Entre a fé e o volante: quem trabalha com esperança todo dia
Por Mary Luz | Os Cadernos de Marisol
Quando você pensa numa casa lotérica, o que vem à mente?
Uma fila? Um jogo da Mega? O pagamento do INSS? A raspadinha que veio premiada?
Ou talvez sua mãe dizendo:
“Joga esse número, quem sabe hoje é o dia…”
O revendedor lotérico é mais do que um operador de bilhetes.
É a pessoa que lida diariamente com os desejos dos outros.
Gente que sonha com o automóvel, com a casa, com a viagem, com uma vida que a conta bancária não permite.
Um balcão onde passam todos os perfis do Brasil
Quem aposta porque acredita
Quem aposta porque não vê outra saída
Quem só quer pagar o boleto e ir embora
E quem, entre uma conta e outra, ainda carrega uma superstição no bolso
E no meio disso tudo, lá está ele: o revendedor.
Recebendo com gentileza (ou sobrevivendo ao mau-humor de fim de mês).
Organizando esperanças em volantes coloridos.
Uma profissão invisível?
Pouca gente lembra que, por trás da tela da máquina, tem um rosto.
Uma pessoa que entende de CPF, sorteios, filas, golpes e palpites.
Que já ouviu “e se eu ganhar, eu volto aqui para dividir com você” umas cinquenta vezes — e riu, sabendo que ninguém volta.
Em tempos difíceis, apostar se torna um gesto de fé.
E trabalhar cercado de fé o tempo todo… também cansa.
Hoje, o reconhecimento vai para quem está nesse balcão.
Com carinho, dos Cadernos de Marisol.
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