Dizeres sobre a carência
Para quem desistiu do amor
Para quem desistiu do amor
Por Mary Luz | Os Cadernos de Marisol
Desistir do amor não é uma escolha fácil. É uma decisão que surge quando a dor, o cansaço ou as decepções se acumulam até o ponto de sufocar a esperança. E, se você chegou a esse lugar, saiba que não está sozinho. Muitas pessoas já sentiram esse peso e essa desconexão, mas isso não torna sua história menos única ou menos importante.
Nem todo amor é amor — e sobreviver é mais importante que sentir
Nem tudo é tão óbvio quanto pode parecer para quem enxerga uma situação de uma perspectiva mais distante. Insistir na mesma ladainha quando os ouvidos estão preenchidos por outro discurso traz aquela sensação de que estamos falando para ninguém.
Não adianta ilustrar na lousa um teorema que demonstre com todas as evidências palpáveis que essa história não terá final feliz, este amor sussurra doçuras e dá a palavra final. Ele é verdadeiro, os falsos são sempre os outros.
É possível viver sem AMIGOS?
Escrito originalmente em 2014, este texto reflete um período em que explorei de forma mais intensa os significados de amizade e solidão. Ele fez muito sucesso no meu blog Perguntas, prerrogativas e provocações, e acredito que sua mensagem ainda ressoa nos dias de hoje. Por isso, decidi compartilhá-lo novamente, intacto, para que novos leitores possam refletir e talvez se identificar com essas palavras.
Platônico III
Tudo pela ideia de alguém gostar de mim
Estou a léguas distantes de ser a maior simpatizante ao Dia dos Namorados. De fato, nunca foi minha data favorita no calendário, pelas mais diversas razões, que não vêm ao caso, embora se relacionem à hipocrisia e ao péssimo estigma da condição de “solteira” como sendo alguém que supostamente falhou no cumprimento das expectativas da sociedade e ainda não se realizou.
Cara rosa, ninguém nasce sabendo
Gente blasé eu quero fora da minha vida
Gente blasé me cansa. Se você possui meios de entrar em contato e não o faz, desconheço motivos para te manter na minha lista de amigos. Não curte nenhuma foto, não comenta, não compartilha... a verdade é que para você não faz diferença alguma ter ou não a minha amizade, o erro foi meu, te superestimar, enxergar você sob as lentes da inocência e da bondade, que te faziam uma pessoa melhor do que você realmente era. Não quero te incomodar, viva sua vida e seja feliz, agradeço a Deus por ter me mostrado a verdade, dessa forma estou aprendendo a nunca mais revirar o passado, nem romantizar situações. A única que manteve a amizade viva ao longo desses anos fui eu, você se refez, pessoas ao seu redor não faltam, o meu problema é esse: a carência me faz uma mendiga de afeto, a vontade de ter com quem conversar, alguém que me escute e também fale, que se importe, tenha iniciativa. Sei viver sem você e você sabe viver sem mim, prefiro me afastar porque pode não parecer, mas não deixa de ser uma dolorosa constatação: eu fui amiga sozinha. A falta de tempo não cola, pois se duas pessoas se querem bem, sempre vão encontrar um meio de diminuir a distância e demonstrar o bem querer, agora para quem se escora em desculpas esfarrapadas, qualquer uma é válida. Gente blasé eu quero fora da minha vida.
Memórias invisíveis (2014)
Meu ponto fraco nesse
labirinto mal desenhado. Não te vi em parte alguma porque nunca esteve
presente. Incrementei recordações para não perder de vista os dias, mas era a
mim que não reconhecia, ninguém o fazia porque estavam todos ocupados demais
para se lembrarem que eu estava ali, não por opção, eu simplesmente estava, meu
coração não, porque ele parou de contar o tempo, com a ajuda da saudade.
Fiquei ali até que a
curiosidade pelas estrelas fosse maior que sua desatenção.
Sem grandes aspirações,
tinha muito a fazer. Por mim. Pelos
sonhos que sempre valeram mais do que você. Pela cura que incansavelmente
busquei. Feridas reabertas, persisti num erro amansado pela culpabilização da
autenticidade.
Mais uma vez ouvir mentiras
e brincar de invisível, será que não me cansei?
É insano, mas não.
Cismei de ficar ali, naquela
mesa onde serviria de divã e nutria ódio de mim mesma, programada para ser
problema, tão diferente daquela injeção contundente de otimismo que era sombra.
Sua "saudade"
alimentou o desejo que anteriormente nunca me passou pela cabeça. Você e eu não
passávamos de bons amigos. Estranhos conhecidos. Um na defensiva, o outro
imerso no ceticismo ensurdecedor. Quase me apossei desse desprezo pelo simples,
embora fervendo de dúvidas e pendente entre a crença e a loucura completa.
Todo mundo em alguma altura
da vida deve ter se olhado para o horizonte sem resposta nem bússola, sem nem
saber quem era, apesar de estar com o RG no bolso da calça. Ainda faltam léguas
para vislumbrar o oásis e a impaciência conta pontos contra aqueles que põem a
forçar o ritmo da caminhada. Perdi a conexão com a realidade, fantasiando que
seu distanciamento temperava minha timidez, que sua demonstração de afeto era
torta, porém totalmente sua. Esse arrependimento arrancou a minha paz e trouxe
de brinde a culpa.
Fiquei boba por você,
embriagada pela carência, recolhendo suas migalhas, visualizando um banquete,
sendo que a toalha nem sequer estava estendida e na minha caixa postal não
constou nenhum convite. Sem nunca te chamar, você não podia me ouvir e se
ouviu, fez que não. Chorei várias noites alimentando esse tal de amor sem
dignidade, sem antídoto, sem trégua. Bem mais que justificar meus desatinos
passados, cabia dizer a mim "eu te amo", ao contrário de você, que
como tantos outros prometeu nunca me abandonar e deu as costas. Também dei as
costas para mim. Um erro fatal.
O gosto do veneno ficou lá
no alto da garganta de sequela. Essa irrealidade entre mim e você me custou
tanto. Em troca de carícias e belas palavras, sua fraqueza me fez sangrar.
Equivocada sempre estive, não me acuse. Já desempenhei essa função e não
remediei as imensas agonias, apenas reflito mediante as mazelas da decepção. Não foi a primeira.
Eu nunca precisei de você.
Abro mão dessas memórias invisíveis e pouco aproveitáveis. Eu amava a projeção.
Você, entretanto, eu não sei nem quem é e não movo uma palha para saber. É a
mim que quero conhecer. E eu sei com muito amor que sou bem mais do que tudo de
ruim que aprontaram contra mim, as bobagens que falaram (e ainda falam). Sou o
tempo presente porque viver é um desafio e eu desejo mais que jogar fora meus
dias cultivando um sonho que visava me inserir num mundo que nunca foi meu.
Reconhecer que não é o fim
foi a chave que abriu o temido cadeado e me fez mulher.
Uma ingrata espera
O que não me matou, me fez mulher
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