Era uma vez um monstrengo do tamanho de um prego. Ele residia na mente de uma jovem, um monstrengo que não assustava nem pensamento, ninguém dava nada por aquele pequeno bagunceiro envolto pela mania de grandeza.
Algumas migalhas foram caindo no chão e o monstrengo foi abocanhando, mastigando, não era muita coisa, porém já silenciava os roncos no estômago. O monstrengo atingiu o tamanho de um tijolo e se divertia com suas brincadeiras, tinha um apetite voraz e comeu tanto que teve um estirão, tendo sido convidado para o grande banquete.
O monstrengo por quem ninguém dava nada se tornou um brutamonte que metia medo até no próprio medo, tamanha a carranca e a pose de marmanjo. Chegou o dia em que aquele ambiente ficou pequeno demais para o monstrengo, mas não havia mais para onde expandir.
A propósito, pela ausência de modos, o monstrengo deixava rastros de destruição por onde passava. Ele não era tão invencível quanto julgava ser e, no fundo, sabia bem disso. Parecia tão certo de que sua fonte de subsistência estava garantida que ria à toa, ressentido por jamais ser maior e mais forte do que o amor.
Por mais forte que o amor pudesse ser, debochava o monstrengo, ele era o sábio e manteria sua refém cativa para sempre. Pelo menos era o que costumava pensar até levar uma espetada que o fez gritar e pronunciar alguns palavrões.
Como uma bexiga a esvaziar lentamente e com requintes dramáticos, o monstrengo relutava em aceitar a derrota, planejava uma reviravolta, contudo, o amor ensinava àquele jovem coração que o monstrengo só adquiriu tamanha dimensão porque foi superestimado.
A chuva não era tão forte assim, a bondade ainda estava por toda parte, nem a tristeza era tão triste que não pudesse sorrir com o cantinho da boca.
O monstrengo conhecia as fraquezas dela melhor do que ninguém e sempre a convidaria para passear na escuridão, porém, voltar para lá não era um decreto final e sim uma escolha, uma escolha como qualquer outra.
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