gargalhada espontânea que já me deu fôlego várias e várias vezes...
Fico pensando sempre se o barril é confortável quando faz muito frio, porque sim, no inverno as noites são muito geladas. O Kiko e a Chiquinha têm uma casa para morar... mas e o Chaves?
Será que ninguém nunca o convidou para entrar? Nem para um pouco de café tomar? Nem uma tigela de sopa?
O frio sempre nos deixa muito famintos, sei por mim. Um pouco de sopa de legumes ajuda a aquecer o corpo.
Será que alguém lhe emprestará um cobertor?
Ou agora seu colchão é feito de nuvens brancas de algodão?
Não sei se comestíveis são, mas espero que a essa hora o Seu Madruga já tenha colocado um sanduíche de presunto na conta da D. Clotilde, contudo tenho a leve impressão de que ela preparou um bolinho no capricho para a chegada do querido amigo e com certeza Godinéz já deve aprendido a assobiar várias músicas novas e tem um monte de novidades para contar.
Agora Chavinho poderá retomar as aulas de "violar o tocão" e de boxe também...
Será que vai poder plantar um pé de carambolas lá em cima?
E caçar churrominos?
Será que o Seu Madruga também cuida das suas chirimoias? Ou vende churros (ordenando solenemente que não deseja ouvir uma única risada quando em público aparecer uniformizado)?
Seriam os churros da D. Clotilde? Se os bolos e o frango assado pareciam ser bons, imaginem só os churros dela?
Ou agora Clotilde é Miss Universo? Pois sim, com o seu chapéu atrevidamente exótico, ela deve estar desfilando por aí, mas só o Madruguinha pode entrar no camarim, afinal, se o Festival da Boa Vizinhança ainda é um clássico da vila, devemos muito ao Seu Madruga que idealizou e dirigiu o espetáculo...
Ou estará Clotilde declamando poemas românticos para acalentar os corações apaixonados?
Será que Jaiminho continua evitando a fadiga? São muitas as correspondências que chegam...
Onde está o Madruguinha, o massacote do Kiko? E o gatinho?
O Chavinho não vai me contar nada disso, mas sei que quando as nuvens pararem de esconder as constelações, vou ver um pontinho cintilante lá no alto e direi à Chiquinha para que não fique triste. Ele está ali, ao lado do Madruguinha, da Bruxa do... ops... da D. Clotilde, do Jaiminho, da mãe dela, do pai do Kiko... Eles nunca deixarão de ser amigos, essa distância é provisória. Ninguém morre quando e enquanto vive no nosso coração.
Sempre hei de saber exatamente como é não ter todos os melhores brinquedos do mundo e mesmo assim ser uma criança como outra qualquer, com inocência, pureza, sonhos a mil, esperanças, alguém que o pouco que tem ainda consegue repartir...
Tem gente que não é "pobre de dinheiro", mas em questão de humildade é miserável...
Minha infância pode não ter sido perfeita, no entanto passear pela vila mais querida da América Latina sempre vai ser o passatempo a me arrancar sorrisos a qualquer hora do dia...
Nunca viajei para Acapulco, mas sempre que acompanho o meu episódio preferido, me lembro de ter fé porque é ela que movimenta o universo para que o impossível não o seja mais.
Enquanto eu cresci, o Chaves continuou criança. Por dentro, eu também. E é orgulho, não vergonha!
Toda vez que chegar o fim do ano, vou sempre me lembrar daquela reunião divertida que ao final de tudo renova as nossas esperanças para o próximo ano...
E vamos vivendo sempre, na medida do possível, com entusiasmo. A tristeza não vai apagar a alegria que se sobressaiu...
Então, dizem que a vida é assim... Que dizer adeus faz parte... Mas não interpreto tudo isso como um adeus e sim um até logo... Limito-me humildemente a dar algum sentido às minhas palavras para traduzir em várias linhas o que pode ser dito com uma frase: muito obrigada!
Este é um depoimento que não teria forças para verbalizar porque por mais forte que eu tenha sido durante as transmissões e homenagens, não tanto sou que não possa admitir minhas lágrimas.