O silêncio do farol: quando o chão some e é preciso continuar

 Às vezes, quem segura a estrutura de uma família também sente vontade de cair. Mas não pode. Porque os olhos que nos guiam são faróis frágeis, e quando eles se apagam... muitos ficam à deriva. Essa é uma crônica para quem vive o luto em movimento, para quem cuida enquanto sangra, para quem não tem tempo nem para sofrer — e mesmo assim segue.


Uma rachadura se abriu dentro do peito à medida que o chão foi sumindo e as pernas titubeantes sentiram a sobrecarga sugá-los para a vala dos aflitos. 

A princípio, nenhum dano estrutural além dos olhos marejados. Não podia fraquejar, era a fortaleza de todos os presentes, o elo que costurava uma extremidade à outra dos laços de sangue e alma. 

Esses apagões podem ser entendidos como pequenos livramentos, se considerarmos que os danos ainda não podem ser contabilizados. Tudo é muito mais complicado do que se parece, um vaivém de protocolos e regimentos, mas o que se sabe — e não é preciso referenciar grandes estudiosos — é da saudade, que já cavou um buraco para florescer uma ausência incomparável. 

Dos dois avós do retrato colorido, resta o brilho quase ínfimo de uma porta ainda aberta, onde já não faz mais tanta diferença ficar ou sair. Tem dor em todo canto. Se no escuro se puder chorar sem ninguém ver, melhor assim. 

Há outro amanhecer. 

E outras batalhas. 

Há no fundo desse olhos tristes a força de quem de recusa a desistir de viver... porque quando os olhos desse farol se fecharem, muitos ficarão à deriva... e às vezes um olhar carinhoso é tudo que se quer para seguir sonhando ou pelo menos suportando.


Para uma pessoa que é a fortaleza da família e se despede de seu querido e amado avô. Que Deus conforte os corações dessa família enlutada.

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