Mary Recomenda | O analista de Bagé - Luís Fernando Veríssimo


Mary Recomenda – O Analista de Bagé
Porque rir da vida também é um ato de inteligência

Se você acha que toda literatura precisa ser séria, refinada e “correta” em cada vírgula... talvez esteja perdendo uma das maiores delícias da sátira brasileira.

Hoje eu venho recomendar um livro que o Skoob vive julgando com a régua torta do puritanismo literário: O Analista de Bagé, do genial Luis Fernando Verissimo. E sim, eu já aviso de cara: ele é politicamente incorreto. O personagem é grosso, direto, espalhafatoso — um gaúcho típico do estereótipo, que mistura mate, Freud e uns bons coices verbais.

Mas antes de torcer o nariz, entenda: isso é justamente o ponto.


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Uma sátira bem dada, com chimarrão e tapa na cara

O Analista de Bagé é uma criação cômica que zomba, e não exalta, o machismo, a ignorância e o jeitão “sou macho, não preciso de terapia”. Ele é o tipo que encara os traumas de infância com frases como “teu problema é falta de surra” e acredita que uma conversa de cinco minutos resolve qualquer neurose — com uma dose de sinceridade bruta e, às vezes, um palavrão bem encaixado.

Verissimo fez desse personagem uma crítica bem-humorada à forma como parte da sociedade encara a psicanálise, a masculinidade e os afetos. O personagem existe para nos fazer rir do absurdo — e refletir depois, se for o caso.


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Por que tem gente que odeia?

Nos tempos de hoje, onde tudo vira pauta de cancelamento sem contexto, O Analista de Bagé virou alvo fácil. Muita gente lê esperando um manual de boas práticas. Mas esse livro não é um manual — é um espelho rachado, uma lente de aumento no exagero que habita o senso comum.

A função da sátira é justamente incomodar quem não quer pensar. E incomodar com bom humor é uma arte. Luis Fernando Verissimo faz isso como poucos.


Por que eu recomendo?

Porque rir com inteligência é necessário.
Porque rir de si mesmo é libertador.
Porque o texto é afiado, divertido e absurdamente atual, mesmo sendo datado.
Porque o personagem é tão caricato que quase parece real (e às vezes... é).
Porque se você ler com o filtro certo — o do bom senso — vai entender que essa caricatura é um convite à crítica, não uma apologia ao que está sendo retratado.



Mary Recomenda: O Analista de Bagé, para quem não tem medo de rir com o cérebro ligado.

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