Boa tarde de domingo, amigos e visitantes! Hoje trago a resenha de um livro que mesmo sendo lido no finalzinho de 2014, valeu muito a pena. Fiquei meses desejando-o, meses esperando ter um dinheirinho sobrando para adquiri-lo, não quis nem baixar em PDF porque queria a versão física, então quando passei na livraria para as minhas comprinhas de Natal, não pensei duas vezes e o comprei, começando a lê-lo na mesma noite. Não serei mentirosa nem arrogante de dizer que li essa obra em duas horas ou em um único dia. Levei algumas semanas para a conclusão da leitura. Gosto de ler com a alma, me comprometer com o enredo, amar, odiar, torcer ou não por um personagem. Esta humilde resenha não é a mais completa do mundo, mas foi escrita com todo o meu amor.
Mary Recomenda: A Rosa da Meia Noite - Lucinda Riley
Título: A Rosa da Meia Noite
Autora: Lucinda Riley
Editora: Novo Conceito
Ano de publicação: 2014
Páginas: 574
Vamos começar… Gostei muito da Anahíta, muito mesmo. Ela é a heroína desse livro e minha personagem preferida. O prólogo narrado por essa sábia senhora ainda tão lúcida em seu centenário nos deixa ávidos de vontade de conhecer o seu passado, e o seu último desejo mais do que especial, mais do que uma ordem, ser atendido. Quem seria o escolhido para ler toda a história que Anahíta havia contado ao seu filho o qual ela tinha certeza de estava vivo, apesar de todos ao seu redor desdenharem? Ari Malik.
A princípio, o personagem do Ari me pareceu um pouco arrogante por nunca dar muita atenção à família e só pensar no trabalho, mas compreendo que ele tinha objetivos na vida, queria progredir, ser realmente bom no que fazia, ter luxo, conforto, ser um homem de poder, no entanto, ao ser abandonado pela namorada, sente pela primeira vez que apesar de ter “tudo”, algo lhe falta. E deve ser algo importante. Falta algo que nem todo o dinheiro do mundo compra. Então, por curiosidade, ele acaba lendo a história da Anahíta Chavan e o livro chega ao seu esplendor, pois somos transportados para a Índia do início do século passado quando esse país ainda estava sob o domínio inglês.
A leitura acaba fazendo com que o Ari chegue até Astbury Hall, onde estão gravando um filme passado na década de 1920, cuja protagonista é a personagem Rebecca, uma personagem que eu não gostei muito porque não consegui sentir — apesar de saber um pouquinho da sua biografia — um pouco da sua essência. Não simpatizei com o Jack porque o achei muito frívolo, até um tanto interesseiro, e achava a Sr.ᵃ Trevathan, a governanta, um pouco estranha, mas depois que a história avança consideravelmente, você muda a sua opinião sobre ela.
Inicialmente eu acreditava apenas que o Lorde Astbury era apenas um homem de comportamento recluso, talvez ocasionado por uma grande perda ou decepção, talvez por opção, tem pessoas que preferem viver sozinhas para evitarem se machucar. Julguei várias coisas que não se confirmaram: a primeira delas é que ele poderia ter perdido a esposa, assim bem clichê, e iria se apaixonar pela linda Rebecca e ela trocaria o Jack por ele, mas não imaginava o que realmente se sucedia, compreendendo que cuidar do jardim lhe trazia uma boa sensação, e é numa dessas cenas que se explica o porquê do título.
As partes da história que pessoalmente eu mais gostei foram àquelas narradas pela Anahíta. Sua infância sofrida lá no início do século passado, a perda precoce do pai que a obrigou a mudar de casa, o início da sua amizade com a inigualável Indira, filha do marajá e da marani, alguém de quem eu gostei porque adoro histórias de amizades verdadeiras, principalmente quando elas começam na infância. Era difícil não me envolver e não admirar aquela amizade tão bonita, até porque a família da Indira acolheu a Anni com tanto carinho e amor quando ela perdeu a mãe, de quem ela herdou o dom para curar as pessoas. É claro que percebi que quando as meninas foram para Londres estudar, a amizade esfriou um pouco porque a Indira se adaptou melhor por ser princesa e tal enquanto a Anni sabia que era diferente, que algumas pessoas costumam ser preconceituosas com tudo aquilo que é diferente. Consegui sentir a agonia que ela viveu nessa fase de adolescente, a fase de ser o “patinho feio”, de se sentir inadequada, mas me orgulhava de ela ser sempre resiliente, prestativa, forte, alguém tão amável que parecia até uma irmã, uma prima. A ligação dela com Astbury Hall é vital. Cavalos, Donald, as conversas matinais que estreitaram os laços de amizade. Ele foi um personagem que me ganhou por ser muito carinhoso, amoroso, alguém que conseguia pensar nos outros, diferentemente da mãe dele, aquela… bruxa da Lady Maud Astbury.
Está aí à personagem mais odiável dessa história: Maud Astbury. Eu não consegui me comover com ela em nenhum momento e sabia que ela faria tudo o que fosse possível para estragar o romance da Anahita com o Donald, o que aconteceu mesmo. Mas toda boa história da Lucinda Riley sempre narra algum período de guerra e como isso afetou a todos os personagens, então gostei muito da parte onde o Donald e a Anni se encontraram ao final da guerra e se amaram, esse tempo tão bonito em que eles ficaram juntos, pois eu torci tanto por eles que terei raiva eterna da bruaca Astbury fria, calculista, chantagista, manipuladora, preconceituosa, amargurada. É claro que para reconstruir a decadente Astbury Hall era mais conveniente a união do Donald com a Violet. Não tive nada contra essa personagem, pois ela não tinha culpa de ser rica e dentro dos padrões aceitáveis para a preconceituosa Maud e compreendo a situação em que o Donald estava. Ele não tinha notícias da Anni havia um tempão, tinha a questão da sua mãe, isso pesou muito para ele. Lucinda Riley conseguiu mostrar também o ponto de vista dele. Mesmo que muitas pessoas achem moralmente errado, eu não achei quando o Donald foi procurar a Anahita e o pequeno Moah, porque ele a amava de verdade, e ela também o amava. Talvez não fosse a vida dos sonhos de ninguém ficar às escondidas, mas pelo menos o Donald não renegou o filho (mesmo que o menino não pudesse chamá-lo de pai) e tampouco a Anni.
Maud Astbury se fosse vilã de telenovela, a intérprete apanharia na rua. Ela não só prejudicou o Donald e a Anahita como a separou do Noah e estragou também as vidas da Daisy Astbury e do Lorde Anthony, um personagem de quem tive muita compaixão depois que entendi o contexto do seu “transtorno de personalidade”. A figura da Violet, a preferida da Lady Astbury sempre foi muito adorada e acredito que com a chegada da Rebecca para gravar um filme justamente se passando na época em que a Violet era viva, deu um nó na cabeça do homem. Fiquei triste pelo fim dele.
Não conto o porquê, mas o meu choro aconteceu lendo o epílogo narrado pela Anahita. Quem leu com muita atenção entenderá.
Se me perguntam? Sim, eu recomendo essa leitura, mesmo com os erros de impressão (não da autora, mas da tradução) porque a magia com que essa história é contada vale cada uma das quinhentas e tantas páginas as quais vocês se envolvem, não veem o tempo passar, e ainda por cima correm sério risco de se apaixonarem pela narrativa.
É mais do que óbvio que darei cinco estrelas para esse livro. Lucinda Riley merece todo o sucesso que faz porque é uma das melhores autoras, senão a melhor da literatura contemporânea, entregando belas histórias e nos ensinando que o amor sempre vale a pena.
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