Rebelde sem causa?

  

Escrito em março de 2017, este texto nasceu de reflexões profundas sobre autoconhecimento, resiliência e a luta por autenticidade em um mundo que frequentemente impõe padrões inalcançáveis. Hoje, ao revisitar essas palavras, vejo nelas não só um desabafo do passado, mas uma mensagem poderosa e atemporal para quem busca força e liberdade interior.  


Estou longe de ser forte. De ser um exemplo de vida, superação, ou de viver dos meus best-sellers. Seria insensato pregar aquilo que não aplico no cotidiano e faturar rios de dinheiro propondo fórmulas concretas para reflexões subjetivas. Esta, porém, é a minha história. E eu não reescreveria nada, porque entendi que o destino sempre me conduziu para onde eu devia estar.  

Há um propósito nobre nas linhas tortas. Não se pode suprimir nenhuma delas, ou o caminho perderá o sentido.  

Mesmo não me sentindo adequada, não me encaixando em quase nada, procuro cultivar minhas particularidades e não permitir que modismos ou influências exteriores apaguem minha ousadia.  

Nada me aborrece mais do que perder o controle e desabar em público, tentando conter as lágrimas e falhando. Pior é quando pessoas fingem entender, mas estão mais interessadas em engrandecer seus próprios egos com conselhos que nem sequer aplicam em suas vidas.  

Eu não sou a minha depressão, e não acho justo que alguém se aproveite das minhas dificuldades para usá-las contra mim.  

Não me agrada ver quem nunca sofreu tentando me convencer de que “tudo é invenção da minha cabeça”. Essa pessoa não veste a minha pele, não carrega meus fardos. Como pode dizer o que devo fazer ou sentir?  

Tenho verdadeiro asco de falso moralismo e, mais ainda, de hipocrisia.  

Linhas tortas, propósitos certos

A vida me pareceu cinzenta. Eu tinha apenas quinze anos, mas me sentia com oitenta, com os olhos no fim. Tudo me parecia monótono e sem cor. O quarto bagunçado era o reflexo da alma desordenada. Eu caía, levantava e era derrubada pelo mundo. Permanecia estoica, mas exausta.  

Hoje entendo quem passa por esse desespero. Conheço a sensação de abandono, angústia e incompreensão. Sei o que é chorar sem parar, olhando no espelho e vendo apenas a sombra da inadequação.  

Sei porque um dia fui essa menina, alvo de zombarias por ser “boa de garfo” e não caber numa calça de manequim 36. Naquela época, a pureza do meu coração não bastava. A magreza parecia a senha para a felicidade.  

Ser “bonita do meu jeito” soava piada pronta. A perfeição tinha um preço, e eu quis pagá-lo. Mas enquanto buscava a aprovação, ultrapassei limites. Perdi inocência, saúde e sentido. Transformei-me em alguém que não reconhecia no espelho.  

E ,mesmo assim, as críticas continuaram. Agora diziam que o certo era ser como antes. Interessante, não?  

A carta de alforria

Hoje olho para as minhas cicatrizes e não sinto tristeza por tê-las. Elas me lembram que sobrevivi a um mundo que não perdoa os fracos e pune os covardes.  

Nunca mais serei aquela garotinha inocente que implorava atenção. Não nasci para me adequar às expectativas de ninguém. Se vocês me amam, odeiam, concordam ou discordam do meu jeito de ser, isso não faz a menor diferença.  

Esta é a minha carta de alforria.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigada pela visita ao OCDM, espero que você tenha gostado do conteúdo e ele tenha sido útil, agradável, edificante, inspirador. Obrigada por compartilhar comigo o que de mais precioso você poderia me oferecer: seu tempo. Um forte abraço. Volte sempre, pois as páginas deste caderno estão abertas para te receber. ♥

20 anos do Furacão Katrina: lições do passado e o futuro dos furacões 🌪️

  📚 Os Cadernos de Marisol 🌪️ O legado do Furacão Katrina: 20 anos depois Há 20 anos , o Furacão Katrina devastou partes de Nova Orlean...