Mary Recomenda: A culpa é das estrelas - John Green

Boa tarde, amigos e amigas. Trago-lhes mais uma resenha. O livro de hoje é bem conhecido, comentado, mas mesmo que todo mundo já tenha falado um bocado dele, vou deixar aqui as minhas modestas considerações. Espero que gostem. Preparei com muito carinho.

Capa do livro A culpa é das estrelas, de John Green (Reprodução/Editora Intrínseca)

Título: A Culpa é das estrelas
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Ano de publicação: 2013
Páginas: 288

Sempre se trata de uma responsabilidade enorme resenhar um livro bastante comentado porque temo ser redundante em minhas colocações, dizer algo que alguém já tenha dito em suas considerações, mas o título escolhido para hoje é A Culpa É Das Estrelas, escrito pelo best-seller John Green. A princípio eu queria muito ler esse livro porque fiquei curiosa com o título, porém só consegui lê-lo porque ganhei um exemplar de aniversário, ou seja, bem depois que o mesmo virou modinha, depois do filme que foi sucesso de bilheteria (e eu não vi porque não quis, seja dita a verdade).

A Culpa É Das Estrelas é narrado em primeira pessoa pela personagem Hazel Grace Lancaster, diagnosticada com câncer ainda muito criança, aos 13 anos, o que mudou todos os rumos da sua vida, transformando a rotina de uma garota comum: escola-casa-clube-shopping em salas de espera de consultórios médicos, sessões de quimioterapia, sucessivas internações, tudo o que a obrigou a abandonar a escola para estudar em casa e em consequência disso não ter um enorme círculo de amizades. Um tumor na tireoide, para ser mais exata. Um tumor que leva embora a beleza de menina-moça, deixando as cicatrizes de um tratamento agressivo e ineficaz, infelizmente. 

Hazel divide com os leitores todos os seus sentimentos, seus questionamentos, porque mesmo doente é adolescente, de assistir televisão, usar a internet, curtir a sua maior paixão que é a leitura. Ela é uma ávida leitora, uma garota que procura ainda assim aproveitar o que lhe resta de sua vida, embora não goste muito de frequentar o grupo de apoio de pacientes com câncer porque apesar de a intenção ser boa, falar sobre a doença muitas vezes é difícil, doloroso, e é justamente lá que ela conhece alguém que muda a sua vida, o Augustus Waters ou simplesmente o Gus Waters, um garoto que jogava basquete e assim como ela é muito inteligente. Eles se afeiçoam e vivem o infinito dentro de seus dias contados. Eles se apaixonam pelo outro. Profundamente. Verdadeiramente.

Todo mundo sabe que o Okay era o “para sempre” deles. É muito interessante é a descrição da Hazel sobre os telefonemas dela e de Gus, que parecia não haver uma distância entre eles. Isso é maravilhoso! É ótimo encontrar alguém com quem você possa conversar por horas e horas e nunca se sentir cansada da voz dessa pessoa, abrir o coração, contar qualquer detalhe bobo e mesmo assim essa pessoa querer ouvir. Geralmente as pessoas querem falar, mas não sabem ouvir ou ouvem e distorcem. Essa interação com certeza faz toda a diferença, é ela que sela o amor, que faz dele mais forte. A amizade é tão importante quanto à química.

Hazel Grace é fã de um livro que não tem final. A história é narrada pela Anna, que sofre de leucemia, mas acaba de repente, levando o leitor a concluir que a menina Anna faleceu, mas o mesmo leitor se pergunta: o que aconteceu com a mãe da Anna, a sua melhor amiga, o seu padrasto, o seu amado hamster de estimação? Nossa querida protagonista já leu a obra diversas vezes e é ávida por encontrar essas respostas, para entrar em contato com esse autor na intenção de saber o que de fato aconteceu. O escritor mora na Holanda e tem um comportamento recluso, desde que escreveu a obra se isolou, não responde às mensagens dos fãs, quem cuida de tudo é a sua secretária. 

Hazel várias vezes escreveu e não teve resposta, então Gus usa o seu Desejo para que sua amada possa realizar esse sonho. Ela e Gus vão até a casa do estranho escritor saberem por que o autor não deu um final ao livro e a decepção dela é muito grande porque o escritor não passa de um otário arrogante mesmo que depois saibamos o porquê disso, ainda assim não justifica a grosseria dele. 
Um escritor não é nada sem os seus leitores e deve a eles um respeito muito grande pelo tempo dedicado a leitura, pelo carinho com que escrevem agradecendo. Um bom escritor nunca vira as costas para os seus leitores. (fala minha, não está no livro)
Porém Gus estava ao lado da Hazel Grace para protegê-la, mesmo também estando doente e afinal eles estavam em Amsterdã, aproveitaram a sensação deliciosa de estar em um país tão bonito e interessante como é a Holanda, a sensação inebriante das estrelas borbulhando numa taça (os fortes entenderão), uma cidade lindíssima tal qual é Amsterdã, e estavam um ao lado do outro, o que fazia toda a diferença. Acredito que é por isso que depois de determinada altura a tristeza é muito grande. 

Ver aquele garoto forte que fazia de tudo para ser o porto-seguro da amada nos faz pensar que poderia ser conosco, que poderia ser o meu ou o seu namorado o Gus, e ver essa mesma pessoa que lhe faz tão feliz sendo consumida por uma doença tão cruel é a pior coisa do mundo, tanto quanto a certeza de se perder. Não é nem pelo fato de as personagens principais estarem vivendo um romance, é por pensar no quanto a vida é breve e apesar dos pesares também bela, as pessoas se vão, mas quando elas vivem dentro de nós, elas nunca se vão por completo, sempre há algo delas que fica conosco. Em tempo, o tumor do Gus se espalhou pelo corpo, de qualquer maneira ele iria morrer. Não considero basicamente um spoiler, até porque todo mundo sabe que tanto o livro quanto o filme emocionaram pessoas de todas as idades.

Como disse o John Green em suas considerações finais, o Falanxifor, que era o medicamento que mantinha a Hazel Grace viva, não existia de verdade, mas deveria existir. Concordo plenamente com ele. Gostaria que algum dia houvesse uma cura para o câncer e ninguém mais precisasse sofrer dessa doença. A lição que esse livro deixa é para valorizarmos a nossa vida, amemos as pessoas enquanto elas estão por perto, agradeçamos mais do que reclamemos. Apesar de não gostar muito do que vira modinha, muitas pessoas devem ter acrescentado o hábito da leitura em suas vidas, aprendido muito com a Hazel Grace, motivo de sobra para sentir gratidão pelo alcance dessa história. 

Todo mundo sabe (presumo) que a inspiração para a Hazel veio da menina Esther Earl, que comoveu profundamente o John Green. Infelizmente ela perdeu a batalha contra o câncer e faleceu em 2010. Ainda não li o livro com os relatos da Esther, mas está na minha lista de desejos e algum dia o lerei.

O sucesso atrai fãs, porém os haters também. Não considero um livro vazio e fútil porque, definitivamente, ele não é. Pode não ser recomendado para quem não esteja num momento muito bom emocionalmente porque, sim, a leitura é intensa, impactante e nos deixa em frangalhos.

Recomendo que as garotas não leiam só devido ao romance do Gus com a Hazel, leiam para se deixarem tocar pela singeleza com que passa a juventude e a vida. Estou certa de que a Esther Earl, lá do céu, deve ter amado a homenagem. ♥

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