Quando a caneta descansa

 


Chega a hora de crescer.
Ampliar o campo de visão.
Chega a hora de ser mulher, não me esconder mais da vida nem de ninguém.
Não tem motivo.
Estou aqui para fazer a diferença e não para observar.

Sou a protagonista da minha própria história e digo quando esse capítulo modorrento deve acabar — e é agora. Sem mais.
Não há razões para prolongar esses parágrafos.

Não importa o que digam, o quanto riam.
Não tenho medo de tentar de novo, nem vergonha das minhas cicatrizes.
Gostaria de consertar alguns trechos do passado, porém não posso,
e não me resta pranto para lamentar o que já superei.

De certa forma, crio defesas para encarar o improvável.
Ainda choro, sim — mesmo quando fecho os olhos para que ninguém veja, para que a dor me esqueça.

Não tem como fugir.
De mim?

Não sou imortal.
Não tenho mais a prerrogativa de brincar com os minutos como se fossem areia derramando por entre os dedos das mãos...

Hoje estou aqui, me convencendo de que o melhor para mim é desapegar-me por completo do pretérito.
Olhar para o foco, para o presente,
porque o futuro pode não chegar...
Não chega pra todos.

O futuro de todos nós é não ter mais nenhuma perspectiva.
Um dia os olhos se fecham,
a caneta descansa
e o coração não sofre mais de quaisquer males.

Acabam as dúvidas, as moléstias,
e também o amor.
Acaba a saudade.

Curitiba, 17 de agosto de 2012.

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