#LalinhaDay Centésimo capítulo no ar (2011)

 


Nenhum outro ano comportaria a atmosfera que, por entre a maior de todas as revoluções, me coloca em outra fase da vida. Não mais do que a criança desajeitada nesse mundo de feras que os adultos chamam de Ensino Médio. As bonecas estão em caixas. Deixaram de ser presente para o passado.

Início, meio e fim. Naturalmente. A música em mim, em nós. Sonoridade à parte, cada um com sua preferência. Aceite as influências ou morra como outro ignorante metido a ser dono do mundo. Do seu quadradinho, sim! E nada mais…

O mundo gira. Em frente ao espelho, sou a diva. Prazer, Lalinha. No que posso ajudá-la? Sei falar de amor e tenho tanto a lhe contar se você tiver paciência de ouvir. Dê-me o privilégio de um parágrafo e eu dar-te-ei meu coração.

Alguns dias no colégio parecem não fazer o menor sentido. Às vezes, tudo é desconexo; não sei se acontece só comigo ou mais alguém se sente “fora de casa”.

E eu sinto realmente a sua falta. Esse é meu orgulho. O adeus machuca, testemunha da magia desse único mês. Tenho certeza de que ficaria feliz se me visse reagindo em meio às lágrimas.

Nos dias de luta, Ordinary world é a canção do coração, xodó do toca-fitas, das noites de reflexão e dos reencontros 10 anos depois. 

No mundo de sonhos só é proibido não sonhar. No mais, a princesa de casacos de moletom pretos e cabelos curtos. Ninguém a enxerga.

Acredito nos meus sonhos e isso me mantém de pé quando há um mundo que refuta meus ideais, condecora idiotices e venera a pobreza de espírito. Sentir-me só faz parte de ser eu.

Ser diferente não é ser “do contra” ou apelar para o bizarro para chamar atenção. Cabeças pensantes erram e incomodam, mas sempre aprendem.

Por onde andei, meus passos registrei. Em cada sonho, uma história de amor e uma contribuição. A força está no abstrato e não aceita definições. Simples assim.

Overdoses de mim. O mundo não respira poesia. Um bordão já sacia o intelecto da maioria. Passar os olhos não é ler. Amar não é dizer “eu te amo”.

A menina de 13 é a insistente estudante de 23. Pelos meus sonhos, vivo e enquanto o fizer, a juventude sustentarei. A música é minha irmã. Nas raízes do pretérito imperfeito está a resposta. Nenhum fio solto.

Quando o amor golpear-lhe, a amizade confortará.

Aqueles amontoados em documentos de que tanto me envergonhava ao som do que a nova geração classifica como velharia são o que faz o tempo voar e haver alguma graça em viver mais este dia.

Ainda é segredo. Não quero retransmissores nem metidos a deuses julgando e condenando Laly. Debaixo deste céu, nenhum exemplo de santidade.

Um preguiçoso sábado. Tantas obras-primas. As peças passam a se encaixar em perfeita harmonia. Até os personagens ganham estruturas mais sólidas e o nublado não mais me amedronta. A maldição vai acabar. Eu pressinto!

À medida que se sucederam os dias e intensificou-se a responsabilidade, apostei como nunca na capacidade de superação, cada vez mais. Perfeição. Tão somente.

Picuinhas e fraquezas. Transformações. Decisões baseadas no fugaz. Incerto. Tudo faz parte de crescer, principalmente quando não sobra outra alternativa.

A cada novo leitor, mais satisfação. Todo mundo precisa de um melhor amigo. Você é bonita como é e eu queria que você estivesse aqui. Em meu coração eternamente. Inocência que se vai e arranca sorrisos, suspiros. De abril a abril, para sempre que quiser.

Antes de ser quem sou — ou penso ser — aprendi a não temer a mudança, por mais esquisito que isso possa soar. 

Em algum lugar, sei que minhas palavras confortarão algum coração, desde que eu continue a me propor a trabalhar com a alma e não unicamente com o prazer de me incomodar com o inacabado.

Se no final, saudades deixar, que seja bom. Quando esse sonho se realizar, que todos os sacrifícios tenham sua utilidade e me lembrem de que ser forte foi uma obrigação. 

Sozinha, eu não seria ninguém. Medo e coragem controlam os ímpetos. Palavras bonitas não fazem discurso. Sem atitude, são apenas verborragias. Eu curto atitude. Eu curto ser o que sou.


Curitiba, novembro de 2011.

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