🌙 Madrugada Animada na Malacubaca AM 🌙 | Conto das Tâmaras: O Lado Doce da Vingança (1985)


🌙 Madrugada Animada 🌙 Edição de 1985 — Conto das Tâmaras: O Lado Doce da Vingança

NOVIÇA: Boa madrugada, meus ouvintes corajosos! Se você está aqui comigo agora, já posso garantir que está prestes a embarcar em uma das histórias mais surreais que já contei neste programa. Então segurem suas canecas de café (ou aquele velho chá que vocês insistem em chamar de calmante) e fiquem bem atentos, porque hoje vamos falar sobre vingança, tâmaras e um casamento que não era exatamente o que parecia ser. A história de hoje é para os fortes. Aviso desde já: nada aqui é suave. Vamos lá?

A história começa em uma rua tranquila de um bairro sem graça, onde a Bonitona vivia. Mas não se deixe enganar pelo nome! Bonitona era muito mais do que um rostinho encantador — ela escondia um lado sombrio que os vizinhos jamais poderiam imaginar. Casada com o ‘brutamontes do quarteirão’, o Velho Chico, sua vida parecia saída de um manual de pesadelos: gritos ecoando pela casa, hematomas escondidos debaixo de vestidos de manga comprida e um marido com um bafo capaz de derrubar um boi. Mas como tudo nesta vida tem limite, Bonitona estava prestes a quebrar o ciclo de opressão da maneira mais… incomum possível.

Tudo começou com as tâmaras. Ah, as benditas tâmaras. Quem diria que frutas tão pequenas poderiam carregar segredos tão letais? Bonitona descobriu, em um daqueles programas de rádio de receitas (claro, não o meu), que as sementes da fruta, se preparadas da maneira “correta”, poderiam se transformar em pequenas bombas de cianureto. Não sabemos se essa informação era confiável, mas como a própria Bonitona dizia: 'não custa tentar.'

(Ao fundo, trilha sonora macabra com violinos tensos e um leve chiado, porque estamos nos anos 80, afinal.)

Noviça: “E foi assim que, certa tarde, depois de mais uma surra de cinto, Bonitona decidiu que seria a última. Ela arregaçou as mangas (literalmente) e passou a madrugada inteira triturando as sementes em um pequeno pilão emprestado de uma vizinha que achava que ela só estava tentando fazer um tempero novo. Mal sabia a vizinha que Bonitona estava cozinhando algo muito mais mortal do que um ensopado.

A vítima? Velho Chico, claro. E a arma escolhida? A sopa de fubá. Ah, essa sopa era a favorita dele, um verdadeiro ritual noturno. Enquanto ele assistia à novela com o bafo de pinga habitual, Bonitona mexia a panela com uma concentração de dar inveja a qualquer chef. No dia seguinte, o Velho Chico nem teve tempo de reclamar do tempero.

(Trilha sonora interrompida por uma risada maléfica da própria Noviça ao microfone)

NOVIÇA: Mas vocês acham que a história acaba aqui? Não, meus queridos ouvintes! A Bonitona não parou por aí. Ah, o gosto da liberdade, misturado com o sucesso do plano, era doce demais para que ela resistisse. Um amante ciumento, um vizinho fofoqueiro, até mesmo a mulher do mercado que insistia em dar fiado… ninguém estava a salvo. A Bonitona tornou-se, em poucos meses, uma figura temida. Seu sorriso doce escondia uma mente fria e calculista, e as tâmaras nunca estiveram tão populares no mercado local.

Certa noite, enquanto dançava em um bailão com um bonitão que acabara de conhecer, Bonitona pensou estar finalmente pronta para viver um novo capítulo. Mas o destino tinha outros planos. Uma garrafa quebrada, uma briga de bar digna de filme e, claro, outra sopa suspeita selaram o que muitos chamam de A Tragédia do Bailão das Tâmaras. Querem saber o resto? Ah, meus queridos, isso eu conto… no próximo bloco!”

(Música dramática de encerramento ao som de Wando — porque é anos 80, e Wando domina!)

Bloco 2

(Após o intervalo, a trilha sonora volta ao ar, com um toque ainda mais tenso. O som de passos ao fundo e um trovão ecoam, porque drama nunca é demais.)

NOVIÇA: Pois muito bem, meus queridos ouvintes, se vocês acharam que tinham visto tudo, preparem-se, porque o desfecho dessa história é tão inacreditável quanto… bem, quanto qualquer coisa que eu já contei aqui!

Bonitona estava saboreando sua liberdade, certa de que todos os seus problemas haviam ficado para trás. O Velho Chico já tinha ido desta para melhor, e o bailão agora era seu novo lar: um lugar de olhares furtivos, danças apaixonadas e, claro, novos alvos. Contudo, como todo mundo sabe, o destino adora pregar peças naqueles que brincam com fogo.

Uma noite, enquanto Bonitona ria alto e dançava como se estivesse na Broadway (afinal, ela era a rainha do salão), um novo problema surgiu. Lembram-se das tâmaras? Pois bem… uma das sementes, por descuido, acabou caindo do bolso do vestido dela e foi parar nos olhos atentos de uma vizinha fuxiqueira. Essa mulher, conhecida apenas como 'Dona Esmeralda', era famosa por suas investigações de sofá, sempre atenta a cada movimento suspeito. Dizem que ela era um tipo de detetive amador, que vivia com um caderninho anotando fofocas e teorias mirabolantes.

Quando Dona Esmeralda juntou as peças — tâmaras, mortes misteriosas e o tempero especial da Bonitona —, ela soube que precisava agir. Armou um plano elaborado, envolvendo bilhetes anônimos, reuniões secretas com os vizinhos e até um teatrinho no mercado. Finalmente, uma noite, Bonitona foi confrontada no salão de baile, bem no meio da pista de dança, enquanto Wando cantava ao fundo: 'Você é luz… É raio, estrela e luar…'

Ao som da música, a confusão se instalou. Gritos, acusações e... bem, outra garrafa quebrada, porque um bom conto trash precisa de muitos vidros estilhaçados. Bonitona tentou se defender, mas Dona Esmeralda trouxe um cacho de tâmaras como evidência. Não se sabe exatamente como a cena se desenrolou, mas dizem que a frase final de Bonitona foi algo como: ‘Se vou cair, que seja dançando!’

E assim, meus queridos, Bonitona foi levada pelas autoridades locais direto da pista de dança. O salão nunca mais foi o mesmo, e dizem que Dona Esmeralda escreveu um livro chamado As Tâmaras da Justiça. Moral da história? Bom, nunca subestimem as vizinhas investigativas ou o poder de um cacho de tâmaras. Essa foi a maior lição desta madrugada.

(A trilha termina com aplausos fictícios e risadas dos faxineiros no fundo do estúdio.)

NOVIÇA: Agora, meus queridos ouvintes, vamos encerrar essa madrugada com chave de ouro. Segurem suas xícaras de café, fiquem longe das tâmaras e lembrem-se: na vida, sempre há espaço para uma boa história — desde que vocês nunca mexam com uma Bonitona vingativa. Boa noite, e até a próxima madrugada!

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