📺 No capítulo anterior…
Enquanto Eduardo fugia do amor com óculos escuros e ironias, havia corações femininos batendo forte nos bastidores da Malacubaca. Era hora de conhecer as outras vozes por trás da notícia.
Segundo Capítulo
Dizem que a Central de Jornalismo da Malacubaca é o cupido moderno dos solteiros. Entre plantões, cafezinhos e festas improvisadas na redação, histórias de amor brotavam como notícias de última hora — algumas memoráveis, outras, esquecíveis.
Entre repórteres célebres solteiras estavam Bilu Valdez, Carmen Angélica Esteves e Christiane dos Anjos, todas conhecidas pelo respeitável público. Elas deixavam uma marca indelével na Malacubaca e povoavam os sonhos de alguns telespectadores, que sintonizavam nos noticiários para vê-las.
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Apresentadores podem ser trocados como pautas diárias, mas alguns deixam marcas indeléveis, criando eras que definem o jornalismo. William e Bilu eram exatamente esse tipo: uma dupla cujo carisma e química na bancada ficaram gravados na memória do público. A química profissional entre eles era inegável, com um timing perfeito que encantava os espectadores. No entanto, um ano e meio se passaram desde a última vez em ela que comandou o Vinte Horas e dividiu a apresentação com o ex-namorado. O retorno à bancada prometia reacender essa faísca que tanto cativava o público.
Bilu Valdez, a pequena notável do jornalismo, era energia pura. Com menos de 1,60 m, desafiava qualquer um a subestimar sua coragem, tão grande quanto seus olhos de jabuticaba, sempre atentos e brilhando com curiosidade. Sua presença era uma força da natureza: intensa, vibrante e impossível de ignorar. Sua aura de mistério povoava imaginários. Os cabelos negros na altura dos ombros balançavam com graça cada vez que ela se movia. No dia a dia, destacava-se não apenas por suas habilidades, bem como pelo estilo único. Camisa jeans aberta sobre uma blusinha branca de algodão, calça jeans e allstar, um visual prático e despojado que refletia sua personalidade doce, sensual e engajada.
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Desde muito jovem, Bilu mostrou um talento nato para a comunicação. Sua carreira começou em Brasília, onde cobriu os bastidores da política nacional com uma tenacidade rara. Sua competência e determinação logo chamaram a atenção, e ela foi convidada a ser repórter de rede em Balneário dos Anjos. Lá, não demorou para se destacar e ser elevada ao posto de âncora ao lado do exigente e renomado William Bastos Marques.
Atualmente, Bilu era apresentadora fixa da Malacubaca News, cobrindo desde boletins da madrugada até substituições no turno vespertino, onde estava desde quando uma colega saíra de licença-maternidade. Sua versatilidade e profissionalismo a tornavam uma figura respeitada na emissora.
Bilu Valdez, com sua presença marcante e trajetória brilhante, estava pronta para mais um desafio na Malacubaca. No sentido literal da palavra, significava voltar a conviver com o homem que amou e clamar ao coração para sair-se bem no papel da profissional.
Diferentemente de Christiane e Noviça, Bilu nunca amargou fossa no Dia dos Namorados. Entendia o propósito comercial da data e acreditava que podia se presentear e ser sua maior fã. Em vez de viver correndo atrás de homens que não mereciam sua adoração, ela focava em amar a si mesma. Sabia que a plenitude só seria encontrada ao olhar para dentro de si mesma, e não em outra pessoa.
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Conhecida por sua simpatia na tela, Christiane escondia suas frustrações e desilusões. Com 34 anos, o ano de 2001 estava tirando-a da afamada zona de conforto. Temia ser traída pelo relógio biológico enquanto via amigas e colegas de trabalho na casa dos 30 anos já com filhos adolescentes. Ela, no entanto, permanecia presa a um círculo vicioso com Eduardo Meirelles, nutrindo um amor adolescente unilateral por alguém que a via como parte do passado e não sabia terminar o relacionamento por receio de feri-la.
Sabia-se que Chris e Renata sofriam com as trapalhadas de Edu, que terminou com todo o harém para assumir Luciana Andrade, a atriz do momento e dona de uma extensa lista de affairs, polêmicas e desafetos.
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Oriunda de descendentes de portugueses que escolheram fincar raízes em Balneário dos Anjos, Christiane herdara as características dos antepassados por parte de pai, enquanto a mãe, Celeste, descendia de indígenas, muito provavelmente da tribo que vivia no arquipélago havia muitos séculos.
Amava morar naquela pontinha quase imperceptível no mapa do Brasil, localizada no Atlântico Sul, entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, a autarquia, subordinada desde 1951 ao governo do estado do Paraná. No entanto, sonhava em viver em Londres desde muito cedo e, enquanto esse dia não chegava, Christiane dos Anjos apresentava a previsão do tempo no Malacubaca Meio-Dia, um jornal veiculado apenas para Balneário dos Anjos e adjacências, apresentado por Vespúcio Sartori.
Por outro lado, o fato de não ter passado no vestibular para Veterinária foi sua maior bênção. Christiane encontrou-se na faculdade de Meteorologia e cursou o mestrado, parte no Brasil, parte em Londres, apaixonando-se pela capital inglesa e desejando um dia voltar para lá em definitivo. Ao retornar ao Brasil, conseguiu emprego num instituto de meteorologia e mostrou certa habilidade para comunicar às pessoas leigas sobre a previsão do tempo. Ganhou popularidade em Balneário dos Anjos ao aparecer no rádio.
No segundo semestre de 1998, foi contratada pela Malacubaca para apresentar os boletins do tempo. Teve um excelente desempenho ao comandar o Malacubaca Meio-Dia quando Vespúcio Sartori, o apresentador titular, teve uma indisposição de última hora. Recebeu outras oportunidades de cobrir ausências de Vespúcio, chegando a apresentar o noticiário ao lado do amado Edu Meirelles.
Christiane vivia como prisioneira do passado, suas memórias carregando promessas que nunca foram cumpridas. Quando junho chegava, cada Dia dos Namorados parecia um lembrete cruel de seus sonhos desfeitos. Em silêncio, aguardava um pedido de casamento que não vinha, o vazio de seus desejos ecoando entre a fantasia e a dura realidade.
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Carmen Angélica, a famosa Noviça, vivia presa em um amor platônico pelo desatento Edu Meirelles. Seus fãs secretos eram, ironicamente, tão discretos que pareciam inexistentes. Todo Ano-Novo, fazia o mesmo pedido: um Dia dos Namorados que não fosse uma tragédia emocional. Como amante confessa de um bom drama, parecia que o Universo preferia mantê-la como protagonista de suas próprias desventuras amorosas. Se escolhesse a carreira de atriz, seria muitíssimo bem-sucedida.
Um ano atrás, desejou com tanta força que um fato extraordinário desviasse o foco dos apaixonados, sendo designada para cobrir o sequestro de um ônibus, cujo desfecho foi o pior possível. A fuxiqueira passou semanas sem conseguir dormir direito, tamanho foi o impacto daquela cobertura. Ela revivia cada momento em sua mente, a culpa corroendo suas noites e transformando seus dias em um esforço constante para manter a compostura.
Nomeada a faz-tudo da Malacubaca, Carmen Angélica Esteves foi repórter do caderno policial por anos, enfrentando perigos e desafios diários. Entretanto, foi remanejada para as reportagens de rede, chegando a fazer coberturas em outros países. Sempre foi a queridinha do público para assumir a bancada do Vinte Horas, seu maior sonho, sendo preterida sem mais explicações. Costumava ser a substituta direta de Bilu em certas ocasiões, mas também podia ser vista em outros noticiários da emissora. Continuava a nutrir a esperança de um dia ser apresentadora de um programa de variedades e, quem sabe, a mulher que faria Eduardo Meirelles abandonar de vez a vida de solteiro.
Enquanto o mar seguia seu curso, como se nada mudasse, três mulheres tentavam reorganizar os próprios sentimentos — entre boletins, câmeras e silêncios não ditos.
Acompanhe as trapalhadas de Edu Meirelles e as repercussões do retorno de Bilu Valdez a bancada do Vinte Horas após quase dois anos.
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