(Registrado entre 5 e 6 de dezembro de 2025, para fins de comprovação histórica caso a FIFA não esteja preparada para o que vem aí.) ⚽
Todas as atenções da Malacubaca se concentraram no sorteio da fase de grupos da próxima Copa do Mundo, porém, a princípio, não teremos “feriado” em dia de jogo da seleção, considerando que as três primeiras partidas da nossa seleção ocorrerão na parte da noite e uma delas no fim de semana. Entretanto, se o Brasil avançar para os dezesseis-avos-de-final, o jogo está marcado para acontecer em 29 de junho, uma segunda-feira… já podemos sonhar ou ainda está cedo?
Dos três adversários que enfrentaremos na primeira fase, o Marrocos tem potencial para “incomodar”. Não podemos nos esquecer de que na edição passada essa equipe fez uma campanha surpreendente. A Escócia voltará a disputar um mundial após 28 anos e o Haiti, que desde 1974 não marcava presença, terá a chance de enfrentar nossa seleção.
A postura de um verdadeiro campeão consiste em respeitar os adversários e não menosprezar os méritos técnicos deles, então, que tenhamos o privilégio de acompanhar grandes partidas e, claro, não perder o costume de fazer nossas piadas e apostas.
Encerrado o sorteio, na redação da Malacubaca ninguém trabalhou por meia hora. Não por falta de vontade… mas porque todos estavam ocupados fazendo previsões duvidosas. Lilly e Luís Carlos, caracterizados como os Videntes L, visitavam Noviça e Edu Meirelles.
A bola de cristal do vidente L estava posicionada sobre a mesa de Noviça e ele fazia lentos movimentos com as mãos em cima do objeto, como quem pudesse ler todas as informações sobre o futuro se prestasse um pouco mais de atenção. A irmã se abanava com um leque espalhafatoso, enquanto Noviça e Edu se entreolhavam, mesmo já conhecendo todas as artimanhas e mancadas dos irmãos.
— O futuro é uma névoa a se dissipar lentamente — iniciou o vidente L, com o olhar atento à bola de cristal.
— Começou a enrolação! — Edu Meirelles revirou os olhos. — Se tiver anúncios, eu vou pular.
— Quieto, Meirelles. Mais respeito com o vidente L. — Noviça o repreendeu. — Você está atrapalhando a concentração do vidente L. Estamos na presença de especialistas no assunto.
— Só se for especialista em não acertar nem a bolinha de papel no cesto de lixo.
Entre as grandes previsões que vidente L acertou precisamente foi a Argentina como finalista da copa de 2014. Pois, sim, ele merece seus créditos, afinal de contas, quando revelou essa previsão em 2010, foi esculachado, para depois receber o devido reconhecimento. Se não fosse o 7 × 1, a Copa das Copas teria tido a final das finais. Será que pode rolar em 2026?
— Está tudo muito nebuloso!
— Lá vem o mesmo blá-blá-blá dos mundiais passados.
— Você vai prestar atenção nas minhas previsões ou não? — irritou-se o vidente.
— Você já previu o Mundial do Palmeiras?
— Aí você pegou pesado, cara. — riu Lilly. — Trabalhamos com eventos possíveis.
— As previsões indicam que França e Senegal cairão no mesmo grupo.
— Prever o que já aconteceu é fácil.
— Então me enfrente, Nostradamus.
— Qual é? Só falta dizer que a França vai ser freguesa do Senegal de novo e que tem fortes chances de erguer o caneco?
— Primeira bola dentro que você deu, Nostradamus de araque. É isso mesmo! Senegal vai ser uma pedra no sapato de muitas favoritas aí, incluindo a nossa seleção. O Brasil que se cuide… Se cruzar com o Senegal nas oitavas-de-final, pode comprar passagem para casa. Senegal tem fortes chances de ser campeão.
Lilly confirmou, abanando um leque rosa com brilho diamantado:
— A energia do título está vibrando no mapa astral senegalês.
— O Japão também não está para brincadeira.
— A França que se cuide.
— A Argentina vai tropeçar do salto.
— Prontos para ver Jordânia e Argélia? — quis saber Noviça.
— Não podemos desprezar grandes oponentes, até porque há grandes chances de uma seleção africana ou do Oriente Médio correr por fora na disputa e dar um susto nas grandes seleções. — respondeu o vidente L.
— Assim, até eu prevejo o futuro falando o óbvio. — Edu reclamou.
— Então assuma o meu lugar, pô!
— Prever o que já aconteceu é fácil!
— Para o seu governo, eu previ Brasil e Argentina na final da copa de 2014, mas certamente não sou responsável pelo 7 × 1.
— Isso sua bola de cristal não conseguiu prever?
— Só de saber que, segundo você, a Argentina pode nem passar da fase de grupos, já quero assistir a essa copa. E in loco, diga-se de passagem!
— Isso é o que veremos, Meirelles! — respondeu Noviça.
— Não vou cobrir essa copa in loco?
— Após 12 anos de ausência e de quebrar o estigma de ser pé-frio, pretendo cobrir esta copa.
— E não vai levar seu muso inspirador junto?
— Nem adianta vir com esse arrastar de asas porque eu não sou nenhuma boba, Meirelles. Eu te conheço de outros mundiais. Se me permite, quero saber mais detalhes sobre mais uma eliminação da Alemanha na fase de grupos.
— E não é só isso, Noviça: meu mano tem uma bomba. Havíamos cogitado seriamente a alternativa de esconder essa bomba do respeitável público, mas somos amigos e eu tenho certeza de que essa notícia muito agradará a todos os brasileiros que têm até hoje o 7 × 1 engasgado.
— Venho a público revelar em primeiríssima mão uma bomba, uma bomba bombástica, que vai chocar a todos os brasileiros, como também alegrar: os astros me dizem que ninguém morre nos devendo e, portanto, a Alemanha não passará da fase de grupos nas próximas cinco edições da Copa do Mundo, 2018 e 2022 já foram pagas.
— Bota na conta a Bélgica e a Croácia — debochou Lilly.
— Se a maldição brasileira perdurar, o carrasco do Brasil poderá ser ninguém menos do que a Dinamarca.
— E depois a Espanha.
— França, não. Já somos fregueses da França.
— Ninguém morre nos devendo — recordou Edu Meirelles. — A gente vai vingar as eliminações.
— Porque ninguém de nós estará vivo quando e se o Brasil vingar o 7 × 1.
— Você é otimista a esse ponto, meu caro?
— Pelo que vejo nesta bola de cristal um novo 7 × 1.
— Nessa copa?
— Sim, sim… o Brasil.
— Outro 7 × 1? Não tenho coração para isso, não! — gesticulou Noviça, dramática.
— Contra o Haiti.
— O Haiti vai aplicar sete gols na gente. Deu a louca na copa? — Edu Meirelles arregalou os olhos.
— Deixa eu molhar o bico, qual é? O Brasil vai fazer 7 × 1 no Haiti.
— De que adianta fazer 7 × 1 no Haiti e borrar nas calças contra a Croácia?
— A maldição do alfabeto ainda conta com Dinamarca, Espanha, França, Gana, Holanda ou Honduras, ou mesmo o Haiti inspirado, Iugoslávia… ah, espera! Iugoslávia nem existe mais!
— Faz tempo, hein…
— Inglaterra, Irlanda, Irlanda do Norte, Irã e Iraque.
— Se o Brasil perder para o Iraque, realmente deu a louca na copa.
— Japão, Kosovo…
— Melhor nem continuar.
— Itália, meus caros.
— A Azurra voltará a dar o ar da graça na Copa do Mundo? — insistiu Noviça. — Não que eu me distraia por algum galã, mas… mas a ausência da Itália tirou o brilho da competição.
— Seu namoradinho vai para mais uma copa… — Edu Meirelles revirou os olhos.
— Ih, o bola de ouro já é passado.
— A Itália se classifica no sufoco, mas tem grandes chances de estar entre as equipes finalistas — emendou a vidente L.
— Senegal e Itália nas finais? Nem a simulação da EA Sports seria tão ousada. — debochou Edu.
— Os desenvolvedores da EA Sports sempre nos consultam antes de cada simulação. É segredo de Estado, tanto que eu nem deveria compartilhar.
— Nem com seus melhores amigos? — Noviça piscou com o olho direito para a amiga.
— Noviça, eu te conheço há quase três décadas. Não posso passar pano.
Edu Meirelles, conhecido pelas promessas fajutas, já apostou que se o Senegal se sagrar campeão, pagará uma prenda. Se porventura um desastre acontecer e a nossa seleção não levar o hexa, a turma da Malacubaca torcerá intensamente para a equipe africana ser a primeira campeã do mundo, sobretudo para ver o nosso pagodeiro fanfarrão levar chicotada da própria língua de trapo.
— Favoritismo não ganha copa… — resmungou Edu.
— Não podemos negar que Argentina e França chegarão a esta copa como grandes favoritas. No entanto, nos últimos mundiais, as equipes favoritas têm decepcionado, como a França em 2002, a Espanha em 2014 e a própria Alemanha em 2018 e 2022.
— O Brasil não tem nenhuma chance de ser campeão?
— Como eu disse anteriormente, tem, mas precisa evitar confronto com um time que se inicie com a letra D, bem como deve se preparar para a potência senegalesa. Enfrentando tudo isso, vejo uma final emocionante, talvez muito parecida com 1994, arrisco dizer que teremos emoção até o último pênalti.
— Só pelas coincidências? — perguntou Edu.
— Em 1994 fazia 24 anos que o Brasil não erguia o caneco, a copa foi na América do Norte. A última copa que o Brasil ganhou foi a de 1970, realizada na América do Norte. Esta copa será sediada lá e já são 24 anos de jejum. A Itália também ficou 24 anos sem levantar o caneco, mas em 2006 quebrou o jejum…
— E agora nem se classificar consegue.
— A Itália corre por fora dessa disputa, mas tudo ainda está muito nebuloso. Se ela passar na repescagem, como acho que irá, tem tudo para brilhar e repetir a final com o Brasil ou encarar Senegal. Nunca se esqueçam que Senegal é nosso amigo, ganhou da França na copa de 2002 e mostrou garra.
— Espanha, Holanda, Inglaterra e Portugal… — especulou Noviça.
— Prevejo que duas dessas seleções nem sequer chegará às quartas-de-final.
— Engraçadinho — arremedou Edu. — Assim, até eu posso dizer que sou vidente.
— Já que é assim, então vem no meu lugar. Quero ver aguentar o tranco.
— Prever algo genérico e possível de acontecer não é vidência.
— E você deve ser filho bastardo da Mãe Dinah, alecrim dourado. O vidente aqui sou eu.
— Só falta daqui a pouco você dizer que o Iraque vai eliminar a Alemanha no mata-mata… ou que o Haiti será semifinalista.
— Deixa estar, meu caro. Em julho a gente conversa.
Porque na Malacubaca é assim: a gente erra, mas erra com convicção. Se não acertar, pelo menos a diversão está garantida. Copa do Mundo nesta emissora é isso: caos, profecia e nenhuma responsabilidade jornalística.
(Embora tais previsões estejam longe das análises tradicionais, registrá-las é fundamental: em Copas do Mundo, o imprevisível muitas vezes dita o rumo da história e, caso algum desses cenários improváveis se confirme, este documento servirá como prova incontestável de que a previsão “já havia sido feita”.)

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