A mulher invisível: quando a inteligência é vista como desvantagem no amor
📌 Por Nina | Os Cadernos de Marisol
Você já se sentiu invisível?
Não por ser tímida. Nem por falta de charme. Mas por ser… inteligente.
Quando a vida nos presenteia com sensibilidade, pensamento crítico, olhar analítico e uma certa acidez bem-humorada, parece que também nos pune com a solidão. Não faltam elogios à nossa “inteligência”, “maturidade”, “brilho próprio”.
Por que esses elogios vêm sempre de pessoas que nos descartam como opção amorosa?
Já estou acostumada a ser a amiga divertida, de “inteligência extraordinária”, talentosa na minha área, sensível, doce, meiga, carismática, conselheira, empática, profunda, “diferente das outras”. Cansei-me de ouvir desabafos de gente que prefere namorar quem não pensa muito. Quem não questiona. Quem não provoca desconforto existencial.
Percebi essa dinâmica desde muito cedo, quando escutei uma colega de classe me chamando de chata porque eu costumava fazer perguntas aos professores de História e Geografia ao fim da aula, por ter sede de saber o que estava por trás da versão oficial da História. Aprendi haver uma punição silenciosa para mulheres que pensam demais — e não se desculpam por isso.
A gente cresce ouvindo que ser inteligente é bonito, bem como também percebe que o mundo continua escolhendo a imagem, o silêncio, a docilidade de fachada. E depois nos diz que “o amor aparece quando você menos espera”.
Será mesmo? Ou é só mais um consolo para continuarmos caladas, lindas e disponíveis?
Talvez a inteligência feminina só seja encantadora quando cabe na moldura da conveniência. Quando começa a incomodar, viramos “difíceis demais”. E ainda querem que a gente aceite qualquer migalha dizendo: “pelo menos alguém te quis”.
Nem pombo merece migalha, merece a sua parte no banquete. A migalha é o banquete da formiga. Não sou latão de lixo para aceitar restos de ninguém, muito menos ser prêmio de consolação.
Vai para a casa do caralho com esse blá-blá-blá de que “depois dos 25, tem que pegar o primeiro que vier porque você aprende a gostar com o tempo”. Defender uma ideia ridícula dessas é uma violência à dignidade feminina, é uma forma bruta de silenciamento, resignação imposta na base da chantagem.
Obrigada, mas prefiro continuar invisível do que ser olhada sem ser enxergada. Se é para ser assim, que seja com dignidade. Não aceito mais papel secundário numa história que eu mesma escrevi.
Acreditar no amor num mundo que despreza sentimentos parece um tiro no pé, porém, existe uma diferença bem grande entre arranjar alguém e encontrar um amor.
A segunda opção é uma busca que arrisca nunca ter fim, a primeira não garante nada. Pode não parecer, mas me amo o bastante para me amar quando o mundo teima em me jogar num precipício. Ninguém precisa me salvar de mim mesma.
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