Parem de nos matar



Eu não sabia a melhor forma de começar, mas optei pela franqueza. O assunto hoje é muito sério e diz respeito a todas nós, pouco importam quais sejam as nossas diferenças. Somos todas mulheres e, portanto, corremos o mesmo risco de perder a vida por ser quem somos.
As tristes estatísticas diariamente mostram nosso maior medo: nos tornar parte delas. Para cada esquina, um perigo distinto. Não estamos seguras em lugar nenhum, nem dentro de casa. Além de todos os fardos e responsabilidades, o instinto de sobrevivência sobrepuja tudo que estiver pelo caminho. 
O mundo falha em nos proteger. 
Para os debatedores de plantão, composta por homens ressentidos e emocionalmente imaturos, apropriados de um senso de moral de procedência duvidosa, a solução mais eficaz se vale de desqualificar a vítima e distorcer a narrativa para adequá-la ao que podemos chamar de "síndrome da bolha misógina".
Acompanhamos muitos casos, até então de figuras distantes da nossa realidade. No entanto, nunca estamos preparadas para receber a notícia de que uma mulher conhecida e repleta de vontade de viver se vai a apenas dois dias do aniversário porque um homem que um dia jurou amá-la se sentiu no direito de dar a última palavra.
E o caso não foi o único na nossa cidade, tampouco na madrugada passada.
Familiares e amigos se reúnem para uma precoce despedida, a tão poucos dias das festas de fim de ano. Uma nota no jornal e o ingresso para um banco de dados onde nenhuma de nós gostaria de estar... melhor dizendo, jamais deveria estar.
O que vamos fazer: cruzar os braços e continuar normalizando essa violência?
Não, não podemos ignorar a realidade. Essa postura não pode mais ser tolerada. 
Há pouco mais de três semanas tivemos uma data nos alertando da importância de combater a violência contra a mulher. Dos noticiários, casos estarrecedores nos quais todas as vítimas tinham algo em comum: foram executadas por serem mulheres.
Esse texto está entalado na garganta, saiu num improviso de quem atropela um pouco o perfeccionismo para desabafar. Ontem foi a Odara, amanhã pode ser com uma de nós. Queremos justiça e, acima de tudo, viver.




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