Antes que o tempo mude: como o vento, as aves e o Luke me avisam
Por Mary Luz
Entretanto, nos últimos tempos, acabo não fazendo mais aquela observação atenta como fazia antes. A rotina rouba o brilho do olhar. As preocupações se multiplicam como estrelas, e às vezes nem a contemplação mais pura dá conta de acalmar o coração.
Tem um fenômeno que me puxa de volta.
Quando estamos vivendo o que os meteorologistas chamam de veranico, eu percebo: vai mudar. Sinto pelo vento. Tenho vista para o oeste, e é de lá que ele vem — o vento que me avisa. O tal do sudoeste.
💨🐺 Quando o tempo me avisa
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Aves planando no céu (Reprodução/Arquivo pessoal da Mary) |
3. As aves já sabiam
As aves sabem. E sempre souberam. Nos dias em que o vento muda, elas planam diferente. Voam em círculos, mais alto, como se tocassem o céu com o peito. Não é coincidência. Elas estão lendo o ar.
Esse comportamento acontece porque as frentes frias criam instabilidades e correntes ascendentes. As aves aproveitam esse movimento pra ganhar altura com menos esforço. Algumas mudam seus padrões de voo e até suspendem migrações.
É bonito de ver. E também é sinal de que algo está mudando.
4. O Luke e o olhar que fala
E então vem ele.
5. No fundo, eu continuo ouvindo
Hoje sei que o vento tem nome.
Que as aves planam por aerodinâmica.
Que o Luke reage à pressão atmosférica.
Mas, sinceramente?
Ainda gosto de pensar que o lobo mau mora no sudoeste.
E que o mundo continua falando comigo em códigos que só se decifram quando a gente desacelera.
O tempo avisa.
E eu — mesmo cansada, mesmo sobrecarregada — ainda escuto.
O tempo realmente virou. Enquanto escrevia este post, recebi uma notificação da Defesa Civil sobre chuvas intensas na região onde moro. Pouco depois, a internet caiu. Fiquei sem sinal, como quem é convidada a parar, escutar e só sentir.
Esse tipo de alerta pode ser recebido por qualquer pessoa. Basta enviar um SMS com o seu CEP para o número 40199. É gratuito, rápido, e te coloca em sintonia com o tempo da tua região.
Saber que o vento vem do sudoeste pode parecer coisa de livro técnico. Todavía, quando ele bate na janela, quando o Luke muda o olhar, quando as aves somem do céu e a conexão falha, a gente entende:
a previsão já tinha sido feita. A gente só precisava escutar.
📚 Referências:
1. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET). Frentes frias e massas de ar. Disponível em: https://www.gov.br/inmet/. Acesso em: 21 mai. 2025.
2. CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS (CPTEC/INPE). Características das frentes frias no Brasil. Disponível em: https://www.cptec.inpe.br/. Acesso em: 21 mai. 2025.
3. EBIRD. Status e tendências das aves no Brasil. Cornell Lab of Ornithology. Disponível em: https://science.ebird.org/pt-BR/status-and-trends. Acesso em: 21 mai. 2025.
4. SILVA, J. A. da; OLIVEIRA, L. B. Comportamento de aves em resposta a mudanças atmosféricas. Revista Brasileira de Ornitologia, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 45–52, 2022.
5. AMERICAN KENNEL CLUB (AKC). How Dogs Sense Weather Changes. Disponível em: https://www.akc.org/. Acesso em: 21 mai. 2025.
6. VCA ANIMAL HOSPITALS. How Weather Changes Affect Pet Behavior. Disponível em: https://vcahospitals.com/. Acesso em: 21 mai. 2025.
7. NATIONAL WEATHER SERVICE. Weather and You: How Atmospheric Pressure Affects Humans. U.S. Department of Commerce. Disponível em: https://www.weather.gov/. Acesso em: 21 mai. 2025.
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