Quando o afeto não cabe nas definições — e nem sempre no final esperado
Autora: Sally Rooney
Gênero: Romance contemporâneo, drama psicológico
Páginas: 336
Editora: Companhia das Letras
✍️ Sinopse emocional
Frances e Bobbi, ex-namoradas e melhores amigas, são jovens intelectuais de Dublin, vivendo o início da vida adulta com sarcasmo, insegurança e aquela sensação de que o mundo espera mais delas do que elas sabem dar.
Ao conhecerem Melissa, uma escritora mais velha, e Nick, seu marido ator, se envolvem em uma teia de relações silenciosas, intensas e desconfortáveis.
Frances, que tenta manter o controle de tudo — da mente ao corpo — acaba envolvida emocionalmente com Nick, e isso desencadeia o que talvez seja sua primeira crise real de identidade e pertencimento.
🎭 O que me tocou (e o que me incomodou)
Na época em que li, tinha outra percepção sobre a vida, logo, não fui justa nas considerações, mas me vi profundamente atraída pela relação entre Frances e Nick.
Isso me causou conflito, raiva, confusão — porque eu achava que ela devia ficar com a Bobbi. Entretanto, o livro não entrega o que se espera. Ele te força a ver que os sentimentos nem sempre seguem o roteiro.
Por outro lado, me senti deslocada de certos aspectos do livro:
As discussões geopolíticas em banquetes, os diálogos que parecem sempre carregados de um tipo de intelectualismo emocional que nem todo mundo compartilha.
A autora tem um posicionamento claramente à esquerda, o que pode afastar quem não compartilha das mesmas ideias.
Isso não torna o livro ruim — mas talvez menos acolhedor para quem vem de fora dessa bolha.
🧠 Forma e estilo
A escrita de Rooney não é poética.
É visual, quase como um roteiro cinematográfico, o que explica a adaptação fácil para o audiovisual.
Poucos grandes acontecimentos, muitas camadas internas.
Para quem procura ritmo e clímax, pode parecer arrastado.
Para quem aceita a lentidão da dor e do afeto real, é uma experiência silenciosamente marcante.
🪞 Frances é uma jovem de 21 anos — e isso é importante
Frances é madura demais em alguns pontos e absurdamente perdida em outros.
Mas é coerente: ela tem 21 anos.
O livro, inclusive, me fez refletir sobre essa fase da vida, onde se pensa demais e sente-se tudo em silêncio.
E talvez por isso o final — em aberto — tenha me frustrado na época.
Hoje, o entendo como um retrato fiel da incerteza que é amar e viver aos vinte e poucos. Estamos aprendendo, quebrando a cara, mudando de ideia, e isso não cabe num simples epílogo.
✨ Avaliação pessoal
📚 Conversas entre Amigos me marcou por causa do que não disse em voz alta.
E me incomodou pelo mesmo motivo.
É um livro que propõe mais do que entrega — mas talvez seja essa a ideia.
⭐️⭐️⭐️⭐️☆
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