Julho está chegando ao fim, mas para fechar o mês do rock com chave de ouro e muita atitude, o Destrinchando a Letra de hoje taca o pé na porta com Joan Jett & the Blackhearts.
“I love rock 'n' roll / So put another dime in the jukebox, baby”
Aqui, a sofrência não tem vez. Aqui, é rock 'n roll, atitude, rebeldia. Aqui, não tem espaço para clean girls e sua paleta de bege-vômito a verde-cocô-de-barata, não tem submissão para macho escroto, é energia de mulher empoderada de verdade mandando a real… aqui, somos weird girls com orgulho, batom vermelho, estampas que não querem combinar, muito rock tocando na vitrola e amor, só se for de alguém que não tem receio da verdadeira energia feminina, a da mulher que subverte o sistema em vez de se moldar a ele.
Lançada em 1981, essa música é um grito feminino de liberdade e desejo. Joan Jett, com sua jaqueta de couro e atitude punk, pegou uma canção originalmente composta por homens e transformou em um hino da autonomia feminina, com uma sensualidade crua, direta, sem pedir desculpas.
🎶 Primeiras batidas: a cena está armada
“I saw him dancin' there by the record machine
I knew he must 'a been about seventeen”
A cena começa como um clipe: ela vê um garoto dançando, provavelmente numa lanchonete ou bar com jukebox. A idade dele — “uns 17 anos” — já indica o jogo de tensão: ela é mais velha, mais experiente. Quem costuma fazer esse papel nos hits masculinos é o homem.
Aqui, Joan inverte o jogo. Ela deseja e narra esse desejo sem rodeios. É revolucionário: uma mulher dizendo “eu quero” com convicção, sem ser retratada como vulnerável ou “presa ao amor”.
🎧 A trilha do desejo? Rock 'n' roll
“The music was fadin' / And they played my favorite song”
A música que toca é sua favorita. E quando começa, é como se tudo se alinhasse. Joan não está à mercê do acaso — ela assume o comando da narrativa: vai puxar papo, vai agir. A paixão nasce da música, do ritmo, da vibração de algo que não é romântico, mas visceral.
🕺 “So we danced on through the night…”
"Yeah me and I could tell it wouldn't be long
Till he was with me, yeah me”
Aqui entra o refrão que cola na cabeça — mas por trás dele há afirmação de poder. Ela dança, ele corresponde, ela prevê: “não vai demorar para ele estar comigo.”
Não há vergonha, nem espera passiva. É a mulher que deseja, prevê e conquista — com naturalidade e prazer.
🔥 Rock como linguagem da liberdade
"I love rock 'n roll / So put another dime in the jukebox, baby"
Essa frase é tão icônica que virou estampa de camiseta, nome de bar e símbolo de rebeldia. Mas o que ela realmente diz?
Não é só sobre música — é sobre identidade.
Joan Jett diz que ama o rock porque ele é o canal por onde ela vive, sente, conquista, provoca. Cada moeda na jukebox é um ritual. Ela escolhe o som, o momento e com quem dividir a noite. É liberdade com batida de bateria.
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📢 Um hino feminista disfarçado de flerte
Apesar da atmosfera festiva, “I Love Rock’n Roll” é profundamente política: Joan canta o desejo sem ser sexualizada por outro olhar que não o dela mesma. Não se submete a narrativas masculinas nem se suaviza para agradar.
Ela flerta, dança, conquista — e segue em frente.
🎤 Curiosidades:
- A música é um cover! A original é da banda The Arrows, de 1975.
- Joan Jett foi recusada por várias gravadoras antes de lançar seu disco sozinha e estourar nas paradas.
- A canção ficou 7 semanas em 1º lugar na Billboard americana.
💥 Conclusão
> “I love rock 'n roll / So come and take your time and dance with me”
Essa música é o convite mais direto e sincero da história do rock. Um convite à música, ao corpo, à liberdade de ser quem se é — sem medo.
Joan Jett não quer um amor de cinema. Ela quer uma música boa, uma dança boa, e uma noite que valha a pena.
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