Não é só tristeza, é mágoa.
Daquelas que se instalam devagar, como silêncio em corredor vazio.
Fico magoada.
Porque eu vejo — com os dois olhos bem abertos — que as pessoas preferem apoiar quem já tem tudo.
Quem já chegou.
Quem tem aplauso pronto, feed bonito, presença premiada.
Apoiar quem ainda está tentando exige sensibilidade.
Apoiar quem já “deu certo” exige só vaidade.
Quando eu era só semente,
ninguém se aproximava.
Ninguém perguntava como eu estava,
ninguém comentava no meu texto,
ninguém oferecia água.
E agora, que minhas palavras brotam de novo,
mesmo tímidas, mesmo feridas,
tem gente rondando como se dissesse:
“Olha, ainda tô aqui…”
Como se fosse favor estar.
Mas eu lembro.
Lembro de quem sumiu quando doeu.
De quem se calou quando eu gritei.
De quem fingiu que não me via pra não ter que apoiar.
“Desculpa, mas eu não aguento mais gente que só aparece na hora da desgraça.
Gente que vem ver se eu caí —
mas nunca veio quando eu tentei levantar.”
Não estou dizendo que quero plateia.
Só queria uma presença verdadeira.
Alguém que dissesse: “Eu vi você escrevendo sozinha.
E mesmo assim, continuei aqui.”
Mas isso é raro.
E eu aprendi:
Quem não me regou na seca,
não tem direito de colher na florada.
E sigo.
Com menos,
mas com mais verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito obrigada pela visita ao OCDM, espero que você tenha gostado do conteúdo e ele tenha sido útil, agradável, edificante, inspirador. Obrigada por compartilhar comigo o que de mais precioso você poderia me oferecer: seu tempo. Um forte abraço. Volte sempre, pois as páginas deste caderno estão abertas para te receber. ♥