22 de agosto | Dia do Folclore 🗣️

 


📚 Os Cadernos de Marisol

🌿 Saci, Iara, Boitatá. Cavalo voador de papel crepom. Feira de ciências com vatapá e cartolina. E um Brasil inteiro tentando caber em uma sala de aula.

📚 O que motivou a criação do Dia do Folclore em 1965?

O termo folclore vem do inglês folk (povo) e lore (conhecimento), ou seja: conhecimento do povoEmbora o termo tenha sido criado na Inglaterra em 1846, foi no Brasil da década de 1950 que os debates sobre a valorização da cultura popular começaram a ganhar força. Muitos intelectuais, artistas e educadores da época reconheciam que o Brasil tinha uma riquíssima tradição oral e cultural — que era ignorada, quando não ridicularizada, nos meios acadêmicos e oficiais.

🇧🇷 A escolha do dia 22 de agosto remonta à fundação da Comissão Nacional de Folclore, em 1947, e à realização do 1º Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, no Rio de Janeiro. Nesse evento, foi elaborado um documento fundamental chamado Carta do Folclore Brasileiro, que reconhecia oficialmente o folclore como parte essencial da identidade nacional e exigia políticas públicas para sua preservação.

A oficialização da data, em 1965, por meio do Decreto n.º 56.747, foi uma forma simbólica de reafirmar o valor das manifestações populares como ciência, arte, história e memória viva. Num país que já começava a entrar na sombra da ditadura militar, celebrar o folclore também se tornou um ato de resistência cultural.

📖 O folclore não vive só nos livros. Ele vive no quintal da vó, no sotaque da tia, no cordel esquecido na gaveta, na fé que mistura santo e simpatia, no medo do mato e no axé da esquina.


🎭 O folclore brasileiro é resistência.
Resistência do povo negro escravizado que transformou dor em tambor.
Resistência dos povos indígenas que mantêm vivas as lendas, as palavras, os rituais.
Resistência dos nordestinos, dos ribeirinhos, dos caipiras, dos benzedeiros — todos os que transmitem cultura sem precisar de palco, diploma ou wi-fi.

📚 Alguns dos principais elementos do nosso folclore:
O folclore brasileiro é um caldeirão de culturas, heranças indígenas, africanas e europeias que se misturam e se reinventam há séculos.

Entre os mais conhecidos:

  • Saci-Pererê: menino de uma perna só, travesso, de gorro vermelho. Representa a astúcia e a oralidade negra.

  • Iara: sereia dos rios que encanta com sua beleza — e pode arrastar os incautos.

  • Boitatá: serpente de fogo que protege as florestas.

  • Curupira: menino de cabelos vermelhos e pés virados para trás, guardião da mata.

  • Mula-sem-cabeça: mulher amaldiçoada que virou lenda nas noites escuras do interior.

  • Cuca: bruxa com cara de jacaré que assombra crianças desobedientes.

  • Bumba Meu Boi: mistura de teatro, dança, música e devoção, especialmente no Norte e Nordeste do país.


🕯️ De tantas lendas, a que mais me marcou foi a do Negrinho do Pastoreio.

Um menino escravizado, castigado por perder os cavalos de seu senhor, que foi deixado nu, coberto de formigas.
No auge da dor, ele é acolhido por Nossa Senhora, que o transforma em luz — e desde então, dizem que ajuda a encontrar coisas perdidas.

🎗️ O Negrinho do Pastoreio não é só lenda. É denúncia. É memória do Brasil cruel que ainda insiste em apagar sua história negra. Também é fé. E ternura. Aquela esperança silenciosa que resiste até hoje no imaginário de quem um dia precisou encontrar consolo no invisível.

📌 Celebrar o folclore é mais do que lembrar personagens. É reconhecer as vozes que a história oficial tentou calar.


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