Olá! Hoje eu vou apresentar para vocês a resenha de um livro que também foi adaptado para as telonas, inclusive, foi o primeiro filme da renomada diretora Sofia Coppola. Sim, estou falando de As Virgens Suicidas, a adaptação do livro de Jeffrey Eugenides. Espero que tenha ficado decente, pois é uma responsabilidade bem grande para mim falar sobre um livro complexo, inteligente e do qual gostei muito.
Título: As Virgens Suicidas
Autor: Jeffrey Eugenides
Editora: Rocco
Ano de publicação: 1994
Total de páginas: 216
Fiquei anos atrás desse livro até ganhá-lo de presente, porém acabei desistindo da leitura. Decidi dar uma nova chance porque na verdade vi o filme dirigido pela Sofia Copolla e foi aquele tipo de filme que mesmo me fazendo chorar, eu amava demais.
O narrador é em primeira pessoa, um dos meninos da rua. Ele já é um homem de meia-idade que ainda assim tem uma verdadeira fixação pelas irmãs Lisbon. Ele e os seus amigos.
Tudo começa naquele verão em que a jovem Cecília Lisbon tenta o suicídio na banheira de casa. A partir daí a família Lisbon começa a mudar completamente. De todas as irmãs, eu sempre tive mais curiosidade de saber mais sobre a Cecília e o livro acabou deixando no ar aquele clima de mistério porque o diário dela não esclarecia pontualmente se ela havia ou não motivos para desistir da vida como o fez.
O diário de Cecília é um tanto quanto impessoal, uma fuga da realidade, porque ao mesmo tempo em que a irmã caçula narrava alguns fatos da rotina familiar, não se aprofundava em si mesma, não abria o coração naquelas folhinhas coloridas. Dependendo da perspectiva com que você lê, parece que o suicídio foi um ato egoísta, resoluto, de alguém que realmente não encaixava ao mundo e nem queria. Não creio que a paixonite pelo Dominic Palazollo seria motivo forte para acabar com a própria vida, afinal, paixonites nessa idade são tão comuns, vêm e vão. No entanto, mais do que averiguar os sentimentos de Cecília é conhecer plenamente as outras irmãs porque essa era a curiosidade dos garotos que conhecemos não apenas as cinco irmãs, mas a rua em que os Lisbon moravam, as histórias dos moradores. A deterioração física da casa é a conotação mais justa para o fenecimento da unidade familiar dos moradores que ali dentro viviam.
As irmãs Lisbon chamam atenção por serem um tanto enigmáticas e inacessíveis. Fico na dúvida se elas se mataram para reencontrarem a Cecília ou se foi porque cada uma com as suas razões não acreditava mais que poderia ter perspectiva de um futuro promissor, como sonham todas as adolescentes. Theresa era uma garota muito inteligente, com certeza deveria querer investir o seu potencial cursando uma faculdade, Mary cantava, se eu não me engano, Bonnie era a mais beata, e Lux aquela que os meninos chegaram mais perto de conhecerem. Ela era a ovelha negra da família, por assim dizer, não no mau sentido. À medida que você conhece a personagem, sente nela uma carência muito grande que pode em partes explicar o seu comportamento promíscuo e os seus “métodos contraceptivos” no telhado.
Cecília se suicida justamente quando os coveiros estão em greve. Como disse o narrador que divide conosco essa história, eles não estavam acostumados com a morte, e em termos de idade, Cecília Lisbon era apenas um filhote, uma criança.
As irmãs Lisbon voltam para o colégio no início das aulas, em setembro, mas parecem estar indiferentes a tudo e todos. Um dia, sem querer, Trip Fontaine, o galã da escola, aquele que dava pinta de carro, saía para fumar baseado entre as aulas, entra na sala errada e conhece a Lux Lisbon, por quem se atrai. Normalmente todas as garotas do colégio estariam loucas para chamarem a atenção dele que sempre sabia como se portar, mas com a Lux era diferente. Aos trancos e barrancos, ele consegue permissão para leva-la até o baile, e também encontra pares para as outras irmãs. Elas tinham de estar em casa às onze ou do contrário teriam problemas. Todas obedecem, exceto a Lux, que fica com o Trip e perde a hora, fazendo com que o toque de recolher se ampliasse.
Depois do incidente do baile, as irmãs nunca mais foram para a escola, o Sr Lisbon, que era professor de matemática foi demitido, Lux foi obrigada a desfazer dos seus discos de rock e o único contato que elas tinham com o mundo era através dos catálogos que elas liam, e os meninos passaram a ler com elas, como se desse modo eles pudessem fazer algo juntos, conhecerem o mundo. Acredito apenas que a Sra. Lisbon agiu errado em tirar as meninas da escola, privá-las do conhecimento. Elas precisavam desse contato humano, não se afastarem do mundo. Nesse sentido mesmo lendo com toda a alma, fiquei cheia de pensamentos e cogitações, imaginando que tudo pudesse ser feito de outro jeito, mas não havia, ou então o livro teria outro título e um final feliz que não convenceria. Enfim, o pai ansiava por um pouquinho mais de liberdade, queria a presença de rapazes na casa, que as filhas encontrassem um bom partido, se divertissem, mas a esposa era muito rigorosa e inflexível e ao que me parece, ele não tinha atitude o bastante para confrontá-la, sendo, então, conivente com a opressão.
Quando vi o filme pela primeira vez, imaginava que aquela cena do carro poderia ser real, que através dos sinais, os meninos fossem os seus salvadores, mas aí veio à punhalada certeira no meu coração. Era imaginação deles. No filme apesar do impacto é mais leve, pois no livro o sótão está em estado deplorável de conservação, como todo o resto da casa, tornando a descrição da cena mais forte. Eu queria que os meninos tivessem-nas ajudado, que houvesse algo a ser feito, e acredito que talvez não houvesse mesmo nada o que fazer por elas, o que é triste, talvez elas realmente não quisessem viver ou não tivessem bons motivos nem esperanças. E o mais triste ainda é que elas morreram sem saber que haviam pessoas que se preocupavam com elas, que as amavam.
Depois dos suicídios, a casa dos Lisbon é colocada à venda, outras pessoas compram-na e transformam o local, fazendo de conta que ali as irmãs nunca moraram, que elas nunca sequer existiram. Mesmo assim, mesmo com tão poucos indícios e dúvidas que nunca seriam solucionadas, os meninos (já homens) ainda guardavam a lembrança mítica daquelas garotas, do mistério que as rodeava, os “tesouros” que também já estão se deteriorando e ainda assim rememoram uma época que acabou, do mesmo jeito que a rua também mudou, que as pessoas cresceram e se foram, nada mais foi igual.
A narração é rica em detalhes, perfeita. Valeu a pena ter dado uma chance à leitura porque não me arrependi.
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