Porque você era a
abelha-rainha
Mentora intelectual de todo
mal
Acompanhada dos fiéis
seguidores
Sua última palavra se fez
ordem
Boatos reverberaram pelos
corredores.
E
eu, eu não tive para onde correr...
E
eu, eu não tive onde me esconder...
Eu
não tive alguém para me socorrer...
Movida pelo ódio tórrido e
irracional,
Me acusou de não levar na
brincadeira
Os adultos compraram a sua
versão,
Que descanse em paz aquela
lancheira.
Sua risada sempre me
desconcentrou,
Das minhas lágrimas você
debochou
Porque minha desgraça te
entretinha.
Desfilou nas passarelas de
papel picado
Ostentando na cabeça a coroa
de latão.
Milhões de reputações você
ceifou
Por pura e simplesmente
diversão.
E
eu, eu não tive como me divertir...
E
eu, eu não tive como te impedir...
Eu
não tive quem acreditasse em mim...
Textões descrevem a doce
infância
Sorrisos, brincadeiras,
modinhas.
Naquela fotografia eu não
apareço
Tudo o que você me fez passar
Abelha-rainha, eu jamais me
esqueço.
Para as atrocidades sem
retratação,
Tardará também o desejo de
perdão.
Encarregam o tempo de ser,
de ser
De ser o grande senhor da
razão,
Encarregam o tempo de fazer,
fazer
Fazer a justiça dar a cada
um
O que por direito é seu, é
seu, é seu...
O tempo se atrasou,
abelha-rainha,
Do preconceito floresce a
intolerância,
O senhor da razão tem a
visão míope,
A maldade é formosa e
eloquente
E eu, uma criatura magoada e
impaciente.
Mimimi, você pode até
dizer...
Mimimi, pra você que nunca
foi piada,
Tudo o que ofenda a
integridade alheia,
É motivo para cair na
gargalhada...
Mimimi, você pode até
dizer...
Mimimi, porque não é com
você...
Mimimi, porque não foi você
que cresceu
Olhando a felicidade do alto
da janela...
Mimimi, porque você jamais
chorou
E padeceu ao inferno da
inadequação
Que gente como você à
revelia me impôs...
Mimimi, você pode até
dizer...
Mimimi eu quero ver quando a
justiça se fizer...