O dia em que ‘AUTORIZASSÃO’ quase virou caso de polícia
Por Tita
O ano era 2003, o segundo do Ensino Médio. O pior mês para uma roqueira no auge da adolescência (ou aborrecência para os pais) viver em solos tupiniquins, mesmo que Curitiba não seja um dos points para quem curte folia.
Reunimos a galera. Eu bolei o texto, o Rodrigo (o pagodeiro mais sem noção do universo) digitou e imprimiu na biblioteca. Tudo teria dado certo se ele não tivesse cometido um erro que custaria nossa pele: escreveu "AUTORIZASSÃO" com dois "s". Sim. Dois. SS. O SS que nos condenaria.
Na sexta-feira de Carnaval, Raimunda, a diretora, estava nos esperando na sala. Com cara de poucos amigos e um discurso afiado. Gutierrez, nosso professor de Português, revelou o crime:
— Autorizassão, com SS. Isso aqui é um palavrão!
A turma caiu na gargalhada. Menos eu. E menos o Rodrigo, claro, que suava frio. Raimunda fez cara de CSI do colégio estadual e sacou a prova do crime: a folha amassada, retirada do lixo da biblioteca, com a assinatura falsificada dela.
Me acusei, tentando poupar o Guilherme. Mas ele não me defendeu. Não disse nada. O mesmo Guilherme que me chamava de gata nas trocas de bilhetinhos, me largou como se fosse só mais uma assinatura falsa.
Levei esporro da diretora, do Gutierrez e da minha própria consciência. Até a Andréa, a mascote da turma, tinha avisado: “Vocês vão se ferrar.” E ferramos.
No fim, o que restou foi a palavra marcada com um X gigante no quadro-negro. E uma moral que nunca mais esqueci:
1. Nunca subestime a Andréa.
2. Nunca confie no Rodrigo pra digitar nada.
3. E não importa o quanto você queira fugir do Carnaval... o idioma português vai te cobrar com juros.
Comentários da Malacubaca:
"AUTORIZASSÃO" é mais que um erro. É um aviso.
Raimunda entrou em modo Tropa de Elite.
Gutierrez 1 x 0 romance adolescente.
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